NAS PEGADAS DO MESTRE JESUS


Participe do fórum, é rápido e fácil

NAS PEGADAS DO MESTRE JESUS
NAS PEGADAS DO MESTRE JESUS
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.
Procurar
 
 

Resultados por:
 


Rechercher Pesquisa avançada

Últimos assuntos
» Comunidade cristã. No Brasil Lucas 16
parte - Conhecendo o Arminianismo (parte 1-2-3) – Eleição condicional Empty1st julho 2023, 3:31 pm por Admin

» Comunidade cristã. No Brasil Lucas 16
parte - Conhecendo o Arminianismo (parte 1-2-3) – Eleição condicional Empty1st julho 2023, 3:30 pm por Admin

» O Destino de todos
parte - Conhecendo o Arminianismo (parte 1-2-3) – Eleição condicional Empty28th agosto 2022, 10:30 pm por Gideões da CCB-Livre

» # está o meu coração Salmos 108:#RCCB#COMUNIDADE CRISTÃ NO BRASIL NOVA CCB
parte - Conhecendo o Arminianismo (parte 1-2-3) – Eleição condicional Empty13th junho 2022, 6:35 pm por Lourival soldado cristão

» #rccb #rccb 1 Pedro 5 1 Aos presbíteros#Radio Comunidade cristã no Brasil
parte - Conhecendo o Arminianismo (parte 1-2-3) – Eleição condicional Empty12th junho 2022, 6:51 pm por Lourival soldado cristão

» Poque Deus não tem prazer na morte
parte - Conhecendo o Arminianismo (parte 1-2-3) – Eleição condicional Empty11th junho 2022, 9:34 pm por Lourival soldado cristão

» Chame Deus para os seus planos
parte - Conhecendo o Arminianismo (parte 1-2-3) – Eleição condicional Empty11th junho 2022, 1:09 am por Lourival soldado cristão

» A fé vem de ouvir e crer na palavra
parte - Conhecendo o Arminianismo (parte 1-2-3) – Eleição condicional Empty11th junho 2022, 12:38 am por Lourival soldado cristão

» Louvores a Deus
parte - Conhecendo o Arminianismo (parte 1-2-3) – Eleição condicional Empty9th junho 2022, 9:46 pm por Lourival soldado cristão

abril 2024
SegTerQuaQuiSexSábDom
1234567
891011121314
15161718192021
22232425262728
2930     

Calendário Calendário

Quem está conectado?
69 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 69 visitantes :: 1 motor de busca

Nenhum

O recorde de usuários online foi de 473 em 30th agosto 2014, 11:05 pm
Social bookmarking

Social bookmarking reddit      

Conservar e compartilhar o endereço de <a href="http://oulorivallan.forumeiros.com/">nas pegadas do mestre JESUS</a> em seu site de social bookmarking

Conservar e compartilhar o endereço de NAS PEGADAS DO MESTRE JESUS em seu site de social bookmarking

Entrar

Esqueci-me da senha

Flux RSS


Yahoo! 
MSN 
AOL 
Netvibes 
Bloglines 


Votação
Estatísticas
Temos 4337 usuários registrados
O último membro registrado é Ismael Jordao Segura

Os nossos membros postaram um total de 30609 mensagens em 13528 assuntos

Conhecendo o Arminianismo (parte 1-2-3) – Eleição condicional

Ir para baixo

parte - Conhecendo o Arminianismo (parte 1-2-3) – Eleição condicional Empty Conhecendo o Arminianismo (parte 1-2-3) – Eleição condicional

Mensagem por Lourival soldado cristão 26th fevereiro 2014, 1:36 pm

parte - Conhecendo o Arminianismo (parte 1-2-3) – Eleição condicional Imagescag6wby6Conhecendo o Arminianismo (parte 1) – Eleição condicional
A discussão teológica acerca dos pontos calvinistas e arminianos não se limitam à predestinação e ao livre-arbítrio. Na verdade, esses dois pressupostos são parte de dois sistemas soteriológicos que se opõe em praticamente todos seus quesitos.
O calvinismo, por exemplo, tem esse seu sistema montado num raciocínio lógico, conhecido pelo acróstico, do inglês, TULIP, a saber: Total depravity (Depravação total), Unconditional election(Eleição incondicional), Limited atonement (Expiação limitada),Irresistible grace (Graça irresistível) e Perseverance of the saints(Perseverança dos santos).
Esses pontos foram respostas aos artigos dos remonstrantes, seguidores de Armínio, que protestaram as ideias calvinistas baseados em cinco observações, as quais podemos resumir da seguinte forma: 1) depravação total, 2) eleição condicional, 3) expiação ilimitada, 4) graça preveniente e 5) perseverança condicional.
Nosso propósito é estudar cada um dos axiomas soteriológicos supracitados, segundo a ótica arminiana. Para isso, dividiremos nosso estudo em cinco etapas, a fim de abordar com maior precisão cada um desses pontos. Ademais, optaremos por seguir nosso raciocínio na mesma ordem dos artigos da remonstrância, visando um aproveitamento mais didático.
 
Artigo I – Remonstrância
“Que Deus, por um eterno e imutável plano em Jesus Cristo, seu Filho, antes que fossem postos os fundamentos do mundo, determinou salvar, de entre a raça humana que tinha caído no pecado – em Cristo, por causa de Cristo e através de Cristo – aqueles que, pela graça do Santo Espírito, crerem neste seu Filho e que, pela mesma graça, perseverarem na mesma fé e obediência de fé até o fim; e, por outro lado, deixar sob o pecado e a ira os contumazes e descrentes, condenando-os como alheios a Cristo, segundo a palavra do Evangelho de Jo 3.36 e outras passagens da Escritura.”
 
A predestinação
Para o sistema calvinista alcançar sua lógica, ele tem seu pontapé inicial nos decretos divinos, através dos quais a predestinação encontra-se subordinada. Best, teólogo calvinista, define decreto como “uma determinação ou ordem de alguém que tem autoridade suprema”. Ele reforça, ainda, que “o propósito de Deus está fundamentado na soberania absoluta, ordenado pela sabedoria infinita, ratificado pela onipotência e cimentado pela imutabilidade”.[1]
Strong conceitua os decretos divinos como “o plano eterno pelo qual Deus tornou certos todos os eventos do universo, passados, presentes e futuros”.[2] Charles Hodge complementa dizendo que, tais decretos são eternos, imutáveis, livres, infalivelmente eficazes e relacionam-se com todos os acontecimentos, podendo ser reduzidos a um propósito divino, além de terem como objetivo central, glorificar a Deus.[3]
Historicamente, falando, Teodoro de Beza (1519-1605), bem como outros teólogos reformados, começaram a especular sobre a “ordem dos decretos divinos”.[4] Embora esses decretos fossem simultâneos e eternos (pois Deus não está limitado ao passado, presente ou futuro, estando todas as coisas eternamente presentes no plano espiritual), qual seria a ordem deles? Teria Deus decretado primeiramente a criação do mundo ou a dupla predestinação?
Através destas conjecturações, outros pontos calvinistas passaram a ser deduzidos, através do uso da lógica: se Deus decretou os eleitos e os répobros (antes, durante ou depois da fundação do mundo), então não faria sentido que Cristo morresse pelos reprovados; os eleitos, por sua vez, não teriam condições de resistirem à graça de Deus, visto que já foram predestinados mediante os decretos eternos de Deus; Finalmente, alguém que já teve sua salvação decretada desde a eternidade, como a perderia? Portanto, uma vez salvo, salvo para sempre.
A discussão sobre quando se sucedeu o decreto da predestinação teve duas vertentes, cuja primeira é o supralapsarianismo, na qual “supra” se remete a algo prioritário e antecedente e “lapsarianismo” a um lapso ou queda. Portanto, o supralapsarianismo, trata-se de “alguma coisa antes da queda”, ou seja, a eleição como primeiro dos decretos de Deus.
Olson explica que, “teologicamente, o supralapsarismo é uma forma de ordenar os decretos divinos de tal maneira que a decisão e o decreto de Deus em relação à predestinação dos seres humanos, ao céu ou ao inferno, antecede seus decretos de criar os seres humanos e permitir sua queda”,[5] cuja sequencia decretiva seria 1) a predestinação à salvação e ao castigo eterno, 2) a criação, 3) a permissão da queda, 4) o meio de salvação em Cristo e 5) a aplicação da salvação aos eleitos.
Outros calvinistas, entretanto, discordaram com essa ordem e conjecturaram os decretos em outra sequencia, perfazendo a segunda vertente lapsariana. Eles, por sua vez, ficaram conhecidos como infralapsarianistas. Segue-se o mesmo raciocínio: “infra” está para depois e “lapsarianismo” para a queda. Sendo assim, eles situaram o decreto da predestinação depois da queda de Adão.
A concepção dos decretos divinos sofre uma alteração cabal no entendimento dos teólogos arminianos. A diferença, entretanto, não se choca de imediato com as teorias lapsarianas e sim com a relação entre a soberania de Deus e a responsabilidade do homem, conforme podemos constatar nas palavras de Russel E. Joiner:
 “Os decretos divinos são o seu plano eterno que, em virtude de suas características, faz parte de um só plano, que é imutável e eterno (Ef 3.11; Tg 1.17). São independentes e não podem ser condicionados de nenhuma maneira (Sl 135.6). Têm a ver com as ações de Deus e não com a sua natureza (Rm 3.26). Dentro desses decretos, há as ações praticadas por Deus, pelas quais Ele, embora permita que aconteçam, não é responsável. Baseado nessa distinção, torna-se possível concluir que Deus nem é o autor do mal… nem é a causa do pecado.”[6]
 Essa diferença é melhor explicada pelo teólogo metodista, Samuel Wakefield. Ele descreve os decretos como sendo “os propósitos de Deus ou Sua determinação com respeito a suas criaturas” e reconhece-os como sendo eternos, livres e imutáveis, mas faz uma distinção interessante: ele classifica os decretos em absolutos e condicionais. Os primeiros são aqueles que “se relacionam com os eventos da administração divina que não dependem das ações livres das criaturas morais”. Já os condicionais são “aqueles nos quais Deus respeita as ações livres de Suas criaturas morais”. Ele cita o arrependimento, a fé e a obediência como exemplos dessas condições para a salvação do homem.[7]
 
Objeções à predestinação
Solano Portela definiu a predestinação como sendo “o aspecto da pré-ordenação de Deus, através do qual a salvação do crente é considerada efetuada de acordo com a vontade de Deus, que o chamou e o elegeu em Cristo, para a vida eterna, sendo a sua aceitação VOLUNTÁRIA, da pessoa e do sacrifício de Cristo, uma CONSEQUÊNCIA desta eleição e do trabalho do Espírito Santo, que efetiva esta eleição, tocando em seu coração e abrindo-lhe os olhos para as coisas espirituais”.[8]
Apesar do esforço de Portela em enfatizar a voluntariedade da aceitação do homem quanto à pessoa do salvador e Seu ato salvífico pelo pecador arrependido, e de salientar que esta aceitação trata-se de uma consequência da eleição, a doutrina da eleição incondicional continua a ser, em outras palavras, uma coercitividade divina operada através de uma graça supostamente irresistível – para não dizer imperativa – decretada desde a eternidade.
A doutrina da predestinação não é simplesmente “uma das mais difíceis de serem abordadas”,[9] mas uma das mais distorcidas biblicamente, pois acaba por fazer, como observa Wynkoop, do decreto divino a causa primeira da salvação, ao passo que a morte de Cristo torna-se causa secundária e subsidiária, não sendo absolutamente essencial para a salvação, mas um elo de uma corrente predeterminada de eventos.[10] É como se o sacrifício de Cristo fosse um evento para cumprir tabela (decreto) e não um ato gracioso de um Deus cuja essência é o amor.
Muitas são as objeções sobre a doutrina da predestinação[11] e vale a pena avaliar as principais observações, começando por Armínio, que rejeitava o conceito supralapsarianista dos decretos de Deus por quatro razões:
1) Não era sustentado pelas Escrituras: os conceitos deterministas do supralapsarianismo transformam Deus num tirano que faz acepção de pessoas. Esses conceitos estão mais pautados numa teologia lógica e filosófica dos teólogos calvinistas, a quem Olson chama de calvinistas escolásticos,[12] do que na própria Palavra de Deus.
Em um de seus artigos, Armínio declarou que, “a regra da verdade teológica não deve ser dividida em primária e secundária; é una e simples, as Sagradas Escrituras.” Para ele, “nenhum escrito composto por homens, seja um, alguns ou muitos indivíduos, à exceção das Sagradas Escrituras [...] está [...] isento de um exame a ser instituído pelas Escrituras”, pois elas “são a regra de toda a verdade divina, de si, em si e por si mesmas.” Portanto, “é tirania e papismo controlar a mente dos homens com escritos humanos e impedir que sejam legitimamente examinados, seja qual for o pretexto adotado para tal conduta tirânica.”[13]
 2) Não havia sido apoiado por cristãos doutos e res­ponsáveis durante mil e quinhentos anos e nun­ca fora aceito pela totalidade da Igreja: Wyncoop conta que, em 1589, um leigo instruído, chamado Koornheert, da Holan­da, levantou uma “tormenta nos círculos teológicos por suas dissertações e escritos em refutação da teoria supralapsariana dos decretos divinos.”[14] O argumento de Koornheert era que, o ensino supralapsariansta de Beza tornava Deus a causa e o autor do pecado. A exposição brilhante e polêmica de Koornheert atraía um número cada vez maior de ouvintes e chegou-se a temer que seu pensamento solapasse a estrutura total do calvinismo, bem como a estabilidade política dos Países Baixos. Parecia que nenhum ministro era capaz de refutá-lo e, por isso, Armínio foi incumbido desta tarefa. “É significativo que o tremendo descontentamento gerado com a posição de Calvino e Beza, tenha levado um leigo a fazer tal coisa”.[15]
Armínio começou, então, uma séria revisão da doutrina da predestinação, particu­larmente na Epístola aos Romanos. Concentrou-se no capítulo 9, baluarte calvinista de seu dogma. Porém, quanto mais se aprofundava Armínio, mais lhe con­vencia sua investigação de que o ensinamento de Pau­lo estava em oposição à classe de predestinação que Beza ensinava. Embora Armínio não tivesse abandonado sua cren­ça na predestinação divina, em suas revisões, ele percebeu que os judeus criam que eles haviam sido divinamente predestinados para serem salvos e que nada poderia mudar este ato. Todavia, a Epístola aos Romanos foi escrita exatamente para mostrar a distinção entre a histórica soberania abso­luta e as condições da salvação pessoal, a qual sempre é pela fé, não por decretos.[16]
Armínio leu os escritos dos Pais da Igre­ja. Ele investigou e compilou evi­dências demonstrando que nenhum “Pai” fidedigno, isto é, digno de crédito, jamais havia ensinado os critérios de Beza. Ele constatou, ainda, que a du­pla predestinação particular de Calvino jamais havia sido oficialmente aceita pela igreja. “Para sua surpre­sa, descobriu que o mesmo Agostinho, não só antes da controvérsia com Pelágio, como principalmente depois, havia ensinado a completa responsabilidade moral.”[17]
 3) Deus se tornava o autor do pecado: Vejamos a seguir as próprias palavras de Armínio sobre esse questionamento:
 “De todas as blasfêmias que podem proferir-se contra Deus, a mais ofensiva é aquela que O declara autor do pecado; o peso dessa imputação é aumentado seria­mente se lhe agrega que, segundo essa perspectiva, Deus é o autor do pecado cometido pela criatura, para poder condená-la e lançá-la à perdição eterna que lhe havia destinado para ela de antemão, sem ter relação com o pecado. Porque, desse modo, “Ele seria a cau­sa da iniquidade do homem para poder infligir o sofri­mento eterno”… Nada imputará tal blasfêmia a Deus, a quem todos concebem como bom… Não pode atri­buir-se a nenhum dos doutores da Igreja Reformada, que eles “abertamente declarem Deus como autor do pecado”… No entanto, “é provável que alguém possa, por ignorância, ensinar algo do qual fora possível, como claro resultado, deduzir que, por essa doutrina, Deus permaneça declarado autor do pecado.” Se tal for o caso, então… (os doutores) devem ser admoestados a abandonar e desprezar a doutrina da qual se tem tira­do tal inferência.”[18]
 4) O decreto da eleição se aplicara ao homem ain­da não criado: objetivamente falando, se Deus tivesse decretado a eleição antes da queda do homem, então “a queda do homem tinha sido desejada por Ele”.[19]Por isso Deus teria de ser o autor do pecado! Laurence Vance explica que, segundo esse sistema, “Deus primeiramente decidiu eleger alguns homens para o céu e reprovar os outros homens ao inferno, de forma que ao criá-los, ele os fez cair, usando Adão como um bode expiatório, de forma que pareceria que Deus foi gracioso ao enviar os ‘eleitos’ ao céu e justo ao enviar os ‘reprovados’ ao inferno.” Ele explica, ainda, que “a característica distintiva deste esquema é seu decreto positivo da reprovação. A reprovação é a condenação deliberada, preordenada, predestinada de milhões de almas ao inferno como resultado do soberano beneplácito de Deus e conforme o ‘conselho da sua vontade’”[20] (Ef 1.11).
 
Objeções de John Wesley
Outro grande expoente da tradição arminiana é John Wesley. Ele tinha a salvação da alma humana como tema central dos seus princípios doutrinários a respeito de Deus, e sendo assim, entendia que, “a salvação pela graça através da fé não permite uma visão da soberania e da justiça de Deus que não condiga com a sua misericórdia e o seu amor.”[21] Veremos que Wesley atacava a doutrina eleição, visto que esse sistema apresenta uma divindade inconcebivelmente despótica, ao passo que as Escrituras revelam uma concepção de Deus em que o amor é o atributo dominante.
Em sua obra “A predestinação calmamente considerada”, Wesley faz uma análise da doutrina citada, baseada nos atributos divinos da sabedoria, justiça e misericórdia. No primeiro atributo, ele diz que na multiforme sabedoria de Deus, foram postos diante dos homens a vida e a morte, o bem e o mal e que forçar o homem a aceita-lo seria desrespeitar o livre-arbítrio.
Segundo Wesley, o desejo de Deus é que “todos os homens sejam salvos, mas não se querendo forçá-los a isso, querendo-se que todos os homens sejam salvos, mas não como árvores ou pedras, mas como homens, como criaturas inteligentes, dotadas de entendimento para discernir o que é bom e de liberdade para aceitá-lo ou recusá-lo”, pois “o homem é, até certo ponto, um agente livre”. Deus quer “salvar o homem como homem”, não como uma pedra ou uma árvore, isto é, um ser sem inteligência, sem capacidade de raciocínio. Portanto, Deus coloca a vida e a morte perante o homem e então, sem o forçar, o persuade (convence) a escolher a vida.[22]
No tocante à justiça, Wesley argumenta que, “Se o homem é capaz de escolher entre o bem e o mal, ele se torna um objeto próprio da justiça de Deus que o absolve ou o condena, que o recompensa ou pune. Mas se ele não é, não se torna objeto daquela. Uma simples máquina não capaz de ser absolvida nem condenada. A justiça não pode punir uma pedra por cair ao chão, nem, no nosso plano, um homem por cair no pecado, ele não pode senti-la mais do que a pedra, se ele está, de antemão, condenado”. Feitas essas considerações, ele questiona e reponde ironicamente: “será este homem sentenciado a ir para o fogo eterno preparado para o diabo e os seus anjos por não fazer o que ele nunca foi capaz de evitar? ‘Sim, porque é a soberana vontade de Deus’”. “Então”, ele conclui, “ou temos achado um novo Deus ou temos feito um! Este não é o Deus dos cristãos”.[23]
Finalmente, Wesley encerra sua argumentação se reportando à misericórdia divina e faz uma abordagem sarcástica da posição predestinista: “Assim Ele gloriosamente distribui o seu amor, supondo-se que esse amor recaia em uma dentre dez de suas criaturas, (não podia eu dizer uma dentre cem?), e não se importe com as restantes, que as noventa e nove condenadas pereçam sem misericórdia; é suficiente para Ele amar e salvar a única eleita.” “Mas por que tem misericórdia apenas desta e deixa todas aquelas para a inevitável destruição?”, ele questiona. A resposta de um calvinista, obviamente seria baseada na soberania de Deus: “Ele o faz porque o quer”.[24]
Wesley não concebia a ideia de que Deus agisse isoladamente através de Sua soberania, pois “na disposição do estado eterno dos homens, não somente a soberania, mas a justiça, a misericórdia e a verdade mantêm as rédeas.”[25] Se o propósito de Deus em Seus decretos é glorificar a si mesmo, “qual seria o pronunciamento da humanidade a respeito de um homem que procedesse desse modo? A respeito daquele que, sendo capaz de livrar milhões da morte apenas com um sopro de sua boca, se recusasse a salvar mais do que um dentre cem e dissesse: ‘Eu não faço porque não o quero’? Como exaltarmos a misericórdia de Deus se lhe atribuímos tal procedimento?”.
Em sua obra, “Um pensamento sobre a necessidade”, Wesley levanta 7 razões pelas quais a doutrina da predestinação não faz sentido e a primeira delas é o questionamento clássico de todo aquele que se depara com tal doutrina. “Se existe a eleição, toda a pregação é vã. É desnecessária aos que são eleitos, pois, com ela ou sem ela eles serão infalivelmente salvos. Portanto, o fim da pregação – salvar as almas – é destituído de sentido em relação a eles; e é inútil àqueles que não são eleitos, pois, possivelmente, não poderão ser salvos. Estes, quer com a pregação ou sem ela, serão infalivelmente condenados”,[26] afinal já estão predestinados desde a eternidade pelos decretos divinos à salvação ou à danação.
 
A visão arminiana da eleição
Visto que seguimos o princípio Sola Scriptura, cremos, como arminianos, na doutrina da eleição, haja vista que, somos “eleitos segundo a presciência de Deus Pai” (1 Pe 1.2). Obviamente que, não da mesma forma como os calvinistas, os quais pudemos ver, creem que Deus elegeu pessoalmente cada indivíduo que será salvo ou condenado.
O arminianismo não nega a doutrina da predestinação, apenas a interpreta de forma diferente. Enquanto o entendimento calvinista parte da escolha pessoal de Deus, em nosso sistema, cremos numa eleição corporativa, ou seja, de que Deus não escolheu as pessoas, mas a Igreja. Não os israelitas, mas Israel. Não os salvos, mas a salvação. Não os redimidos, mas a redenção.
A predestinação foi definida por Armínio como o “decreto eterno e gracioso de Deus em Cristo, pelo qual ele determina justificar e adotar crentes, e os dotar com vida eterna, mas condenar os descrentes e impenitentes.” Contudo, “tal decreto, (…) não é que Deus resolve salvar certas pessoas e, para que Ele possa fazer isso, resolve dota-las com fé, mas que, para condenar outros, ele não os dota com fé”.[27]
O Dr. Wiley explica que, “a eleição difere da predestinação nisto, que a eleição implica uma escolha, enquanto a predestinação não”. A predestinação, por sua vez, é conceituada por Wiley como “o propósito gracioso de Deus de salvar da ruína toda a humanidade”. Em outras palavras, trata-se do plano corporativo e condicional de Deus para toda a humanidade. Ele complementa o aspecto condicional da eleição, mostrando que, os eleitos são os escolhidos, “não por decreto absoluto, mas por aceitação das condições da chamada.”[28]
Como vimos no primeiro artigo da remonstrância, cremos no decreto de que Deus “por um eterno e imutável plano em Jesus Cristo, seu Filho, antes que fossem postos os fundamentos do mundo, determinou salvar, de entre a raça humana que tinha caído no pecado”. Todavia, esse plano de redenção é condicionado à fé daqueles que, “pela graça do Santo Espírito”, isto é, não por uma fé própria, mas gerada por Deus mediante sua graça preveniente (cf Hb 12.2), “crerem neste seu Filho e que, pela mesma graça, perseverarem na mesma fé e obediência de fé até o fim”.
Em contrapartida, a condenação faz parte do plano de Deus que deixará “sob o pecado e a ira os contumazes e descrentes, condenando-os como alheios a Cristo, segundo a palavra do Evangelho de Jo 3.36 e outras passagens da Escritura.”
John Wesley classificou a eleição sob dois pontos de vista: um deles, específico, visando o cumprimento de determinado propósito de Deus e outro macro ou corporativo, como são a salvação e a condenação:
 “Creio que a eleição signifique comumente uma destas duas coisas: primeiro, um chamado divino para determinados homens para que realizem uma obra especial no mundo. Creio que esta eleição não seja pessoal, mas absoluta e incondicional. Deste modo, Ciro foi eleito para reconstruir o templo, S. Paulo e os doze para pregarem o evangelho. Mas não vejo nisto qualquer conexão necessária com a felicidade [eterna]. Certamente não existe tal conexão, pois, aquele que é eleito neste sentido ainda poderá perder-se eternamente (…) Em segundo lugar, creio que esta eleição signifique um chamado divino a certos homens à felicidade eterna. Mas creio que esta eleição seja condicional tanto quanto a condenação. Creio que o decreto eterno concernente a ambas esteja expresso nestas palavras: “Aquele que crê será salvo, aquele que não crê será condenado”. Sem dúvida, Deus não pode mudar e o homem não pode resistir a este decreto. De acordo com isto, todos os verdadeiros crentes são chamados eleitos nas Escrituras e os descrentes são propriamente condenados, isto é, não aprovados por Deus e sem discernimento das coisas espirituais.”[29]
 Concluindo essa seção, podemos citar os teólogos metodistas Klaiber e Marquardt: “a vontade salvífica de Deus não abrange pessoas cuja reação ao Evangelho Deus sabe de antemão. Deus não predetermina, pois, para ele, o mais importante é a experiência com o caminho da salvação”.[30]
 
Considerações finais
Cremos nos decretos eternos de Deus e que em Sua presciência predestinou o homem para a salvação, “porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8.29).
Cremos, coadunando e complementando o pensamento anterior, que essa eleição foi corporativa, isto é, Ele elegeu a Igreja, visto que, “nos elegeu [a Igreja] nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade” (Ef 1.5).
E cremos que através da fé, operada no sinergismo entre a graça preveniente de Deus e o livre-arbítrio do homem, o ser humano é salvo, pois “aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou” (Rm 8.30).
Todavia, nossa discussão está apenas começando. Será que é possível resistir ao chamado de Deus? Será que Jesus morreu apenas pelos salvos ou pela humanidade? Será que o homem têm livre-arbítrio ou livre agência? Será que o cristão, verdadeiramente convertido, pode cair da graça? Estes serão assuntos para nossos próximos artigos. Até lá…
Pr. Vinicius Couto.
Soli Deo Gloria!
 
 
 
Notas



[size=15][size=15][1] BEST, W.E.. Definition of God’s Decree. In: ______. God’s Eternal Decree. WE Best Book Missionary Trust, 1992.
[/size]
[size=15][2] STRONG, A. H. Teologia Sistemática. 2007, Hagnos, p. 617.[/size]
[size=15][3] HODGE, Charles. Teologia Sistemática. 2001, Hagnos, pp. 399-405.[/size]
[size=15][4] OLSON, Roger. História da Teologia Cristã:2000 anos de tradição e reformas. 2001, Vida, p. 468.[/size]
[size=15][5] Idem.[/size]
[size=15][6] JOINER, Russell E.. O Deus Verdadeiro. In: Teologia Sistemática. HORTON, Stanley M. (org.). 1996,  CPAD, p. 153.[/size]
[size=15][7] WAKEFIELD Apud GARRETT, James Leo. Teologia Sistematica. 2000, Casa Bautista de Publicaciones, p.452.[/size]
[size=15][8] PORTELA, Solano. Estudo Sobre a Predestinação. Disponível em: <http://www.solanoportela.net/artigos/estudo_predestinacao.htm> Acesso em: 12 de Fevereiro de 2014.[/size]
[size=15][9] Idem.[/size]
[size=15][10] WYNCOOP, Mildred Bangs. Fundamentos da Teologia Arminio Wesleyana. 2004, Casa Publicadora Nazarena, p. 33.[/size]
[size=15][11] Para um estudo mais acurado sobre as objeções da doutrina da predestinação, ver OLSON, Roger. Sim Para a Eleição; Não Para a Dupla Predestinação. In: ______. Contra o Calvinismo. 2013, Editora Reflexão, pp. 159-210.[/size]
[size=15][12] OLSON, Roger. Op. Cit., pp. 466-470.[/size]
[size=15][13] Ibid, p. 476.[/size]
[size=15][14] WYNCOOP, Mildred Bangs. Op. Cit., p. 52.[/size]
[size=15][15] Idem.[/size]
[size=15][16] NICHOLS, James; NICHOLS, Willian (Trad.). The Works of James Arminius. 1875, Thomas Baker, vol. III,, pp. 527ss.[/size]
[size=15][17] WYNCOOP, Mildred Bangs. Op. Cit., p. 53.[/size]
[size=15][18]NICHOLS, James; NICHOLS, Willian. Op. Cit., pp. 645-655.[/size]
[size=15][19] BERKOUWER, G. C.. Divine Election. 1960, Eerdmans Publishing Co., p. 257.[/size]
[size=15][20] VANCE, Laurence M.. Sistemas Lapsários. In: ______. O Outro Lado do Calvinismo. Material não publicado. Disponível em www.arminianismo.com.[/size]
[size=15][21] BURTNER, Robert W.; CHILES, Robert. E. (org.). Coletânea da Teologia de João Wesley. 1995, Colégio Episcopal, p. 41.[/size]
[size=15][22] Ibid, p. 46.[/size]
[size=15][23] Ibid, pp. 46-47.[/size]
[size=15][24] Ibid, p. 47.[/size]
[size=15][25] Ibid, p. 48.[/size]
[size=15][26] Idem.[/size]
[size=15][27] ARMINIUS, Jakob. A letter adressed to Hippolytus A Collibus. Vol. 2, pp. 689-699.[/size]
[size=15][28] WILEY, Orton. Introdução à Teologia Cristã. 2009, Casa Nazarena de Publicações, pp. 269, 270.[/size]
[size=15][29] BURTNER, Robert W.; CHILES, Robert. E. (org.). Op. Cit., pp. 51-52.[/size]
[size=15][30] KLAIBER, Walter; MARQUARDT, Manfred. Viver a Graça de Deus: um compêndio de teologia metodista. 1999, Editeo, p. 238.[/size]
[/size]
[size=25]autor
parte - Conhecendo o Arminianismo (parte 1-2-3) – Eleição condicional Vinicius-couto
Vinicius Couto

Pr. Vinicius Couto é ministro da Igreja do Nazareno. Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Castelo Branco, Bacharel em Teologia pela FAETESF e pós-graduado em História da Teologia e em Ciências da Religião. É professor de Teologia Sistemática, articulista da Revista Defesa da Fé e autor dos livros “Os três Choros de José do Egito” e de “A Verdade Sobre o G-12”.
[size=16]+ artigos
[/size]
[/size]
Lourival soldado cristão
Lourival soldado cristão

Mensagens : 11341
Pontos : 25169
Data de inscrição : 23/12/2009
Idade : 66
Localização : Sao paulo

http://ccbsemcensurasnaspeg.forumeiros.com/

Ir para o topo Ir para baixo

parte - Conhecendo o Arminianismo (parte 1-2-3) – Eleição condicional Empty Conhecendo o Arminianismo (parte 2) – Expiação ilimitada

Mensagem por Lourival soldado cristão 26th fevereiro 2014, 1:39 pm

parte - Conhecendo o Arminianismo (parte 1-2-3) – Eleição condicional ExpiacaoConhecendo o Arminianismo (parte 2) – Expiação ilimitada
Vimos no artigo anterior, uma exposição a respeito da doutrina da eleição. Nela, pudemos constatar que, as posições arminiana e calvinista, diferem-se drasticamente nos conceitos dos decretos de Deus e da predestinação. Para os calvinistas, Deus elegeu aqueles que serão salvos, antes da criação (supralapsarianismo) ou depois da queda do homem (infralapsarianismo). Os arminianos, entretanto, creem numa eleição corporativa, isto é, Deus escolheu e predestinou a Igreja e não os indivíduos. Trata-se de uma eleição com base em Sua presciência, ao passo que, para os calvinistas, com base em Sua Soberania.
A discussão (não no sentido pejorativo da palavra), agora é outra: por quem Jesus morreu? Teria o nosso Redentor morrido apenas por aqueles que Ele escolheu desde a eternidade? Ou teria Cristo morrido por toda a humanidade, dando assim, a oportunidade de salvação a todo aquele que crer? Se Ele morreu por toda a humanidade, quais seriam os efeitos dessa obra? Todos seriam salvos ou há condições? Nosso objetivo é analisar calmamente, embora não exaustivamente, a doutrina da expiação, de modo que essas perguntas e outras que surgirem no decorrer das análises, sejam respondidas à luz das Escrituras.
 
Artigo II – Remonstrância
“Que, em concordância com isso, Jesus Cristo, o Salvador do mundo, morreu por todos e cada um dos homens, de modo que obteve para todos, por sua morte na cruz, reconciliação e remissão dos pecados; contudo, de tal modo que ninguém é participante desta remissão senão os crentes.”
 
O que é expiação
Antes de mais nada, é interessante definirmos “expiação”. Erickson definiu-a como sendo um “aspecto da obra de Cristo, e particularmente sua morte, que torna possível a restauração da comunhão entre indivíduos que creem em Deus”, além de se referir ao “cancelamento do pecado”.[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_edn1][1][/url]
Rigsby diz que, a palavra expiar e seus derivados vêm de kipper (hb.), cujo significado é cobrir ou limpar. Já nos textos neotestamentários, a palavra “expiação” praticamente não aparece nas versões em português, senão em algumas versões católicas, na ARC, na ACF e na Bíblia Literal do Texto Tradicional Anotada de 2009.[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_edn2][2][/url] Na maioria das vezes, as palavras gregas são derivações de hilaskomai e normalmente elas são traduzidas por “sacrifício”, “propiciação”, “propiciatório” e “reconciliação”.[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_edn3][3][/url] Pecota acrescenta, ainda, que o grupo de palavras – tanto hebraicas, quanto gregas – para expiação, possui o sentido de “aplacar”, “pacificar”, “conciliar” ou “encobrir com um preço”, a fim de remover o pecado ou a ofensa da presença de alguém.[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_edn4][4][/url]
O teólogo metodista do século XIX, Richard Watson, definiu expiação como sendo a “satisfação oferecida à justiça divina por meio da morte de Cristo pela humanidade, em virtude do qual todos os verdadeiros penitentes que creem em Cristo são pessoalmente reconciliados com Deus, livrados de toda pena dos seus pecados e feitos merecedores da vida eterna”.[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_edn5][5][/url]
Falando sobre a universalidade do sacrifício de Cristo, Thomas Summers, outro teólogo metodista do final do século XIX, disse que expiação “é aquela satisfação feita para com Deus pelos pecados de toda humanidade, quer seja pelo pecado original ou pelos pecados atuais, pela mediação de Cristo e, especialmente pela Sua paixão e morte, de maneira que o perdão é gratuito a todos”.[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_edn6][6][/url]
Arminianos e Calvinistas concordam com a ideia da depravação total e que, portanto, éramos por natureza filhos da ira (Ef 2.3), não havendo um justo sequer (Rm 3.10,11).[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_edn7][7][/url] Sendo assim, somente o sacrifício de Cristo poderia abrandar ou aplacar a ira de Deus, reconciliando o Criador com a criatura.  Desta forma, podemos concluir, como afirma Rigsby, que “a ideia que está por trás da palavra expiar é reconciliar”, pois “sem uma ação expiatória, a raça humana está separada de Deus”.[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_edn8][8][/url] Pelo menos nisso gozamos de unanimidade! A questão divergente entre os sistemas monergista e sinergista, no tocante à expiação, está na abrangência desta.
Para os calvinistas, ou melhor dizendo, para os calvinistas de cinco pontos,[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_edn9][9][/url] a expiação é de alcance limitado, isto é, somente para os que foram predestinados para a salvação. Para os arminianos, é de caráter ilimitado, ou seja, Jesus morreu por toda a humanidade. É bom que entendamos o que se expressa em cada teologia no tocante a tal abrangência. Vejamos a seguir.
 
Expiação Limitada na Tradição Monergista[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_edn10][10][/url]
A posição calvinista sobre a expiação limitada está delineada na Confissão de fé de Westminster:
“O Senhor Jesus, pela sua perfeita obediência e pelo sacrifício de si mesmo, sacrifício que pelo Eterno Espírito, ele ofereceu a Deus uma só vez, satisfez plenamente à justiça do Pai e para todos aqueles que o Pai lhe deu adquiriu não só a reconciliação, como também uma herança perdurável no Reino dos Céus.”[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_edn11][11][/url]
E no Catecismo de Heidelberg:
“Por que Cristo devia sofrer a morte? Porque a justiça e a verdade de Deus exigiam a morte do Filho de Deus; não houve outro meio de pagar nossos pecados.”[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_edn12][12][/url]
Podemos citar, ainda, o Cânone de Dort, o qual descreve em seu segundo capítulo, nove artigos sobre a “morte de Cristo e a redenção humana através dela”. O primeiro artigo mostra que Deus não é apenas misericordioso, mas também “supremamente justo”, sendo que sua justiça requer “que os pecados que cometemos contra sua infinita majestade sejam punidos com punições tanto temporais quanto eternas”. Não há possibilidade de escapar do juízo de Deus a menos que lhe seja dada uma satisfação (expiação). Sendo assim, o segundo artigo mostra que, essa satisfação só é dada através de Cristo.
“A morte do Filho de Deus”, diz o terceiro artigo, “é sacrifício único e inteiramente completo, e satisfação pelos pecados; é de valor e merecimento infinitos, mais que suficiente para reconciliar os pecados de todo o mundo.” Embora pareça pender para a expiação ilimitada, o quarto artigo continua o raciocínio do valor do sacrifício de Cristo, como sendo infinito, em virtude da natureza de quem era sacrificado: o Cristo unigênito de Deus – de mesma natureza e essência eterna e infinita com o Pai e o Espírito Santo – e verdadeira e perfeitamente homem, o qual sem pecado, morreu por nossos pecados.
O quinto artigo resvala a eleição condicional, quando diz que, “é promessa do evangelho que todo aquele que crer no Cristo crucificado não perecerá, mas terá a vida eterna. Esta promessa, juntamente com o mandamento de arrepender-se e crer, deve ser anunciada e declarada sem diferenciação ou discriminação a todas as nações e povos, a quem Deus em seu bom propósito enviar o evangelho”.
É, porém, a partir do sexto artigo que vemos mais claramente as ideias predestinistas. É tratado aqui do problema da responsabilidade do homem. Verdadeiramente, o calvinismo não nega este fato, porém, o trata de uma forma maquiada, pois o próprio artigo propõe que o não arrependimento dos descrentes não se trata de insuficiência ou deficiência do sacrifício de Cristo, mas da própria falta dos ímpios,[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_edn13][13][/url] pois, conforme trata o sétimo artigo, somente eleitos desde a eternidade é que recebem o dom da fé. Ora, se Deus decretou desde a eternidade a reprovação daqueles, não seria a responsabilidade divina ao invés de humana? Não foi Deus quem escolheu a quem daria a fé e a quem não daria?
Neste ponto consigo compreender o questionamento de John Wesley: “qual seria o pronunciamento da humanidade (…) a respeito daquele que, sendo capaz de livrar milhões da morte apenas com um sopro de sua boca, se recusasse a salvar mais do que um dentre cem e dissesse: ‘Eu não faço porque não o quero’? Como exaltarmos a misericórdia de Deus se lhe atribuímos tal procedimento?”.[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_edn14][14][/url]
O oitavo artigo propõe explicar a eficácia do sacrifício de Cristo:
“Porque este foi o plano soberano e o mui gracioso desejo e intenção de Deus o Pai: que a eficácia vivificante e salvífica da preciosa morte de seu Filho operasse em todos os escolhidos, de modo que pudesse conceder-lhes fé justificadora e por meio dela os guiasse infalivelmente à salvação. Em outras palavras, foi vontade de Deus que Cristo através do sangue na cruz (pelo qual ele confirmou a nova aliança) deveria efetivamente redimir de todos os povos, tribos, nações, e línguas todos aqueles, e somente aqueles, que foram escolhidos desde a eternidade para salvação e que foram dados a ele pelo Pai…”
O capítulo termina com a consumação do plano de Deus, que não pôde, não pode e nunca poderá ser frustrado. O plano, segundo o último artigo, provém “do eterno amor de Deus por seus escolhidos”, mas é difícil enxergar tal amor com as lentes arminianas, pois o critério dessa eleição vai de encontro com o caráter amoroso de Deus. Se admitirmos essa eleição incondicional, teremos de admiti-la como uma acepção soberana de Deus das pessoas.
 
Compreendendo a Expiação Limitada
Sproul disse que “há muita confusão sobre o que a doutrina da expiação limitada realmente ensina”.[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_edn15][15][/url]Talvez, a pergunta correta para compreendermos tal doutrina, não seja “por quem Jesus morreu?”, mas “por quê?”. Berkhof comenta que, a expiação foi destinada a cumprir três propósitos, a saber: “a afetar a relação de Deus com o pecador, o estado e a condição de Cristo como o Autor Mediatário da salvação, e o estado e a condição do pecador”.[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_edn16][16][/url]
Com referência a Deus, não no sentido de sua natureza ou atributos, visto que é imutável, mas na relação de Deus com as criaturas. Sua ira foi aplacada. Sobre isso, Berkhof diz que “a expiação não deve ser entendida como a causa motora do amor de Deus, pois já foi uma expressão do seu amor”. Com respeito a Cristo, a expiação assegurou “multiforme recompensa”. Foi “constituído Espírito vivificante, fonte inexaurível de todas as bênçãos da salvação para os pecadores”. E, finalmente, no tocante aos homens, a expiação não apenas tornou a salvação possível, mas garantida “àqueles para os quais estava destinada”.
Todavia, preciso discordar dele, pois a sequencia dos decretos de Deus, segundo a ótica calvinista, faz do plano da redenção o cumprimento de um elo predeterminado de uma corrente de eventos. Não consigo visualizar um plano de amor, mas um ato mecanicista e deliberadamente soberano. Para que essa “lógica irresistível” – como diz Sproul, fazendo alusão a Lutero – faça sentido, é preciso que aceitemos que Deus tenha premeditado (predestinação) a queda de Adão, ao invés de tê-la previsto (presciência), o que inevitavelmente tornaria Deus o autor do mal.
E a posição calvinista realmente não foge do raciocínio anterior. De acordo com Driscoll e Breshears, “Deus escolheu certos indivíduos para serem recipientes da vida eterna unicamente com base em seu propósito gracioso”.[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_edn17][17][/url] Os calvinistas entendem por gracioso, o fato de que ninguém merece ser salvo. Visto que todos merecem a condenação, é um ato gracioso de Deus escolher alguns para serem salvos. Nós concordamos com eles, exceto que, para nós, Deus não escolheu os indivíduos, mas deu Seu Filho Unigênito como “propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos do mundo inteiro” (1 Jo 2.2).
Driscoll e Breshears, dizem ainda, que as principais passagens bíblicas para a expiação limitada são Mt 1.21; 20.28; 26.28; Jo 10.11, 15, 26-27; 15.3; At 20.28; Rm 5.12-19; 8.32-35; 2 Co 5.15; Ef. 5.25 e Tt 2.14.
Os autores supracitados explicam, na doutrina da expiação limitada, uma segunda vertente calvinista, a qual eles chamam de “expiação limitada ilimitada”, ou mais tecnicamente, “calvinismo modificado”. Essa “revisão” da expiação, se podemos dizer assim, é explicada por eles da seguinte forma: “… ao morrer por todos, Jesus comprou todos como sua possessão, e então aplica seu perdão aos eleitos – aqueles em Cristo – pela graça, e aplica sua ira aos não eleitos – aqueles que rejeitam a Cristo”. A conclusão disso é que, “a morte de Jesus foi suficiente para salvar qualquer um, e, (…) eficiente somente para salvar aqueles que se arrependem do seu pecado e confiam nele.”
A meu ver, essa “expiação limitada ilimitada” trata-se, na verdade, da própria expiação limitada acrescida da predestinação. Seriam eles calvinistas de quatro pontos ou arminianos enrustidos? Veremos mais adiante, a explicação da expiação limitada, mas posso adiantar que, o arminianismo ensina basicamente a mesma coisa (excluindo a predestinação): Jesus morreu por todos, mas isso não quer dizer que Ele salvou a todos (pois isso seria universalismo e está fora de questão). Embora sua morte tenha sido por todos, é eficaz apenas para os que se arrependem e creem.
 
A expiação Ilimitada na Tradição Sinergista
Temos nas palavras de Armínio:
“Aquele que diz que o Salvador não foi crucificado pela redenção do mundo todo, leva em consideração, não a virtude do sacramento, mas a situação dos incrédulos, visto que o sangue de Cristo é o preço pago por todo o mundo. A esse precioso resgate são estranhos aqueles que, estando satisfeitos com seu cativeiro, não têm nenhum desejo de serem redimidos, ou, após terem sido redimidos, retornam à mesma escravidão. (…) Em relação à extensão e potencialidade do preço e em relação à única causa [geral] da humanidade, o sangue de Cristo é a redenção de todo o mundo. Mas aqueles que passam por esta vida sem fé em Cristo, sem o sacramento da regeneração, são totalmente estranhos à redenção.”[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_edn18][18][/url]
John Wesley fez suas considerações no seu famoso sermão “Livre Graça”:
“E ‘o mesmo Senhor de todos é rico’ em misericórdia ‘para todos os que o invocam’ (Rm 10.12). Mas você diz: ‘Não, ele é tão somente para aqueles por quem Cristo morreu. E eles não são todos, mas apenas alguns, a quem Deus escolheu para fora do mundo, porque ele não morreu por todos, mas apenas para aqueles que foram ‘escolhidos nele antes da fundação do mundo’ (Ef. 1.4). Categoricamente contrária à sua interpretação dessas escrituras, é também, todo o teor do Novo Testamento; como são, particularmente, os textos (…) uma prova clara de que Cristo morreu, não só para aqueles que são salvos, mas também para os que perecem: Ele é ‘o Salvador do mundo’ (Jo 4.42). Ele é ‘o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo’ (Jo 1.29). ‘E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo (1 Jo 2.2) ‘Ele’, o Deus vivo, ‘é o Salvador de todos os homens’ (1 Tm 4.10). ‘Ele deu a si mesmo em resgate por todos’ (1 Tm 2.6). ‘Ele provou a morte por todos os homens’ (Hb 2.9).”
O manual da Igreja do Nazareno diz em seu artigo de fé sobre a expiação:
“Cremos que Jesus Cristo, pelos Seus sofrimentos, pelo derramamento do Seu próprio sangue e pela Sua morte na Cruz, fez uma expiação completa para todo o pecado humano; e que esta Expiação é a única base de salvação; e que é suficiente para cada pessoa da raça de Adão. A Expiação é benignamente eficaz para a salvação [dos irresponsáveis] daqueles incapazes de assumir responsabilidade moral e para as crianças na idade da inocência, mas somente é eficaz para a salvação daqueles que chegam à idade da responsabilidade, quando se arrependem e creem.”[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_edn19][19][/url]
No vigésimo artigo de fé dos cânones da igreja Metodista lemos:
“A oblação de Cristo, feita uma só vez, é a perfeita redenção, propiciação e satisfação por todos os pecados de todo o mundo, tanto o original como os atuais, e não há nenhuma outra satisfação pelo pecado, senão essa.”[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_edn20][20][/url]
Há, também, artigos de fé dos chamados Batistas Gerais, que foram assim chamados em função da crença na expiação ilimitada. A confissão de fé Batista de 1689 foi, inclusive, criada, para diferenciar os gerais (arminianos) dos particulares (calvinistas). Embora eu não tenha conseguido localiza-los, o historiador Batista, W.J. McGlothlin, menciona que, entre os Batistas Gerais foram coletadas sete confissões de fé, um “Credo Ortodoxo” (1677) e três outras obras sem título.[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_edn21][21][/url]
 
Expiação Ilimitada
Vamos começar pelo artigo remonstrante. É dito que, “Jesus Cristo, o Salvador do mundo, morreu por todos e cada um dos homens…”. Enfim, Jesus não morreu por um número limitado de pessoas, aquelas que o calvinismo diz que Deus já escolheu desde a eternidade. Não, Jesus morreu por toda a humanidade. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira…” (Jo 3.16a – ênfase minha). A palavra mundo ali, é kosmon, que pode ser traduzido como “planeta”, “universo”, “mundo” e “habitantes do mundo”. Não faz sentido Jesus morrer pelo planeta, mas pelas pessoas do planeta sim, portanto, uma expiação ilimitada.
Essa expiação traz efeitos condicionais para a humanidade, “…de modo que obteve para todos, por sua morte na cruz, reconciliação e remissão dos pecados…”. Pedro disse: “Assim como no meio do povo surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição” (2 Pe 2.1 – ênfase minha). A palavra resgatou ali, é agoradzo, cujo significado é literalmente “comprar no mercado”. É a mesma palavra usada em 1 Co 6.20: “fostes comprados por bom preço”, 1 Co 7.23: “Fostes comprados por bom preço” e Ap 5.9: “…em Teu sangue nos compraste…”. A passagem petrina é uma forte alusão não somente à expiação ilimitada, mas à resistibilidade da graça e à perseverança condicional dos santos.
A universalidade da salvação (não confundir com universalismo), pode ser constatada em passagens das Escrituras como Is 53.6; Jo 1.29; 3.15-17; 2 Co 5.14-15; 1 Tm 2.1-6; 4.10; Tito 2.11; Hb 2; 9 2 Pe 3.9; 1 João 2.2; 4.14; Ap. 5.9.
Embora a expiação de Cristo seja ilimitada, isto é, para toda a raça humana, é limitada condicionalmente, ou eficaz, aos que creem: “…contudo, de tal modo que ninguém é participante desta remissão senão os crentes”. Ou, como disse João, “…para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16b). A. T. Robertson complementa: “A propiciação operada por Cristo provê salvação para todos (ver Hb 2.9), contanto que se reconciliem com Deus (ver 2 Co 5.19-21)”.[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_edn22][22][/url]
Ao passo que a razão primária da morte de Cristo, torna-se algo mecanicista, o mero cumprimento dos decretos de Deus na visão calvinista, para os arminianos, “o motivo da expiação encontra-se no amor de Deus”[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_edn23][23][/url] e do próprio Cristo (cf Rm 5.8; Ef 3.19). Jesus morreu e expiou o pecado da raça humana, “como em Adão todos morrem, do mesmo modo em Cristo todos serão vivificados” (1 Co 15.22). “Isso”, entretanto, explica Wiley, “não quer dizer que toda a humanidade se salvará incondicionalmente, mas apenas que a oferta sacrificial de Cristo satisfez as pretensões da lei divina, de maneira que tornou a salvação possível a todos.” Dessa forma, a redenção “é universal ou geral no sentido de provisão, mas especial ou condicional na sua aplicação ao indivíduo.”[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_edn24][24][/url]
Biblicamente, falando, acredito que o versículo-chave para a expiação ilimitada seja 1 Tm 4.10, ao invés de 1 Jo 2.2. Paulo disse que, Deus “é o Salvador de todos os homens, especialmente dos que creem”. O que Paulo quer dizer, não é que todos serão salvos, mas que através do ato gracioso de Cristo na cruz, a salvação está disponível a todos, pois fomos todos comprados por Seu sangue. Apesar de a expiação ser universal, sua eficácia e seus efeitos (regeneração, adoção, justificação e santificação) não se estendem a toda à humanidade, mas àqueles que creem. Por isso a distinção paulina entre a humanidade e “especialmente” os que creem.
O texto supracitado não necessita de uma exegese baseada na tradução, pois as palavras significam, literalmente, como estão traduzidas. A única exceção que vale a pena comentar aqui, é a palavra “creem”, cuja forma grega é pistōn. No léxico de Strong, encontramos que, pistōn (4103) e pisteuo (4100), fé, vêm ambas da raiz pist-, cujo significado é “persuasão”. A palavra pistōn pode ser ainda traduzida por fiel, confiável ou crente. Parafraseando e ampliando 1 Tm 4.10, Deus “expiou os pecados da humanidade através do sacrifício de Seu Filho Unigênito, mas essa expiação é eficaz apenas para os crentes fiéis, que estão persuadidos a confiarem em Cristo”.
 
Considerações finais
Voltemos às perguntas da nossa introdução: por quem Jesus morreu? Quais são os efeitos dessa obra? Todos seriam salvos ou há condições? Acredito que, após as exposições do presente artigo, podemos responder a essas perguntas com embasamento bíblico.
Por quem Jesus morreu? “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual se deu a si mesmo em resgate por todos, para servir de testemunho a seu tempo” (1 Tm 2.5,6 – ênfase minha). “E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo” (1 Jo 2.2 – ênfase minha).
Quais são os efeitos dessa obra? “Porque se nós, quando éramos inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida” (Rm 5.10 – ênfase minha). “Mas todas as coisas provêm de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Cristo, e nos confiou o ministério da reconciliação; pois que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões; e nos encarregou da palavra da reconciliação” (2 Co 5.18,19 – ênfase minha).
Todos seriam salvos ou há condições? “Pois para isto é que trabalhamos e lutamos, porque temos posto a nossa esperança no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, especialmente dos que creem” (1 Tm 4.10 – ênfase minha). “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16 – ênfase minha). “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; masquem não crer será condenado” (Mc 16.15,16 – ênfase minha).
Quem crer será salvo. Esse é um assunto interessante. Pode o homem crer por seu próprio livre-arbítrio? O que é livre-arbítrio? O homem tem livre-arbítrio? Será que ele não tem, na verdade, livre-agência? O que é livre-agência? O homem está num estado de depravação total ou parcial? O que é depravação total? E parcial? Teremos a oportunidade de falar sobre esses tópicos no nosso próximo encontro. Até lá…
Pr. Vinicius Couto
Soli Deo Gloria
 
 
Notas



[size=15][url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_ednref1][size=15][1][/url] ERICKSON, Millard. Dicionário Popular de Teologia. 2011, Mundo Cristão, p. 77.
[/size]
[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_ednref2][size=15][2][/url] Na versão da CNBB encontramos em Rm 3.25; Hb 2.17; 9.5; 13.11 e em 1 Jo 2.2; 4.10; Na ARC (Almeida Revista e Corrigida), bem como na ACF (Almeida Corrigida Fiel), encontramos apenas em Hb 2.17; Finalmente, na versão da Bíblia literal do Texto Tradicional Anotada de 2009, encontramos somente em Rm 5.11.[/size]
[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_ednref3][size=15][3][/url] RIGSBY, Richard. A Expiação. In: DOCKERY, David S.. Manual Bíblico Vida Nova. 2010, Vida Nova, p. 823.[/size]
[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_ednref4][size=15][4][/url] PECOTA, Daniel. B.. A Obra Salvífica de Cristo. In: Teologia Sistemática. HORTON, Stanley M. (org.). 1996, CPAD, pp. 352,353.[/size]
[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_ednref5][size=15][5][/url] WATSON, Richard. Atonement. In: _____. A Biblical and Theological Dictionary. 1832, John Mason, p. 116.[/size]
[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_ednref6][size=15][6][/url] SUMMERS, Thomas Osmond. A Complete Body of Wesleyan Arminian Divinity. 1888, Publishing House of the Methodist Episcopal Church, p. 258,259.[/size]
[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_ednref7][size=15][7][/url] A doutrina da Depravação Total ainda será abordada no nosso terceiro artigo. Os conceitos são idênticos, mas alguns calvinistas acusam injustamente os arminianos de crerem numa Depravação Parcial, o que está mais para o semi-pelagianismo, conforme teremos a oportunidade de abordar.[/size]
[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_ednref8][size=15][8][/url] RISGBY, Richard. Op. Cit., p 823.[/size]
[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_ednref9][size=15][9][/url] A abrangência da expiação divide a opinião nos círculos calvinistas. Alguns deles não aceitam a limitação do derramamento do Sangue de Cristo e negam o ponto da expiação limitada. Eles são chamados de calvinistas de quatro pontos e apelidados por alguns calvinistas de “calvinistas de Natal”, em função do trocadilho “Noel” (no L), do inglês, que quer dizer “sem o L” (o L do Limited Atonement – Expiação Limitada). Podemos citar como calvinistas de 4 pontos, Richard Baxter, Moyse Amyraut, John Davenant, Norman Geisler, Charles C. Ryrie e Lewis Sperry Chafer, dentre outros.[/size]
[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_ednref10][size=15][10][/url] Preferi utilizar a expressão “tradição monergista” porque acho injusto chamar o calvinismo de tradição reformada. Os arminianos creem nos mesmos princípios da Reforma Protestante (os 5 solas) e integram, sem sombra de dúvidas, a tradição reformada.[/size]
[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_ednref11][size=15][11][/url] Confissão de Fé de Westminster. 2011, Cultura Cristã, cap. VIII, parágrafo V.[/size]
[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_ednref12][size=15][12][/url] Catecismo de Heidelberg. Pergunta e Resposta 40.[/size]
[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_ednref13][size=15][13][/url] Vale a pena ressaltar que, não queremos com isso, criar uma teologia centrada no homem e nem mesmo coloca-lo como merecedor de alguma coisa. A não aceitação do Evangelho por parte dos ímpios é uma prova empírica de que, a graça pode ser resistida e, por isso mesmo é que Deus mantém a punição eterna a estes.[/size]
[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_ednref14][size=15][14][/url] BURTNER, Robert W.; CHILES, Robert. E. (org.). Coletânea da Teologia de João Wesley. 1995, Colégio Episcopal, p. 47.[/size]
[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_ednref15][size=15][15][/url] SPROUL, R. C.. The Truth of the Cross. 2007, Reformation Trust Publishing, p. 142.[/size]
[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_ednref16][size=15][16][/url] BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 2012, Cultura Cristã, p. 361.[/size]
[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_ednref17][size=15][17][/url] DRISCOLL, Mark; BRESHEARS, Gerry. Doctrine: What Christians Should Believe. 2010, Crossway, pp. 267-270.[/size]
[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_ednref18][size=15][18][/url] NICHOLS, James (org.). The Works of James Arminius. Vol. II, 1828, p. 10.[/size]
[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_ednref19][size=15][19][/url] Manual da Igreja do Nazareno 2009-2013. 2009, Casa Nazarena de Publicações, p.28.[/size]
[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_ednref20][size=15][20][/url] Cânones da Igreja Metodista 2007-2011. Capítulo I, artigo 20.[/size]
[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_ednref21][size=15][21][/url] MCGLOTHLIN, William Joseph. Baptist Confession of Faith. 1911, American Baptist Society, 1911, p. 368.[/size]
[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_ednref22][size=15][22][/url] ROBERTSON Apud CHAMPLIN, Russel Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. 1988, Hagnos, vol. 6, p. 234.[/size]
[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_ednref23][size=15][23][/url] WILEY, Orton H.. Introdução à teologia cristã. 2009, Casa Nazarena de publicações, p. 235.[/size]
[url=http://estudos.gospelprime.com.br/Documents and Settings/vcouto/Desktop/Expia%C3%A7%C3%A3o ilimitada.docx#_ednref24][size=15][24][/url] Ibid, p. 248.[/size]
[/size]
[size=25]autor
parte - Conhecendo o Arminianismo (parte 1-2-3) – Eleição condicional Vinicius-couto
Vinicius Couto

Pr. Vinicius Couto é ministro da Igreja do Nazareno. Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Castelo Branco, Bacharel em Teologia pela FAETESF e pós-graduado em História da Teologia e em Ciências da Religião. É professor de Teologia Sistemática, articulista da Revista Defesa da Fé e autor dos livros “Os três Choros de José do Egito” e de “A Verdade Sobre o G-12”.
[/size]
Lourival soldado cristão
Lourival soldado cristão

Mensagens : 11341
Pontos : 25169
Data de inscrição : 23/12/2009
Idade : 66
Localização : Sao paulo

http://ccbsemcensurasnaspeg.forumeiros.com/

Ir para o topo Ir para baixo

parte - Conhecendo o Arminianismo (parte 1-2-3) – Eleição condicional Empty Conhecendo o Arminianismo (parte 3) – Depravação Total

Mensagem por Lourival soldado cristão 26th fevereiro 2014, 1:40 pm

parte - Conhecendo o Arminianismo (parte 1-2-3) – Eleição condicional DepravacaoConhecendo o Arminianismo (parte 3) – Depravação Total
Já abordamos, em nossa sequencia de artigos, dois pontos do arminianismo: o primeiro a respeito da eleição e o segundo sobre a expiação. Já foi possível constatar que, Deus elegeu corporativamente a Igreja e que Jesus morreu por todos, fazendo expiação pelos pecados da humanidade e tornando a salvação potencial. Aquele que crer será salvo, relatou Marcos, provavelmente sob a supervisão de Pedro (Mc 16.16). Essa passagem nos dá a ideia de que o homem pode escolher positiva ou negativamente a opção de Deus, pois aquele que não crer será condenado.
Como entendermos essa questão? O homem, por si só, realmente tem condições de escolher a Deus? Até que ponto os efeitos da queda atingiram a raça humana? O arminianismo ensina o livre-arbítrio e o calvinismo, por sua vez, ensina a livre-agência. Qual seria a diferença entre as duas terminologias? Veremos, doravante, a explicação da doutrina da depravação total, e as perguntas supracitadas poderão ser respondidas no decorrer de nossa exposição.
Artigo III – Remonstrância
“Que o homem não possui por si mesmo graça salvadora, nem as obras de sua própria vontade, de modo que, em seu estado de apostasia e pecado para si mesmo e por si mesmo, não pode pensar nada que seja bom – nada, a saber, que seja verdadeiramente bom, tal como a fé que salva antes de qualquer outra coisa. Mas que é necessário que, por Deus em Cristo e através de seu Santo Espírito, seja gerado de novo e renovado em entendimento, afeições e vontade e em todas as suas faculdades, para que seja capacitado a entender, pensar, querer e praticar o que é verdadeiramente bom, segundo a Palavra de Deus [Jo 15.5].”
Depravação total no Calvinismo
A palavra depravação, segundo qualquer dicionário de português, significa, nada mais nada menos, do que corrupção ou perversão. É a nossa tendência pecaminosa, nossa inclinação para o mal. É a herança de Adão: “…por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram” (Rm 5.12).
Essa tendência pecaminosa pode ser vista até mesmo em seres inocentes como as crianças. Qual é o pai que ensina seu filho de dois anos a mentir? Mesmo assim, quando tal criança apronta alguma travessura, ela trata logo de mentir para se livrar da bronca. Quem ensina as crianças a serem desobedientes, egoístas, briguentas, pirracentas e rebeldes? Entretanto, naturalmente, essas mazelas aparecem livre e espontaneamente, cabendo aos pais educar tais crianças. Chamamos isso de pecado original, ou seja, a herança de Adão.
Depois da queda, portanto, o homem passou a viver com tendência para o mal, nossa natureza foi corrompida e se tornou propensa para o pecado. Esses conceitos são idênticos nas teologias calvinista e arminiana. Para início de conversa, podemos citar Sproul, presidente da Reformation Bible College e pastor auxiliar da Saint Andrew’s Chapel na cidade de Sanford, na Flórida. Ele disse que não somos pecadores porque pecamos, mas que pecamos porque somos pecadores, pois herdamos de Adão uma condição corrupta de pecaminosidade.[1]
Berkhof salienta que, o pecado de Adão trouxe cinco consequências para a humanidade: 1) a depravação total da natureza humana, 2) a perda da comunhão com Deus, 3) uma consciência corrupta, 4) mortes espiritual e física e 5) expulsão do Éden e proibição de comer da árvore da vida.[2]
O reverendo Ronald Hanko, pastor da Lynden Protestant Reformed Church, comenta em uma de suas obras que, “a palavra depravação refere-se à nossa pecaminosidade e impiedade” e que usamos essa palavra “para enfatizar o fato de que somos muito ímpios aos olhos de Deus”, estando, consequentemente, “em grande necessidade de sua salvação”.[3]
Hanko acrescenta, ainda, que a palavra “depravação” associada ao uso de “total”, quer dizer três coisas: 1) que todos os homens, exceto Jesus, são depravados e ímpios; 2) todos os atos, pensamentos, vontades, desejos, escolhas e emoções de todos os homens são completamente ímpios aos olhos de Deus e 3) que todos os homens são ímpios em sua totalidade (atos, pensamentos, vontades, desejos, escolhas e emoções).
A doutrina da depravação total indica, segundo Berkhof, que “a corrupção inerente abrange todas as partes da natureza do homem, todas as faculdades e poderes da alma e do corpo” e que “absolutamente não há no pecador bem espiritual algum, isto é, bem com relação a Deus, mas somente perversão”. Não obstante, essa doutrina não implica “que todo homem é tão completamente depravado como poderia chegar a ser”, “que o pecado não tem nenhum conhecimento inato de Deus, nem tampouco tem uma consciência que discerne entre o bem e o mal”, “que o homem pecador raramente admira o caráter e os atos virtuosos dos outros, ou que é incapaz de afetos e atos desinteressados em suas relações com os seus semelhantes” e nem “que todos os homens não regenerados, em virtude da sua pecaminosidade inerente, se entregarão a todas as formas de pecado”.[4]
Em seu comentário sobre Romanos 3.13-17, o clérigo anglicano John Stott corroborou com a ideia de Berkhof ao mostrar que, a doutrina bíblica da depravação total “nunca quis dizer que o ser humano é o mais depravado possível. Tal noção e evidentemente absurda e falsa, e basta olharmos ao nosso redor, no nosso dia-a-dia para contradizê-la”, visto que, “a ‘totalidade’ da nossa corrupção tem a ver com a sua extensão (pois ela estraga e distorce todas as partes da nossa natureza humana), ao seu nível de ação (pois corrompe em absoluto cada parte de nosso ser).” Ele cita J. I. Packer, “por um lado ‘ninguém e tão mau quanto poderia ser’, enquanto que, por outro, ‘nenhum de nossos atos é tão bom quanto deveria ser’”.[5]
Depravação Total no Arminianismo
No decorrer do comentário supracitado de Stott, ele diz que, “só tem coragem de contestar [a doutrina da depravação total] quem tem sobre ela uma concepção errônea.” Ele tem razão. Os arminianos não discordam dessa doutrina como veremos a seguir. Mas, infelizmente, não sabemos se por preconceitos,[6] falta de informação[7] ou uma crença cegamente sofismática,[8] alguns teólogos calvinistas acham que o arminianismo ensina uma depravação parcial.[9]
Olson comenta que, “ao contrário da ideia popular sobre o Arminianismo (especialmente entre os calvinistas), nem Armínio nem os remonstrantes negaram a depravação total; eles a afirmaram”.[10] Sendo assim, penso que seja mais interessante observarmos declarações de teólogos arminianos a esse respeito. Vejamos:
Armínio disse:
“Neste estado [caído], o livre-arbítrio do homem para o verdadeiro bem não está apenas ferido, enfermo, inclinado, e enfraquecido; mas ele está também preso, destruído, e perdido. E os seus poderes não só estão debilitados e inúteis a menos que seja assistido pela graça, mas não tem poder algum exceto quando é animado pela graça divina.”[11]
Já vimos o que os remonstrantes disseram:
“Que o homem não possui por si mesmo graça salvadora, nem as obras de sua própria vontade, de modo que, em seu estado de apostasia e pecado para si mesmo e por si mesmo, não pode pensar nada que seja bom – nada, a saber, que seja verdadeiramente bom, tal como a fé que salva antes de qualquer outra coisa. Mas que é necessário que, por Deus em Cristo e através de seu Santo Espírito, seja gerado de novo e renovado em entendimento, afeições e vontade e em todas as suas faculdades, para que seja capacitado a entender, pensar, querer e praticar o que é verdadeiramente bom, segundo a Palavra de Deus [Jo 15.5].”
John Wesley, pai do metodismo, disse:
“…podemos aprender daí uma grande e fundamental diferença entre o cristianismo, considerado como um sistema de doutrina, e o paganismo mais refinado. Muitos dos antigos pagãos descreveram exaustivamente os vícios de determinados homens. Falaram muito contra a sua ambição ou crueldade, da sua luxúria ou prodigalidade. Alguns ousaram dizer que ‘nenhum homem nasce sem vícios de uma ou de outra espécie’. Mas nenhum deles sabia da queda do homem de modo que nenhum conhecia a sua corrupção total. Não sabiam que os homens estão vazios de todo bem e cheios de toda espécie de mal. Ignoravam totalmente a completa depravação de toda a natureza humana, de todo o homem nascido no mundo, de todas as faculdades de sua alma, não tanto por determinados vícios que reinam em determinadas pessoas como pelo dilúvio geral do ateísmo e da idolatria, do orgulho, da obstinação e do amor do mundo. É esta, portanto, a primeira grande distinção entre o paganismo e o cristianismo. Um reconhece que muitos homens estão afetados por muitos vícios e mesmo nascem com uma propensão para os mesmos, mas supõe, no entanto, que em alguns o bem natural contrabalança o mal; o outro declara que todos os homens ‘são concebidos em pecados’ e ‘formados em iniquidade’, e que, portanto, há em todo homem uma ‘mente carnal que é inimizade contra Deus…”[12]
Wiley, teólogo nazareno, disse que, “a depravação é total, visto que ela afeta todo o ser do homem.”[13] Isso significa dizer que, todas as pessoas nascem com inclinações alienadas, intelecto obscurecido e vontade corrompida. “Os homens não apenas nascem debaixo da penalidade da morte como consequência do pecado, mas eles também nascem com uma natureza depravada, que em contraste com o aspecto legal da pena, é geralmente chamada de pecado inato ou depravação herdada.”[14]
Concluindo esta seção, podemos citar o teólogo arminiano militante, Roger Olson, que observa contundentemente sobre a doutrina da depravação total: “O Arminianismo ensina que todos os seres humanos nascem moralmente e espiritualmente depravados e impotentes para fazerem qualquer coisa boa ou digna aos olhos de Deus sem que haja uma infusão especial da graça de Deus para superar os efeitos do pecado original.”[15]
Como podemos ver, trata-se de uma acusação injusta e descabida, a alegação de que o arminianismo ensina uma depravação parcial. A compreensão exata da visão arminiana nesse axioma é mui importante para que possamos distingui-la do pelagianismo e do semi-pelagianismo, objetos de estudo em nossa seção seguinte.
Pelagianismo e Semi-pelagianismo
Pelagianismo vem de seu expoente, Pelágio, um austero monge e popular professor que nasceu provavelmente na Britânia e que viveu em Roma por volta do ano 405. Sua austeridade era puramente moralista, ao ponto de não conseguir conceber a ideia de que o homem não podia deixar de pecar. Seus interesses estavam mais voltados para a conduta cristã e sendo assim, ele queria melhorar as condições morais de sua comunidade. Sua ênfase particular recaía na pureza pessoal e na abstinência da corrupção e da frivolidade do mundo, resvalando o ascetismo.[16]
Pelágio negou o conceito de Tertuliano sobre o pecado original, contra argumentando que o pecado é meramente voluntário e individual, não podendo ser transmitido ou herdado. Para ele, crer no pecado original era minar a responsabilidade pessoal do homem e não concebia a ideia de que o pecado de Adão tivesse afetado as almas e nem os corpos de seus descendentes. Assim como Adão, todo homem, segundo o pensamento pelagiano, é criador de seu próprio caráter e determinador de seu próprio destino.[17]
No entendimento pelagiano, o homem não possui uma tendência intrínseca para o mal e tampouco herda essa propensão de Adão, podendo, caso queira, observar os mandamentos divinos sem pecar. Ele achava injusto da parte de Deus que a humanidade herdasse a culpa de outrem e desta forma negava a doutrina do pecado original. Desta forma, Pelágio passou a ensinar uma doutrina exageradamente antropocêntrica e focada no livre-arbítrio, ensinando que, ao criar o homem, Deus não o sujeitou como fizera com as outras criaturas, mas “deu-lhe o privilégio singular de ser capaz de cumprir a vontade divina por sua própria escolha”.[18] Visto que suas teorias eram baseadas em uma abordagem moralista, ele entendia que a desobediência do homem vinha do exemplo e dos costumes observados ao redor, podendo pela própria força, alcançar a perfeição mediante grande esforço de sua própria vontade.
Enquanto isso, Agostinho, bispo de Hipona, travou uma acirrada batalha bíblico-filosófica contra as heresias pelagianas. Dentre as principais obras, podemos destacar De peccatorum meritis et remissione et de baptismo parvolorum ad Marcellium libriDe gratia et libero arbitrio liber e De haeresibus. A teologia Agostiniana acerca da Graça é a base da soteriologia calvinista.
Em 431 acontece o concílio de Éfeso e as heresias pelagianas foram condenadas. Entretanto, as doutrinas agostinianas não foram aceitas ou oficializadas pela igreja nesse mesmo concílio. Alguns simpatizantes do “doutor da graça”,[19] tentaram construir uma ponte entre o Pelagianismo – que negava o pecado original – e Agostinho – que defendia a eleição incondicional sobre o fundamento de que todos os descendentes de Adão nascem espiritualmente mortos e culpados do pecado de Adão. Embora esse grupo tenha ficado conhecido como semi-pelagianos, o termo mais apropriado deveria ser semi-agostinianos.[20]
Wiley explica que os “semi-agostinianos” sustentavam que, “restou poder suficiente na vontade depravada para dar o primeiro passo em direção à salvação, mas não o suficiente para completá-la. Isso deve ser feito pela graça divina.”[21]
Como podemos ver, o arminianismo clássico difere drasticamente das heresias pelagiana e semi-agostiniana (semi-pelagiana), pois não negamos o pecado original e cremos na doutrina da inabilidade natural.[22] Wiley comenta corretamente que, “a verdadeira posição arminiana admite a plena penalidade do pecado, e consequentemente não minimiza a excessiva pecaminosidade do pecado e nem menospreza a obra expiatória de nosso Senhor Jesus Cristo.”[23]
Livre-Arbítrio x Livre-Agência
Arbítrio significa vontade. A ideia por detrás desse ponto seria a de que o homem possui sua vontade livre para escolher, decidir entre o bem e o mal, entre a salvação e a perdição. A Bíblia nos mostra que, embora a queda tenha afetado a vontade do homem, não o afetou ao ponto de não conseguir ter nenhuma tomada de decisão. Vemos essa verdade quando ela nos exorta a escolher entre a vida e a morte (Dt 30.19), obediência ou desobediência (Dt 28), o caminho largo ou o estreito (Mt 7.13,14), o Deus verdadeiro e os falsos deuses (Js 24.14,15) e Deus ou baal (1 Rs 18.21), dentre outras. A inclinação, porém, do ímpio, é para a pecaminosidade (Rm 8.5).
Todavia, o debate é muito mais profundo do que estamos abordando. No sistema calvinista, a salvação é operada pela soberania de Deus e sobre isso, Nicodemus fez uma ilustração, a meu ver, um tanto infeliz.[24] Segundo ele, uma multidão de pessoas (a humanidade) está indo em direção a um precipício, mas todas elas estão com vendas nos olhos e tampões nos ouvidos (o pecado). Deus fica avisando que Jesus morreu por elas, mas elas não ouvem e nem veem, até que, por um ato soberano de Deus, Ele sacode alguém que escolheu e retira esses tampões e vendas, e dessa forma a pessoa passa a ouvir e enxergar a verdade divina.
A infelicidade dessa ilustração é que, se é desejo de Deus que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (1 Tm 2.4), como entender a escolha arbitrária de uns em detrimento de outros? Isso não é soberania e sim “soberbania”. O arminianismo não nega a soberania de Deus, não alega que as coisas estão sujeitas a um acaso e nem que a teologia é centrada no homem. Antes, cremos que Deus está no controle de tudo sem controlar tudo.[25]
Olson comenta sobre essa incoerência, argumentando que, “o motivo real pelo qual os arminianos rejeitam o controle divino de toda escolha e ação humana é que isso faria de Deus o autor do pecado e do mal. Para os arminianos, tal controle faria de Deus, no mínimo, moralmente ambíguo e, no pior, o único pecador.”[26] Ouvi um calvinista dizer que todo mundo nasce arminiano. Essa fala era para dizer que achamos que somos “bons” intrinsecamente, mas não passa de um conceito preconceituoso, pois como já vimos, o arminianismo, corretamente aceita a doutrina da depravação total do homem. A questão é que, ao hipervalorizarmos[27] a soberania de Deus, estamos dizendo que Adão caiu porque Deus quis, porque Ele planejou, predestinou e decretou a queda do homem. Não só isso, mas que a humanidade herdou o pecado original porque Ele quer, que Ele já queria salvar alguns e outros não e assim por diante. Não é possível visualizar o caráter amoroso de Deus nessa teologia, por mais que nos esforcemos. Se admitirmos tudo isso, inevitavelmente teremos que admitir que Deus é o autor do pecado.
Por outro lado, Nicodemus faz outra observação pertinente sobre o livre-arbítrio. Ele inicia explicando que arbítrio vem de árbitro (um juiz de futebol, por exemplo). Para que suas decisões sejam tomadas de forma eficaz, este árbitro precisa estar neutro. Se ele precisar decidir num lance duvidoso, inclinará sua decisão para o time de sua predileção. Perfeito! O arminianismo não nega essa verdade. Armínio disse que a mente do homem natural “é obscura e escura, que suas afeições são corruptas e imoderadas, que sua vontade é obstinada e desobediente e que o próprio homem está morto em pecados.”[28]
É aqui que está um grande equívoco dos calvinistas. Eles pensam que os arminianos embasam seu esquema teológico no livre-arbítrio. Até Nicodemus inicia sua explanação partindo desse pressuposto, quando na verdade, tivemos já a oportunidade de vermos que, o esquema arminiano partiu da eleição. O “compromisso com a liberdade da vontade não é o maior valor ou o primeiro princípio da construção doutrinária arminiana.”[29] O que queremos, é justamente deixar “Deus ser Deus”:[30] “Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor” (1 Jo 4.8 – ênfase minha).
Em contrapartida, os calvinistas dizem que o livre-arbítrio é ilusório, que não existe no homem depois da queda,[31] pois como disse Lutero, “nascemos escravos”. Ao invés de livre-arbítrio, teríamos livre-agência. Ferreira e Myatt conceituam-na como “a capacidade que a pessoa tem de fazer escolhas sem coerção, de maneira consistente com a sua natureza e os seus desejos. A vontade é condicionada e determinada por uma infinidade de fatores psicológicos, físicos e espirituais, todos os quais, no final, são ordenados não pelo acaso, mas pelos propósitos soberanos de Deus.”[32] Se o amado leitor der uma lida na explicação de Reichenbach sobre a visão arminiana de livre-arbítrio, verá que trata-se da mesma coisa.[33] O calvinismo, para contrariar o arminianismo, trocou aipim por mandioca.
Considerações finais
Como já vimos, o arminianismo nega a heresia pelagiana de que o homem peca pela socialização. Cremos na depravação total, nos efeitos da queda e na inclinação para o mal. Negamos, ainda, a heresia semi-agostiniana, a qual acha que o homem ainda tem condições de dar o primeiro passo para Deus e aceita-lo como seu salvador. Já vimos que o livre-arbítrio do homem está, de fato, afetado pelo pecado e que para o pecador se arrepender e receber a Cristo Jesus precisa de uma atuação divina, afinal, o Espírito Santo é quem convence o pecador.
Sendo assim, nosso debate sobre o livre-arbítrio ainda não finalizou-se completamente, pois veremos no nosso próximo encontro que, o homem por si só, não tem condições suficientes para se achegar a Deus, necessitando do que chamamos no arminianismo de graça preveniente. O calvinismo, por sua vez, ensina que aqueles a quem Deus elegeu desde a eternidade, recebem de uma graça ao mesmo tempo salvadora e irresistível, ao passo que nós entendemos que essa graça pode ser resistida pelo homem. Portanto, até a próxima…
Pr. Vinicius Couto.
Soli Deo Gloria.
Notas



[size=15][1] SPROUL, R. C. [size=15]Boa Pergunta! 1999, Cultura Cristã, p.98.
[/size]
[2] BERKHOF, Louis. [size=15]Teologia Sistemática. 2012, Cultura Cristã, p. 209.[/size]
[3] HANKO, Ronald. [size=15]Doctrine According to Godliness. 2004, Reformed Free Publishing Association, pp. 113,114.[/size]
[4] BERKHOF, Louis. [size=15]Op. Cit., p. 229.[/size]
[5] STOTT, John. [size=15]A Mensagem de Romanos. 2000, ABU Editora.[/size]
[6] Não o preconceito discriminatório, mas com ideias preconcebidas.
[7] A maioria desses críticos desconhece o arminianismo clássico, tendo portanto, um entendimento preconcebido e consequentemente superficial do assunto. Suas citações não são baseadas em Armínio, nos remonstrantes ou em Wesley. Olson comenta a esse respeito dizendo que, “Algumas acusações dos calvinistas contra a teologia arminiana demonstram quase uma completa falta de conhecimento ou entendimento da literatura arminiana clássica.”. OLSON, Roger. [size=15]Arminianismo: mitos e realidades. 2013, Reflexão, p. 177.[/size]
[8] Optei em chamar dessa forma porque alguns calvinistas simplesmente debocham do arminianismo e dos arminianos, demonstrando carência do fruto do Espírito Santo. Até mesmo Solano Portela reconhece que, há no meio calvinista uma arrogância que os leva a atitudes pecaminosas como a “falta de amor no trato” com os nossos irmãos e a “falta de discernimento do que é importante” ou prioritário em nossa fé cristã. Conferir essa reflexão em PORTELA, Solano. O Pecado da Intolerância Fraternal. In: _____. [size=15]5 Pecados que Ameaçam os Calvinistas. 1997, PES, p. 7.[/size]
[9] Ver, por exemplo, Leandro Lima em LIMA, Leandro Antônio de. [size=15]Calvino Ensinou a Expiação Limitada?Fides Refomata IX, n° 1 (2004), p. 79. Também conferir o equívoco de Driscoll e Breshears em dizer que a visão arminiana crê que “Nascemos pecadores, mas culpados por nossos pecados, não pelos de Adão” em DRISCOLL, Mark; BRESHEARS, Gerry. Doctrine: What Christians Should Believe. 2010, Crossway, p. 267.[/size]
[10] OLSON, Roger. [size=15]Op. Cit., p. 42.[/size]
[11] NICHOLS, James (Org.). [size=15]The Writings of James Arminius. Volume II, 1956, Baker, p. 252.[/size]
[12] BURTNER, Robert W.; CHILES, Robert. E. (org.). [size=15]Coletânea da Teologia de João Wesley. 1995, Colégio Episcopal, p. 122.[/size]
[13] WILEY, Orton. [size=15]Christian Theology. Volume II, 1941, Beacon Hill, pp. 128,129.[/size]
[14] Ibid, p. 98.
[15] OLSON, Roger. [size=15]Op. Cit., p. 42.[/size]
[16] MCGIFFERT, Arhur Cushman. [size=15]A History of Christian Thought, Volume 2. Charles Scribner’s Sons, 1953, p. 125.[/size]
[17] Ibid, p. 126.
[18] KELLY, J. N. D. [size=15]Patrística: Origem e desenvolvimento das doutrinas centrais da fé cristã. Vida Nova, 1994, p. 270.[/size]
[19] Apelido moderno de Agostinho.
[20] GONZALEZ, Justo L. [size=15]Uma História do Pensamento Cristão: De Agostinho às vésperas da Reforma. Volume 2, 2004, Cultura Cristã, p. 56.[/size]
[21] WILEY, Orton. [size=15]Op. Cit., p. 103.[/size]
[22] Trata-se da incapacidade humana em escolher a Deus por sua própria vontade. Os semi-agostinianos erravam ao pensar que, o homem podia dar o primeiro passo por si só. Conferir Jó 14.4; Sl 14.1-4; 51.5; Jo 3.6; Rm 3.10-12; 5.12-14, 20; 7.14-25.
[23] WILEY, Orton. [size=15]Op. Cit., p. 132,133.[/size]
[24] NICODEMUS, Augustus. Palestra sobre livre-arbítrio. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=RSRJV7g-aM4. Acesso em 24 de Fevereiro de 2014.
[25] A argumentação calvinista é que os arminianos negam a soberania de Deus quando alegamos que o desejo de Deus é salvar a todos, porém, não consegue fazê-lo. Esse não conseguir salvar, não está diretamente ligado à sua vontade soberana, haja vista que os planos de Deus não podem ser frustrados (Jó 42.2), operando Ele, quem pode impedir? (Is 43.13). A questão é que, Deus decidiu dar a salvação de forma condicional. Isso é muito claro em textos como Mc 16.15,16; Jo 3.16 e Rm 10.9-17. Um exemplo da condicionalidade do agir de Deus está em Mt 13.57,58 e seu paralelo em Mc 6.1-6. Jesus queria curar pessoas ali, operar milagres e até mesmo trazer salvação e perdão de pecados, mas não pôde em virtude da incredulidade deles. Será que Jesus deixou de lado Sua soberania? Obviamente que não!
[26] OLSON, Roger. [size=15]Op. Cit., p. 127.[/size]
[27] Os pontos calvinistas nasceram de uma resistência aos remonstrantes e por isso, foi uma contramedida que trouxe consigo extremismos. A ênfase na soberania de Deus é um equívoco teontológico. Basta olharmos para a história da Igreja. Grupos que valorizaram o caráter bondoso de Deus fizeram da graça motivo para a licenciosidade, grupos que hipervalorizavam a justiça de Deus se apegaram a uma enorme rigidez doutrinária com práticas ascéticas e de autoflagelação, grupos que enfatizaram a escatologia pregaram misticismos incongruentes com a Palavra de Deus, e assim por diante. A soberania de Deus é bíblica, mas está em perfeita harmonia com Seus demais atributos.
[28] ARMINIUS, James. A letter addressed to Hippolytus A. Collibus. In: _____. [size=15]Works of James Arminius. Volume 2, Christian Classics Ethereal Library, p. 333.[/size]
[29] OLSON, Roger. [size=15]Op. Cit., p. 126.[/size]
[30] “Deixem Deus ser Deus” foi uma frase de Lutero para os que não aceitavam a soberania de Deus. Meu objetivo aqui, é fazer um trocadilho com as palavras do reformador, pois o que mais queremos é justamente isso. Que Deus seja refletido por quem Ele realmente é: o Deus infinito, transcendente e imanente, cuja essência é o amor.
[31] O raciocínio calvinista nos leva a pensar que não havia livre arbítrio nem mesmo antes da queda, pois se tudo estava decretado, planejado e predestinado por Deus, que escolha Adão tinha? Foi um livre-arbítrio ilusório. E isso é inadmissível, pois mais uma vez nos leva a um labirinto em que Deus é o autor do pecado.
[32] FERREIRA, Franklin; MYATT, Alan. Teologia Sistemática: uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto atual. 2007, Vida Nova, p. 749.
[33] REICHENBACH, Bruce. Deus limita Seu poder. In: BASINGER, David (Org.). [size=15]Predestinação e Livre-Arbítrio: quatro perspectivas sobre a soberania de Deus e a liberdade humana. 2000, Mundo Cristão, pp. 130-133.[/size]
[/size]
[size=25]autor
parte - Conhecendo o Arminianismo (parte 1-2-3) – Eleição condicional Vinicius-couto
Vinicius Couto

Pr. Vinicius Couto é ministro da Igreja do Nazareno. Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Castelo Branco, Bacharel em Teologia pela FAETESF e pós-graduado em História da Teologia e em Ciências da Religião. É professor de Teologia Sistemática, articulista da Revista Defesa da Fé e autor dos livros “Os três Choros de José do Egito” e de “A Verdade Sobre o G-12”.
[/size]
Lourival soldado cristão
Lourival soldado cristão

Mensagens : 11341
Pontos : 25169
Data de inscrição : 23/12/2009
Idade : 66
Localização : Sao paulo

http://ccbsemcensurasnaspeg.forumeiros.com/

Ir para o topo Ir para baixo

parte - Conhecendo o Arminianismo (parte 1-2-3) – Eleição condicional Empty Re: Conhecendo o Arminianismo (parte 1-2-3) – Eleição condicional

Mensagem por Conteúdo patrocinado


Conteúdo patrocinado


Ir para o topo Ir para baixo

Ir para o topo

- Tópicos semelhantes

 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos