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Os primeiros protestantes no Brasil colonial: Séculos XVI a XVII

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brasil - Os primeiros protestantes no Brasil colonial: Séculos XVI a XVII Empty Os primeiros protestantes no Brasil colonial: Séculos XVI a XVII

Mensagem por Lourival soldado cristão 3rd junho 2012, 2:19 pm

Vivemos em um mundo conturbado onde valores são corrompidos. Contudo,
muitos desses valores permanecem em nossas vidas, ou para alguns eles
surgem substituindo antigos; em outros ressurge.



A religião é um exemplo clássico desses valores que ainda permanecem
mesmo com muitas questões novas que nos são impostas pelas diversidades
da pós-modernidade. Essas questões ainda permanecem como formigas
fervilhando na cabeça de muitos daqueles que se dedicam ao estudo do
homem em sociedade.



Explicar os fenômenos divinos numa lógica racional foi o que os
teólogos tentaram e tentam até hoje. Tal razão nos deixa céticos, pois
questões novas nos são postas. Somos questionadores da sociedade; do
mundo.



Questionar valores arraigados, inculcados na sociedade é, acima de
tudo, complexo. Somos formados socialmente a partir da família. Ela nos
diz o que fazer, os caminhos que devemos seguir e até mesmo as práticas
religiosas que deve nos guiar .



A partir dessas questões esse trabalho busca compreender uma das
maiores religiões do mundo contemporâneo. A partir dela e de seu grande
líder e seguidores o ocidente e todo o mundo não seria mais o mesmo.



Irei me ater especificamente a uma de suas vertentes: O protestantismo
ou protestantismos já que no presente século XVI ela ganhou diferentes
conotações dependendo de quem às difundia e até mesmo do lugar de onde
partia.



Do século I ao início do XVI o cristianismo foi dominado e tido como
verdade absoluta somente quem o propagasse através da doutrina da Igreja
Católica . Essas práticas começam a mudar a partir do século XVI, onde
diversos valores são questionados.



O catolicismo que já vinha sendo alvo de críticas desde a idade média
começa a entrar em decadência e suas verdades sendo questionadas.



Tais questionamentos partiram de dentro da Igreja. Muito de seus
intelectuais se rebelaram. As doutrinas até então vigentes não condiziam
com as mudanças que começaram a ocorrer desde o fim da idade média.



Era preciso repensar o papel da Santa Sé num mundo de intensas
transformações. Não propriamente fundar uma nova instituição, mas
remodelá-la aos moldes capitalistas em ascensão.



È nesse momento que surge os movimentos de contestação a essas
doutrinas. Isso vai gerar conflitos dentro do seio da Igreja.
Rapidamente eles passaram a eclodir na própria sociedade.



O maior destaque foi sem sobra de dúvidas o monge Agostiniano Martinho
Lutero. Com sua grande formação intelectual soube como nunca demonstrar a
necessidade de mudanças dentro da instituição[1]. A partir de sua
ideologia a Europa sofrerá grandes carnificinas em nome de Deus e de
Cristo. Os seus seguidores ( Lutero)ficaram conhecidos como
protestantes.



Disso tratará o primeiro capítulo desse trabalho. Não contarei a
História do cristianismo, mas sim seus impactos quando novas
contestações surgem mudando os padrões pré-estabelecidos.



Nesse capítulo irei contextualizar a Europa para que o leitor melhor
compreenda quais foram as reações por parte da sociedade diante dessas
mudanças político-sociais e a religião como pano de fundo.



Como dito Lutero foi o maior expoente de contestação à ordem vigente
dentro da Igreja Romana. Após ele outro que se destacou foi João
Calvino. Esse com idéias até mesmo diferentes das de Martinho.



Acreditava na possibilidade dos homens que uma vez alcançado pela graça
do verdadeiro cristianismo serem salvos para sempre. Não existiria mais
uma volta. Até hoje seu ramo ainda sofre críticas por parte de muitas
Igrejas protestantes. Trata-se da igreja presbiteriana a qual segue
ainda esse preceito.



Assim, as idéias de Calvino caíram numa Europa sedenta de
transformações em diversos setores, sendo a economia o que mais se
destacou. Pois ele pregava que o lucro seria obtido por aquele fiel que
se dedicava às práticas que Deus ordenara. Por esse motivo era rico não
para a sua glória pessoal mas para a de seu criador.



Justamente o contrário ocorria dentro dos preceitos do catolicismo. A
riqueza não deveria ser procurada pelo cristão como sendo uma das
premissas básicas para uma vida feliz. Somente na vida após a morte os
fieis teriam as tais bem aventuranças.



Estaria fora de cogitação procurá-la nesse mundo. Mas, o século XVI com
suas idéias novas como o renascimento e humanismo viam na razão e no
homem as fontes para explicar perguntas básicas que sondam nossa mente
até hoje como: De onde viemos? Para onde vamos? Por que estamos aqui?
Entre outras. Porém, a religião não foi deixada de lado por completo.



Tais inquietações na nossa mente e respostas a elas são dadas pelo
conhecimento científico, o qual às vezes deixa brechas para possíveis
transformações, pois novas teorias surgem contestando a anterior.



Assim, para se explicar a origem do mundo a religião cristã em suas
diferentes vertentes vai explicar de forma igual. Até mesmo outras
religiões ditas monoteístas como o judaísmo e islamismo vão enxergar de
forma parecida a origem do homem no planeta.



Já a ciência ainda vê no big ban a explicação para o surgimento da vida
e dos primeiros homens na terra . Num futuro próximo isso será
contestado, se é que já não esta sendo.



Explicar o mundo através do divino é não deixar dúvidas. Os objetivos são claros.



Mas, a religião não conseguiria vê outros lugares além da Europa, Ásia
, África e Oceania. Então como explicar que no outro lado do oceano
existiam seres humanos vivendo há séculos separados pelo medo que
pairava na mente desses homens que só viam na religião a explicação
apenas para a existência desses quatro continentes?



A Bíblia não deu as devidas explicações para a existência de tais
povos. Desse fenômeno irei tratar no segundo e terceiro capítulo desse
trabalho.



A historiografia brasileira ao estudar a vinda desses religiosos a
essas terras muito se atém ao estudo da presença católica e as
transformações sofridas pelos povos nativos. Não trata especificamente
de como os nativos das Américas também vieram a sofrer influência das
diferentes correntes do cristianismo quando da reforma protestante.



Contar uma História desses primeiros missionários protestantes parece
só ser possível- segundo essa corrente historiográfica- somente a partir
do século XIX. Compartilham de tal crença Antonio Gouvêa Mendonça em ‘’
Introdução ao protestantismo no Brasil’’(MENDONÇA, Antônio Gouvêa. Introdução ao protestantismo no Brasil. Editora Loiola, São Paulo, 1990.), Clara Mafra em ‘’ os evangélicos no Brasil’’(MAFRA, Clara. Os evangélicos no Brasil. Editora Jorge Zahar, Rio de Janeiro, 2001) .



Pensa diferente Eunice Ladeia Lima, a qual vai defender como tese de
mestrado uma educação protestante no Brasil colonial. Posteriormente sua
tese viria a ser publicada pela Régis editora universitária,
demonstrando assim, que a presença desses religiosos que sacudiram a
Europa no século XVI seria possível de um estudo mais aprofundado.



Se os protestantes no Brasil contemporâneo procuram buscar seu espaço
na sociedade, se adaptando conforme as necessidade, foi isso que
procuraram os primeiros missionários ( ditos evangélicos nos dias hoje)
quando aqui se desembarcaram no ano de 1557.



Abordo homens letrados e com grandes conhecimentos da teologia
protestante na visão do Calvinismo. Essas doutrinas irão ser os
alicerces para as disputas entre católicos e protestantes quando na
fundação da chamada ‘’França Antártica’’.



A historiografia debate os verdadeiros objetivos desse empreendimento
da coroa de França. Para os protestantes a bordo não restava dúvidas de
que o objetivo era fundar um lar para que eles pudessem seguir
livremente sua religião sem serem perseguidos pelas autoridades.



Os conflitos deflagrados em solo europeu também continuaram a ocorrer
por aqui. As disputas foram intensas. Os seguidores de Calvino contra,
basicamente, o almirante Vilegaignom. Esse era homem inteligente e com
boa formação. Teria até mesmo estudado direito ao lado de João Calvino,
daí as desconfianças por parte do cardeal de Lorena.



Os conflitos terminaram quando da expulsão dos protestantes. Muitos foram executados.



Porém, outra nação e jovem despontava no cenário internacional para
também pegar a sua parte. Trata-se da Holanda, ou países baixos. Nela
muitos encontraram abrigo para suas práticas não só econômicas como
também religiosas. Lá se instalaram muitos dos adeptos da chamada
Igreja reformada , além de judeus, católicos, entre outros.



Desses religiosos vindos dessa nação irei tratar no terceiro capítulo
desse trabalho. Será discutido o quanto de relevante essa presença
representou de importante ou negativo para os africanos e autóctones.



Terão benevolência para com os povos que vieram das áfricas e nativos
do nordeste brasileiro, tendo misericórdia, assim como pregou cristo?



A realidade foi outra. Parece que as práticas racistas que veríamos no
século XIX- onde se tinha por base a ciência- parecem ter sido
antecipadas quando da presença flamenga no nordeste brasileiro.



A ação de missionários foi intensa nos sertões do nordeste. Assim ,
nesse terceiro e último capítulo tratarei não só da presença desses
religiosos sustentando suas bases nos centros urbanos , como também suas
incursões no árido sertão brasileiro.



Ao chegarem em certas comunidades esses religiosos se deparavam com
práticas cristãs da sua maior adversária na Europa: A Igreja católica.
Muitos padres já haviam feito contato com esses nativos. Por isso muitos
já estavam familiarizados com algumas das práticas religiosas
européias.



Assim, esse trabalho vai procurar abordar de uma forma diferente a
presença protestante no Brasil, demonstrando que a historiografia
brasileira pouco se atém ao estudo dessas primeiras comunidades nos
séculos XVI e XVII. Os estudos contemporâneos dão conta de uma real
presença somente a partir do século XIX.


2.
Europa, religião e conflitos no século XVI




‘’... a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: o justo viverá por fé... ‘’ ( RM 1:17 )



Falar sobre o sagrado e suas conseqüências num mundo dito pós- moderno
ainda é de extrema complexidade. Contudo, tal assunto ainda se
tornaria mais denso em se tratando do final do século XV e início do
XVI.



Nesse período poucos se atreveram a desafiar uma das maiores
instituições políticas à época: A igreja Católica. Nesse momento,
religião e Estado não se separavam.



Para o Historiador João Klug ‘’ a igreja era a única instituição na
Europa que ultrapassava as fronteiras dos Estados’’[2]. Dessa forma
qualquer conflito político que eclodisse lá estaria a autoridade máxima
da igreja: O papa.



Quem iria contestar tal poder? Alguém vindo de outro continente, de
outra religião? Justamente o oposto ocorreu. A contestação veio
justamente de dentro da própria Santa sé.



A contestação á ordem religiosa vigente já vira se deflagrando séculos
antes. São Francisco e a ordem dos Frades mendicantes foi um dos
exemplos. Porém esse não rompeu com Roma. Muito pelo contrário, as suas
idéias foram incorporadas pelo catolicismo .Para o que nos interessa
nesse momento não é necessário nos atermos à vida e obra desse homem,
sendo interessante o estudo do mesmo em outra oportunidade.



Além desse religioso outro que se destacou foi o padre João Huss.
Famoso professor na Universidade de Praga. Já no início do século XV já
fazia oposição à venda de indulgências ,sendo excomungado em 1411,
posteriormente sendo condenado à morte na fogueira em 1415 pelo concílio
de Constança. Seus seguidores ficaram conhecidos como hussitas.



A sua morte ocasionou diversos conflitos. Nesse momento a igreja ainda lutava contra as tais heresias da idade média.



brasil - Os primeiros protestantes no Brasil colonial: Séculos XVI a XVII Pp1
Ilustração 1 Noite de São Bartolomeu. Massacre de protestantes em França do século XVI .
Disponível em http://www.klickeducacao.com.br/2006/enciclo/encicloverb/0,5977,IGP-2620,00.htmlAcessado em 05/11/2008



Ainda não conseguia se enquadrar na nova sociedade que estava surgindo.
A nova classe social que estava emergindo via com bons olhos qualquer
proposta que a fizesse pagar menos impostos á Igreja.



Eles enriqueceram com as grandes feiras e o comércio com o
mediterrâneo. Agora com o desbravamento do ‘’terrível oceano
Atlântico’’[3], estavam ficando cada vez mais ricos. Esses foram
chamados de burgueses, por se instalarem em vilas denominadas burgos.



Novas idéias como o Humanismo e Renascimento mexeram com as mentes dos
homens nesse período. O primeiro como uma série de valores e ideais
relacionados á valorização do Homem. Ao redescobrirem esse homem, também
estavam redescobrindo Deus; O segundo como uma redescoberta e
revalorização da cultura da antiguidade clássica.



Para muitos que ainda se atinham às práticas dos séculos anteriores o
sentido da visão não tinha muita importância, sendo o ouvir e , nesse
caso, ouvir a palavra de Deus sendo o mais importante.



O século XVI foi um século de vida religiosa; século da reforma e
contra reforma. Nesses casos a autoridade máxima era a palavra de
Deus.[4] A fé seria a audição. A audição como órgão máximo dos cristãos
das diferentes vertentes.



Se no período denominado ‘’idade média’’[5], fora caracterizado por uma
cosmovisão teocêntrica, onde Deus estava no centro, agora com o
Renascimento passa a ser antropocêntrica, ou seja, o homem está no
centro das coisas.



Esse período tem uma visão mais otimista com relação ao ser humano,
tornando-o mais capaz. Não apenas um ser que precisasse sempre da tutela
da Igreja e do Estado.



Fato é que as lutas do Renascimento facilitaram um novo tipo de relação
do homem com o divino. Nesse período houve uma separação entre
teologia, filosofia, ciências da religião. Portanto, uma certa autonomia
entre algumas disciplinas e instituições. Claro que não foi um processo
fácil, de ruptura abrupta.



Portanto o terreno teria sido preparado para que surgisse contestações à
certos padrões pré- estabelicidos e tidos como verdades absolutas,
portanto não sendo possível tê-las como falsas.



Também nesse período o surgimento da imprensa de Gutemberg fez com que
milhares de Bíblias pudessem ser copiadas e traduzidas nas línguas
vulgares[6] e não somente no Latim como era de costume.



Assim, surge uma vontade mais pessoal de entender as verdades divinas
sem a intermediação de Roma. Disso as chamadas seitas [7] se
aproveitaram e fizeram suas próprias interpretações não só do livro
sagrado como da própria vida em sociedade.



Como dito os conflitos começaram a surgir dentro da própria Igreja.
Destaque especial para Martinho Lutero. Vindo de uma família humilde e
devotos de Santa Ana, ele recebera esse nome em homenagem a São
Martinho.



Como era de costume nesse período dar nomes de pessoas tidas como
santas pela igreja, a sua família como sendo praticantes fervorosos do
catolicismo não fugia à regra.



Era esperado desse menino recém nascido que ele se tornasse um grande exemplo de comportamento na sociedade.



Porém, ocorreu justamente o contrário. Suas idéias causaram conflitos
por toda a Europa, ocorrendo grandes carnificinas. Sendo a de maior
expressão a conhecida como noite de São Bartolomeu onde morreram
centenas de protestantes. Esse não seria os únicos acontecimentos
trágicos envolvendo questões desse tipo. Essa nova doutrina seria
transportada para às Américas. Veremos isso mais adiante no capítulo que
trata da vinda desses religiosos às novas terras.



Entretanto, ‘’ele não deve ser visto nem como vilão, nem como herói,
mas como uma figura que representou , em grande medida, os anseios da
sociedade da época que já vinham de longa data’’[8]



Muitos queriam o retorno a um cristianismo mais limpo, à maneira das primeiras comunidades do primeiro século[9].



Era desejo do pai de Martinho vê-lo atuando como advogado. Por isso ele
estudou direito na Universidade de Erfurt, quando teria ingressado no
ano de 1501, um ano depois da vinda de Cabral às terras que seriam
chamadas de Brasil.



Mas não era de seu interesse a área do direito. Havia ingressado
simplesmente para satisfazer aos caprichos de seu pai.Outra coisa lhe
inquietava a mente.



Outra coisa lhe deixava ainda mais curioso: o fator da salvação da alma
do homem. Para isso aos 20 anos ele começou a estudar veementemente a
Bíblia.’’ A leitura atenta da Bíblia deixava-o bastante inquieto,
principalmente no que tange a salvação eterna’’.[10]



Apenas a sua curiosidade não era suficiente . Era necessário provar
suas teses para um mundo em intensas transformações políticas,
econômicas e sociais.Isso deveria partir de dentro da Acadêmia.



Dessa forma no ano de 1505 ele se torna mestre em filosofia,
posteriormente se tornando Doutor em Teologia quando ganha o cargo de
professor na Universidade de Wittenberg.



Foi nessa tarefa que ele jugou ter encontrado a ‘’ resposta’’ para seus
anseios mais íntimos. No dia-a-dia na preparação de suas aulas ele se
deparou com o texto áureo da carta do apóstolo são Paulo aos romanos.



Trata-se da passagem onde diz que ‘’ o justo viverá pela fé’’[11]. O
homem teria se corrompido em razão do pecado original e só através da fé
em Deus ele poderia ser salvo. Com a posse desse texto Martinho foi de
encontro a algo muito comum no referido contexto histórico: as cobranças
de impostos, as tais indulgências cobradas pela igreja: Pagamento em
dinheiro por falhas perante a comunidade.



Justamente nesse período a Igreja Católica resolveu aumentar alguns
impostos para que se pudesse construir a famosa catedral de São Pedro.
Em troca era dada a absolvição total de todos os pecados cometidos.



Isso era feito pela Igreja em substituição às penitências que os fieis
teriam que pagar por algum pecado cometido. Isso desagradava à muitos ,
pois quem não tivesse condições poderia ter sua alma jogada no
purgatório( lugar onde os mortos ficariam por algum tempo após a morte ,
até se purgarem de seus atos pecaminosos na terra).



Com todos os problemas surgidos na maior instituição religiosa desse
período não era desejo de Lutero revolta-se contra Roma. Para Jaime
Francisco De Moura, Lutero não tinha como objetivo separa-se de Roma
diz ‘’ao princípio não encarava de modo nenhum uma ruptura com Roma
‘’[12].



Fazia-se necessário uma ruptura ,enfim mudanças em alguns dogmas tidos como absurdos para o reformador.



No ano de 1517, ele afixa na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg
as suas famosas 95 teses, as quais se espalharam rapidamente por toda a
Europa.



Interessante observar que o dia seguinte à afixação das teses , era um
dia santo para a igreja católica. Teria o tal ‘’ desertor’’ maquinado?
Seja como for foi uma denúncia aberta.



Em princípio as teses foram escritas em latim, posteriormente
traduzidas para as línguas da região, sendo o alemão a mais popular.



A Alemanha nessa época ainda não se constituía como um Estado
propriamente dito. Era composta por diversos principados. Só iria ver
sua unificação total no século XIX.



Um desses principados o da Saxônia era governado por Frederico, o qual
viria a dar total proteção a Martinho Lutero. Teria esse governante se
convencido das ‘’verdades’’ dessas novas idéias, ou era apenas
interesse político dar-lhe apoio?



Mesmo com esse grande prestígio do tal príncipe, o herege[13]não seria
perdoado pela Igreja , a menos que abdicasse dessas idéias. Ele teria
que renunciar, portanto queimar seus livros e teses.



Contudo, isso não ocorreu e um processo foi aberto no ano de 1520 . O
tal documento era chamado de Bula papal, o qual foi queimado por
Lutero.Isso provocou ainda mais a fúria desses religiosos e , em 1521
ele é definitivamente expulso desse meio.



Ainda no que tange as suas 95 teses[14] , o agora ex-padre, deixava
claro que os líderes religiosos poderiam se casar e constituir famílias.
Isso ainda hoje é considerado uma injúria contra os princípios
católicos.



Então novas barreiras são rompidas. O ‘’patriarca ‘’ da reforma casa-se
com a também ex- católica Catarina Von Borá, com quem tem muitos
filhos.



Sua morte ocorreu no ano de 1546. Seu corpo foi sepultado sob as lajes da igreja de Wittenberg.



Muitos pensavam que sua morte poderia por fim aos conflitos. Porém,
isso não aconteceu. A nova doutrina se espalhou rapidamente por todos os
Lugares.



A figura de Lutero permanece viva não só na mente de religiosos , mas
como de todos àqueles que se dedicam a estudar fatores políticos ,
econômicos e sociais tendo na religião o seu objeto de estudo.



‘’Portanto, a reforma ocorreu num mundo sobredeterminado pelo religioso, repercutiu em todas as instituições sociais’’. [15]



Após sua morte muitos escreveram biografias falsas sobre a pessoa de
Lutero, as quais o tinham como bêbado, sendo a reencarnação do
próprio demônio. Com a mesma moeda os reformadores viam na figura do
papa a reencarnação do anticristo citado nas escrituras[16].



Portanto, compreendê-lo apenas por perspectivas políticas deixa margem
para muitas interpretações errôneas a seu respeito. Seu pensamento está
ligado , acima de tudo, à teologia, tendo nas cartas do apóstolo São
Paulo seu documento de prova de ‘’ verdades’’, isso devido ao seu grande
conhecimento do direito, ele escreve com veemência, com certeza.



Outro grande expoente da chamada segunda geração de reformadores é João
Calvino. Nascido no ano de 1509, e por volta de 1533 teria se
convertido às idéias reformistas. Seus estudos se baseavam no Humanismo e
estudos da antiguidade cristã.



Nesse período as posições políticas por parte do Imperador de França
Felipe II são bastante ambíguas. A ele escreveu Calvino as chamadas ‘’ As institutas da religião cristã’’ na qual ele vai descrever como seria um bom e legítimo domínio por parte do Imperador.



Geralmente as regras eram constituídas em conceitos bíblicos. Portanto,
o texto sagrado seria a forma mais adequada para este reino espiritual .
O Estado francês estava dividido religiosamente e qualquer posição
definitiva poderia desagradar a ambos os lados.



Dessa forma no ano de 1540 Calvino é convidado por lideranças
religiosas simpáticas às idéias reformistas para montar uma igreja
reformada na suíça, especificamente em Genebra. Três anos antes havia
sido expulso da cidade, pois seu programa de reforma da cidade havia
sido negado por um grupo de burgueses.



Vai fazer algumas exigências em seu retorno e é atendido. Escreve uma
série de ordenanças, formando assim, as bases da igreja reformada em
Genebra.



Entre tais ordenanças eclesiásticas se destacam : Organização da igreja
se diferenciando do governo da cidade. Isso gerou conflitos com as
autoridades locais pois nem sempre as leis da cidade estavam de acordo
com as idéias de Calvino. A partir de 1553 a oposição à Calvino cresce
ainda mais e sua atuação política se torna precária.



Porém, isso viria mudar a partir de 1559 quando do surgimento da
Academia de Genebra sob a direção de Teodoro de Beza. Essa instituição
se torna um dos centros mais fortes de propagação da doutrina calvinista
.



Já em 1555 muitos europeus saindo de França , Inglaterra e Itália iam à
Genebra . Apesar de ser considerado um ditador religioso muitos viam
nele não só um grande servo de Deus , mas alguém cuja inteligência
excedia a de muitos do seu período. Genebra nessa época poderia ser
considerada uma Roma do protestantismo.



Esses religiosos- burgueses estavam buscando uma nova maneira de viver a
fé de acordo com as novas possibilidades de comércio que se apresentava
para todos eles.



Tais burgueses possuíam algumas características importantes como
administrar as cidades através de conselhos laicos, se preocupando com
escolas para seus filhos. A partir daí surgem as primeiras escolas
laicas da Europa. Mesmo com esse certo laicismo esses homens foram
conduzidos a um misticismo religioso.



Voltando a Calvino ,o qual vai enxergar em algumas passagens da Bíblia
( coletânea de livros sagrados- velho e novo testamento) relatos que
tratam de coisas terrenas, ou seja, os bens são para a prosperidade dos
cristãos . Contudo, faz advertências quanto a utilização em excesso
desses bens.



Quanto a profissão para ele seria algo dado por Deus. Assim o eleito
por Deus deveria saber exercê-la da melhor forma possível.



O trabalho teria um caráter preventivo. Distanciaria o fiel das coisas
mundanas. Ele se dedicaria mais às coisas de Deus. Portanto, critérios
morais, produção de coisas úteis à comunidade, tudo isso se reverteria
em retorno financeiro .



Essas idéias vão de encontro ao um mundo em intensas transformações
econômicas sociais e políticas. A religião oficial da Europa vai contra
esses preceitos vendo na acumulação de lucros pecados contra Deus.
Apesar de seus líderes terem praticado isso há séculos acumulando
riquezas, sendo a Igreja católica romana umas das maiores instituições
detentoras de terras de toda a Europa.



Assim, o trabalho para João Calvino dignificaria o homem não importando
a classe social a qual ele pertença. [17]A riqueza boa seria aquela com
um bom empreendimento vocacional por parte do eleito , portanto do
salvo.



Durante toda a idade média o trabalho teve apenas valor de
sobrevivência e Jamais deveria servir para a acumulação de estoques.



Assim, muitos desses primeiros protestantes que se constituíam à
princípio de pessoas pobres, especialmente servos e camponeses, os
quais’’ reivindicavam modificações não apenas social, condenando os
privilégios e diferenças que , segundo eles, estavam contra a lei de
Deus e a Bíblia ‘’.[18]



Os conflitos existiam não só por parte das classes desfavorecidas como
também fora uma constante entre os papas e Imperadores à época em busca
pelo poder. Geralmente em buscas de novas terras para expandir ainda
mais seus domínios.



Isso vai ficar bem claro no chamado ‘’ descobrimento do novo
mundo’’[19]. As nações européias se degladiaram pelo poder e supremacia
nessas novas terras para poder dominar a persuadir suas gentes : os
índios[20].



Toda a Europa continuou ainda no século XVI bastante estamental e
hierarquizada em seu modo de se organizar politicamente.[21] Havia pouca
mobilidade social , isso facilitaria um estímulo a mais para as
aventuras fora do continente.



Acostumada já há anos com o trabalho escravo os europeus vão estranhar totalmente os hábitos e costumes desses povos.



Abordo das caravelas sempre havia um religioso. Após a chegada se
fazia necessário a vinda de um determinado grupo de pessoas com o
intuito de converter essa gente pagã[22]. Não eram infiéis, mas apenas
indivíduos que ficaram longe da presença por séculos daqueles que
realmente detinham o ‘’conhecimento da verdade’’ àcerca das questões
divinas.



Nesse momento um laicismo ainda não existia por parte desses
governantes. Isso iria passar a ecoar mais forte com o advento dos
iluministas[23]. Essas idéias vão ganhar mais força no século XX.



Todas essas formas de pensar e vê a vida seriam transportadas para às
terras do novo mundo. Até então a África, Ásia e Oceania eram conhecidas
pelos navegadores do velho continente. A América era algo novo. Por que
Deus não a teria citado nas sagradas escrituras ? Quem era essa gente
tão diferente? Seria essa terra o tal paraíso terreno de que tanto
falavam os antigos e que muitos procuraram e não conseguiram encontrar?



Essas e outras questões serão transportadas e com certeza os habitantes
autóctones das terras americanas iriam sofrer enormemente.



Contudo, os conflitos religiosos são os que merecem mais destaques.
Desses nos ateremos nos próximos capítulos quando da vinda à América
Portuguesa, especificamente no Brasil na cidade do Rio de Janeiro.


3.
A chegada dos ‘’hereges’’ ao Brasil: A França Antártica




A chegada dos europeus às Américas mudou drasticamente o modo de viver
dos povos autóctones dessas terras. Estima-se que no Brasil existiam
cerca de dois milhões de habitantes de diversas etnias.



Os portugueses que aqui chegaram seguido logo após de franceses ,
ingleses , espanhóis , entre outros, não se importaram em respeitar ou
preservar a culturas desses povos.



Portugal viu que era possível chegar à Índia contornando a África
dominando assim o comércio das especiarias. Essa era uma fonte de
grandes riquezas para sua econômica.



Por esse motivo as terras do Brasil teriam sido deixadas de lado, logo
ao princípio da colonização. Os lucros não seriam fáceis e imediatos.
Mas com outras expedições enviadas pela coroa lusitana para melhor
reconhecimento dessas terras viu-se que era necessário explorá-las
melhor, portanto, colonizar de fato. Se tinha notícias de que a Espanha
tinha descoberto algumas minas de prata e ouro no México e no Peru.
Fora isso o comércio dos portugueses com o oriente começa a entrar em
decadência.



A partir de 1530, data a chegada de administradores enviados pela coroa
para melhor reconhecimento do lugar. As terras eram muito extensas e
isso dificultava a exploração.



Devido o tamanho continental do Brasil, Portugal não conseguia fazer
com que outros povos europeus se distanciassem do lugar. Destaque
especial para os franceses os quais faziam um comércio intenso com os
nativos na extração de pau-brasil, sendo os tupinambás e tamoios os que
mais fizeram contato.



Esse comércio não era permitido, pois de acordo com o [24]tratado de
Tordesilhas só Espanha e Portugal poderiam explorar esses novos
domínios. Isso despertou a ira do Imperador francês Felipe II, o qual
discordava sobremaneira do tal tratado.



Tanto potugueses como espanhóis despertaram imenso fascínio aos
nativos. Segundo Frei Vicente Salvador eles consideraram os europeus
como sendo deuses, assim como teria ocorrido na nova Espanha. Seriam
seres divinos. Chamaram os portugueses de '' caraibas'' e aos inspânicos
de ''viracoches''.



Interessante notar que junto aos interesses econômicos se mesclavam
fatores religiosos. Esses gentios seriam sempre salvos para a honra e
glória dos Imperadores europeus como também para cristo. Dessa forma é
realizada a primeira missa no Brasil como forma de comprometimento dessa
gente com o verdadeiro deus europeu. Mesmo sem saber se ela estava de
bom grado ou não.



brasil - Os primeiros protestantes no Brasil colonial: Séculos XVI a XVII Pp2
Ilustração 2 Victor Meirelles de Lima, A Primeira Missa no Brasil, 1860.



Óleo sobre tela; Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.



As pinturas de história se eternizaram no imaginário com tal força que é
quase impossível pensar na primeira missa sem nos remetermos
automaticamente a essa tela



Disponível em Acessado em 25/11/2008



A verdade é que esse século XVI viu pela primeira vez na história um
grande intercâmbio não só de produtos mas de idéias , valores, entre
as diferentes culturas que tinham sido separadas sabe-se lá como.
Espanto. Temor. Reações adversas por ambos os lados. E agora , a Bíblia
não dizia nada a respeito dessa gente...?



Portanto, sujeitos diferentes no modo de pensar a vida ,nas línguas e
costumes. Alguns autores tendem a ver nesse século alguma ''espécie de
globalização''. Contudo, isso só verdadeiramente será visto na década de
80 do século XX, data do avanço e desenvolvimento da informática.



O século XVI com seus humanismos e renascimentos viu e testemunhou uma
sociedade com uma organização estamental e hierarquizada; além de
assistir no plano político a consolidação do regime absolutista, embora
não de forma completa.



Nesse momento o Estado moderno ganha corpo . Ele realmente faria seu papel de res publica. Isso
não era novidade . Mas uma verdadeira máquina de burocratas surgira
para dar conta dessas e outras necessidades dos homens desse período.



Época de grande aumento de poder dos manarcas . Como dito até mesmo
Felipe II rei de França desafiara Portugal e Espanha no que diz respeito
aotratado de tordesilhas. Teria sido o primeiro acordo internacional entre Estados.



Tal acordo não tivera a consulta do Estado francês , daí a indignação surgida nesse período.



Essa nova gente era considerada uma ''tábula rasa''. Nela seria fácil
depositar toda e qualquer doutrina religiosa que facilmente se
converteriam a fé católica. Isso não só para os católicos mas também
para a nova religião reformada recém surgida na Europa: O
protestantismo.



Se essa nova doutrina estava gerando tantos conflitos no velho
continente isso era de se esperar que logo chegasse a essas terras. Um
verdadeiro choque de civilizações , idéias e doutrinas religiosas
estava por surgir e tornar o Brasil não só a maior nação católica do
mundo mas o país com um dos maiores sincretismos religiosos do mundo.



Africanos também chegavam aos milhares nos navios negreiros.
Transportados como animais. Eram tirados de suas famílias, privados de
sua liberdade, cultura e , claro sua religião tida como demoníaca ,
assim como às dos nativos do novo Mundo. [25]Esse comércio de mercadoria
humana duraria séculos num ciclo vicioso. Era o triâgulo Ámérica,
África, Europa no qual saiam beneficiados os Europeus.



Esses habitantes das Áfricas também iriam sofrer duplamente. Primeiro
porque os europeus- católicos não aceitaram as suas práticas religiosas
; Segundo sofrimento viria por parte dos também europeus, porém de
outro ramo do cristianismo recém instituido no velho mundo : Os chamados
protestantes. Esperava-se desses um tratamento mais brando. Porém, o
contrário ocorreu.



Dessa mistura de ritos e culturas que culminaram nesse sincretismo
religioso bem relatou a filha do literata Antônio Candido, a
historiadora Laura De Souza e Mello Em seu livro[26] '' O diabo e a terra de santa cruz: feitiçaria e religiosidade no Brasil colonial’’
no qual ela relata a mistura de atividades religiosas no Brasil
colônia. Crenças nativas com doutrinas cristãs e , ainda as crenças
vindas [27]das Áfricas. Possivelmente isso ocorresse mais pela
ausência de um chefe religioso, o qual levaria cerca de até quatro meses
para chegar ao Brasil.



Esse momento da História do Brasil ainda é retratado por muitos com
olhares eurocêntricos. Ao católico lhes é dado o direito de rezar a
primeira missa. Esse tipo de cerimônia religiosa é descrito nos livros
didáticos de todos os Estado brasileiros como sendo um momento em que a
verdadeira religião teria chegado a essas gentes.



Interessante notar que a presença protestante não é apontada como
relevante no que tange as questões didáticas no Brasil colonial. Nos
cursos de licenciatura no Brasil sempre se verifica a questão da
educação formulada pelos jesuítas.



Há uma completa ausência[28] de informações quanto aos protestantes,
relativo às questões educacionais. Em sua tese de mestrado a literata
Eunice Ladeia Lima bem vai relatar essas questões.



Sua tese tem uma importância fundamental, pois contribui e inova
demonstrando que os princípios da educação no Brasil não ficaram
restritos somente à Igreja católica. Sua tese se tornou um livro
publicado pela editora Regis universitária.



Para Ribeiro Boanerges a História e as influências culturais desses
protestantes não teriam importância no Brasil- colônia, pois essas
correntes verdadeiramente só seriam introduzidas de, fato, a partir do
século XIX. Nessa época data a vinda de diversas instituições
protestantes ao Brasil. Diferentemente do período no qual estamos
estudando onde as incursões eram basicamente feitas pelos pertencentes
ao ramo de Calvino.



Nessa obra o autor vai tratar da ação de presbiterianos em Minas
Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Esses religiosos quase não são
mencionados como relevante no século XVI.



Outros autores como José Carlos Barbosa também seguem a mesma linha de
estudos. Para ele todas essas tentativas de incursões protestantes não
seriam relevantes a um estudo mais aprofundado, pois ‘’ ...foram
frustadas tentativas de instalação do protestantismo no Brasil
reforçaram a convicção de que a colônia portuguesa era um ‘’jardim
feixado’’ e que deveria continuar sendo protegida ‘’[29].



Portanto, a sociedade estaria adaptada e entranhada de religiosidade
católica , sendo dura com relação à catequese protestante. Esses
protestantes também estariam mais ligados a questões políticas e
econômicas do que propriamente com convicções religiosas, principalmente
no Governo de Nassau onde teria ocorrido certas permissividades quanto a
outras religiões ( veremos isso no próximo capítulo).



Por essa adaptação e estranhamento à doutrina protestante fizeram do
Brasil uma nação católica , portanto com pesquisas acadêmicas ligadas a
essa religião predominante, até mesmo pela influência política exercida
pela Igreja católica por mais de 300 anos.



Ainda em Barbosa , analisando o Brasil já no império ele vai observar
nesses religiosos muita criatividade e coragem . Contudo , estando mais
preocupados em buscar seu espaço religioso do que por exemplo se
preocupar com a escravidão dos povos africanos.



O tratamento dado ao negros no Brasil- Império seria exercido de forma
cruel tanto por católicos, como por protestantes. Não havia muita
diferença.



Nesse período eles (protestantes) ‘’ ficaram mais preocupados e
obcecados na tarefa de implantação da nova religião num país impermeável
, um ‘’jardim feixado’’, protegido e dificil de entrar’’[30]. A missão
seria , acima de tudo, espiritual . O combate não era feito à
instituição escravocrata . Isso não parecia ser relevante , mas sim,
tirar as pessoas das práticas católicas consideradas ultrapassadas pela
Igreja reformada.



Assim , os estudos sobre o protestantismo no Brasil ainda são escassos quando se trata do período colonial.



A primeira leva de protestantes para o Brasil teria saído em 14 de
Agosto de 1555 da França. Comandada por Nicolau Duran de Vilegaignom ,
cavaleiro da ordem de malta[31], da qual sua família já era
participante.



Para ingressar nela seria necessário um engajamento ferrenho nos
desígnios do catolicismo e Vilegaignom não fugia à regra. Participou
ativamente nas cruzadas contra os mouros. Portanto, tendo grande
experiência em terras distantes e com gentes de costumes e fé
diferentes dos europeus.



Devido a seus méritos foi condecorado vice-almirante da Bretanha em
1553. Assim , seria a pessoa mais indicada para se dirigir às terras do
novo mundo, as quais já a partir de 1550 já vinha sendo costeada pelos
próprio franceses. Contudo, essas incursões eram apenas esporádicas.
Fazia-se , como já dito comércio com os nativos com uma árvore muito
existente nesse período.



Já em 1554 Vilegaignom fizera uma viagem rápida ao Brasil como forma de reconhecimento da área.



À bordo dessa viagem vieram não só os protestantes como também vieram
os católicos. Os conflitos religiosos que travados em solo europeu com
certeza não tardaria em aparecer.



Na chegada escolheram uma ilha denominada de Serigipe para se
instalarem. Lá se fundou um forte denominado Coligny, em homenagem a
Gaspar de Coligny.. Posteriormente , essa ilha seria chamada de ilha de
vilegaignom. Tal nome permanece até os dias de hoje onde se encontra a
escola naval. Ao seu lado o aeroporto Santos Dumont.



A questão historiográfica acerca da fundação da França Antártica ainda é
tema de grandes controvérsias . Para alguns seria uma tentativa de
estabelecer uma colônia para refugiados das guerras de religião na
Europa ; para outros o interesse era apenas econômico, ou seja, de
conquista de novas terras.



Aqui os protestantes poderiam viver e propagar suas idéias sem serem
importunados. Dessa tese vai discordar Cyro Silva. Para ele ‘’ não havia
, por conseguinte objetivo religioso na famosa expedição da França
Antártica como se propala e sim o de conquistas de novas terras’’[32].



Essa tese pode ser verdadeira. Pois se Vilegaignom era um cavaleiro da
ordem de Malta , tal atitude de criar um lar para os protestantes seria
contraditório para com alguém que professava e participava do culto e
das missões católicas. Seria assim, considerado um herege, apóstata da
fé.



Vilegaignom tinha um espírito aventureiro. Talves quisesse criar uma
colônia cristã sem distinções de credo . Mas , isso são apenas
especulações.



Em 1557 chega um grupo de calvinistas ao Brasil. Os recursos
solicitados por Vilegaignom não puderam ser atendidos pelo rei de
França devido aos poucos recursos financeiros à época. Dessa forma
Gaspar de Coligny teria requisitado junto à Calvino um grupo de pessoas.
Coligny havia recentemente se convertido a nova religião reformada. Daí
seu interesse em enviar representantes . Eles fugiriam das questões
religiosas na Europa.



A bordo vieram 12 pastores/Ministros protestantes. Entre eles se
destacava Pierre Richier, Guiherme Chartier , além do jovem Jean de Lery
, o qual vai escrever posteriormente um livro denominado ‘’viagem à
terra do Brasil’’. Nesse livro ele vai retratar as coisas que viu na
nova terra e os conflitos ocorrido entre católicos e protestantes acerca
de questões teológicas , as quais permanecem até os dias de hoje.



Os escritos de Lery muito se assemelha à moda renascentista de
Montaigne. Nela contém relatos imparciais sobre os rituais de[33]
antropofagia existentes entre as populações nativas do Brasil.



Na chegada os religiosos foram bem atendidos por Vilegaignom. Em
princípio ele demonstrava ter bastante simpatia à nova religião. Fez até
mesmo uma oração aos moldes reformistas. E, disse que iria fazer de
tudo para apoiar um lar protestante naquele lugar .



No mesmo dia foi registrado o primeiro culto protestante no Brasil. Talvés até mesmo das Américas.



O culto foi ministrado pelo Pastor Richier . Ele utilizou o salmo XXVII
que diz’’ Pedi ao senhor uma coisa que ainda reclamarei e que é a de
poder habitar na casa senhor todos os dias da minha vida’’[34]. Tal
oração ainda é muito aplicado em rituais fúnebres de protestantes nos
Estados unidos dos dias de hoje.



Durante o culto Vilegaignom se comportava como um protestante.[35]
Fazia gestos semelhantes. Para Lery ele era uma ‘’espécie de São Paulo
recém-convertido , pregava como ninguém a religião reformada’’. Talves
seu comportamento fosse apenas com intuito de mais adiante levar
vantagem em algo, pois se tratava de um homem muito inteligente.



Exigia disciplina eclesiástica contra os pecadores. Ambos os modos de
pensar, tanto católico como protestante ainda guardavam esses preceitos.



Nesse período colonial além de ser realizado o primeiro culto
protestante [36], também foi realizado a primeira santa ceia aos moldes
dos reformadores ocorrida no dia 21 de março de 1557; no mês seguinte se
realizou o primeiro casamento protestante no Brasil , no dia 3 de Abril
. Isso causou espanto e admiração aos nativos . Eles ainda não haviam
visto mulheres brancas e ainda por cima vestidas.



Os casamentos tiveram que ocorrer . A união carnal com os nativos
havia sido proibida por não professarem a mesma fé. Isso tanto da parte
dos protestantes como dos católicos. Também nesse período ocorreram os
primeiros batismos indígenas feito por protestantes.



Na Santa ceia , Vilegaignom faz uma oração a qual Lery destaca: [37]‘’
Meu Deus , abre os meus olhos e a minha boca do meu entendimento,
acostuma-os a te dirigir confissão, preces, e ações de graças pelo muito
bem que nos tem feito. Deus onipotente, vivo e imortal, pai eterno do
teu filho Jesus Cristo, nosso senhor, que por tua própria providência
governas com teu filho todas as coisas no céu e na terra ... reconheço
de coração, perante sua majestade e a tua Igreja nesse pais ,
implantada por tua graça..’’..



Uma oração marcadamente ao estilo protestante , pois em momento algum
ele fala em santos ou a virgem Maria. Isso seria algo presente mais nas
cartas de José Anchieta.



Outra característica marcante na oração é ele admitir a existência da
Igreja reformada no Brasil. Seria apenas uma Dissimulação?



A máscara possivelmente cai quando da distribuição dos elementos da
santa ceia: o pão e o vinho. Para o catolicismo o pão e o vinho
realmente representavam o corpo de cristo. Portanto, a essência não se
separaria da matéria. João Cointra - Um daqueles que também , assim como
Vilegaignom professaram a nova religião- começaram a fazer contendas.
Daí as primeiras disputas teológicas no Brasil.



Não se sabia o que se passava ao certo na mente de Vilegaignom. Na
segunda santa ceia mais debates. Desta vez com relação ao casamento de
ministros da palavra, ou seja, se àqueles que se dedicam a pregar a
palavra poderiam ou não se casar.



Chega a enviar Chartier à França para colher informações com teólogos e até mesmo com Calvino acerca da santa ceia.



Tais dúvidas não pertubava Lery, o qual tudo se baseava nas
escrituras sagradas. Ele diz [38]‘’ Em suma , fiando-se tão somente em
sua opinião própria , que não tinha fundamento na palavra de Deus, tudo
se pós as dirigir a seus bel-prazer ‘’.



Tais argumentos professados pelos protestantes irritam tanto
Vilegaignom que ele chega a considerar Calvino um herege. Além de
Proibir orações até certas horas da noite.



Para o Teólogo Rubem Alves , o qual vai descrever brilhantemente uma
outra versão do protestantismo pregada pela Reforma : pentecostais do
no século XX ‘’[39]o novo recém- convertido fala de outra forma muito
diferente daqueles que já se converteram há muito tempo. O converso está
no limiar do universo. Ainda não penetrou nele’’.



Possivelmente isso estivesse ocorrendo com Vilegaignom. Apesar de Alves
está analisando um outro contexto histórico. De qualquer forma ele
desperta ambigüidades por ambos os lados não deixando claro a qual fé
realmente pertence.



Teria submetido a todos em trabalhos árduos. Muitos fugiram e foram viver entre os nativos.



Outras versões dão conta de que as mudanças sofridas por Vilegaignom
foram pressões feitas pelo cardeal de Lorena, o qual exigia uma posição
dele. Assim , ele temeroso das conseqüências teria abdicado da fé
reformada.



Com a proibição da santa ceia, os reformados passaram a celebrá-la à
noite . Isso sem o consentimento do comandante. Em fins de Outubro eles
são expulsos. Assim, eles tiveram que se instalar num lugar chamado
Olaria, onde permaneceram por dois meses à espera de um navio que os
conduzisse de volta à Europa.



Mantiveram contato constante com os nativos, assim como já o faziam
quando estavam na ilha. Tinham um bom relacionamento com esses.



Tais contatos vão ser descritos posteriormente como dito por Jean de
lery. À época apenas um simples sapateiro e seguidor de Calvino . Depois
tornara-se teólogo em Genebra e foi ordenado pastor. A pedido dos seus
amigos resolveu escrever sua estadia entre os nativos do Brasil.



Vai descrever com detalhes todos os aspectos da vida indígena,
revelando grande simpatia e percepção. Seu livro é de estrema
importância por relatar com detalhes a vida cotidiana desses povos , até
mesmo suas canções.



A partida desses religiosos data de 4 de janeiro de 1558, quando data
da vinda de um navio vindo de Havre . Porém, dada as péssimas condições
do navio muitos tiveram que retornar ao forte coligny . A maioria dos
letrados seguiu a bordo. Apenas Pierre Bourdon ficou com eles. Os que
partiram chegaram cinco meses depois



Novamente uma atitude estranha de Vilegaignom. Ele os recebe de forma
cordial. Isso mudaria doze dias depois quando ele resolve novamente
considerá-los traidores , espiões, hereges, e como representante do rei
Henrique II poderia fazer com que eles abdicassem publicamente de sua
fé.



Assim, foi formulado um questionário com questões doutrinárias as quais
deveriam ser respondidas em doze horas. O mais sábio entre eles era
Pierre Bourdom , porém não era teólogo nem tão pouco conhecia a Bíblia.
Era grande conhecedor do latim.



O questionário foi assinado por todos como sendo verdadeiro. Contudo,
Vilegaignom mandou prender a todos e depois mandou executá-los. Teria
sido o primeiro martírio de protestantes no Brasil, possivelmente das
Américas.



Ao voltar à França o comandante da expedição francesa teve diversos escritos publicados contra a religião reformada.



Após 1558, ainda perdurariam os conflitos entre portugueses e
franceses. Esses últimos só seriam expulsos em 1567 sob a liderança de
Estácio de Sá. Foram várias incursões militares até essa data. Era o fim
da França antártica.



Porém, os ataques continuaram por parte dos franceses em outro lugares
do Brasil como na Bahia , Maranhão, Rio Grande do Norte , Sergipe.
Estudos sobre essas incursões não irei me ater . Nelas não havia
presença protestante, a qual é meu foco de estudo.



Outra nação Será tratada no próximo capítulo. Dela nos ateremos a um estudo mais aprofundado.

Lourival soldado cristão
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brasil - Os primeiros protestantes no Brasil colonial: Séculos XVI a XVII Empty 4. Os ‘’hereges’’ chegam à Pernambuco

Mensagem por Lourival soldado cristão 3rd junho 2012, 2:23 pm

4.
Os ‘’hereges’’ chegam à Pernambuco




A Holanda[40] no século XVI cresceu bastante em diversos campos, tais
como: Cartografia , construção naval e instrumentos de navegação. Assim,
ela não queria ficar para trás na conquista de novos territórios já
conquistados por Portugal e Espanha.



Em 1580 deu-se a união das coroas Ibéricas. Nesse período o Brasil
passaria a ser domínio da coroa espanhola. Um ano depois dessa união os
holandeses se declaram independentes frente a Espanha.



Tais atitudes firmes e fortes fizera dos flamengos um povo batalhador.
No ano de 1602 foi fundado a companhia das índias orientais (WOC) , a
qual rapidamente foi transformada numa grande fonte de riqueza para a
Holanda.



Empolgados com os sucessos de tal empreendimento se criou a WIC(
companhia das índias ocidentais) no ano de 1621. Ela visava o comércio
de açúcar e do pau-brasil , implantação de colônias. Geralmente se fazia
incursões piratas.



Tais práticas consideravam a costa do nordeste brasileiro como ponto
estratégico. Diversos navios espanhóis eram interceptados . Isso
facilitaria na luta batava contra a Espanha, pois os navios vinham
carregados de produtos.



Em 1624 a companhia fez uma tentativa frustrada de tomar Salvador , na
Bahia. Lá são contidos por negros, índios e brancos , os quais teriam
sido incitados por Dom Marcos Teixeira para que se pudesse combater os
‘’infiéis protestantes’’. Se não obtiveram sucesso então se fazia
necessário partir para outro lugar onde pudesse ser rentável o comércio
de açúcar e Pernambuco não fugia à regra.



Em 1630 conseguiram invadir Olinda. Os objetivos maiores eram toda a costa do nordeste do Brasil.



Os diretores da companhia das índias ocidentais[41] viram que seria
necessário ter ali estabelecido um administrador competente para dirigir
os negócios. Assim , em 1636 eles enviam ao Brasil Maurício de Nassau.



Era ainda jovem para um cargo tão importante. Havia estudado na
Alemanha , Basiléia e Genebra- berço do calvinismo. Isso o fez um grande
admirador das artes do período. Era corajoso. Se alistou no exército
para combater contra a Espanha.



Em suas expedições sempre se podia encontrar artistas e cientistas. Era
um mecenas nas artes e ciências do novo mundo. Em sua estadia no Brasil
foram realizados diversos tipos de estudos na área de botânica,
cartografia , astronomia, entre outras áreas do conhecimento.



A paz não iria tardar em desaparecer quando os Portugueses se tornaram
independestes da Espanha em 1640, preocupando-se mais com seus domínios
no Brasil. Daí a grande insistência de Nassau para que os diretores da
companhia das índias injetassem mais dinheiro a fim de melhorar os
empreendimentos.



Nessa época a companhia passava por alguns problemas e as recomendações
de Nassau não foram ouvidas. Ele retornaria à Holanda em 1624. Pesava
sobre ele muitas acusações. Alguns o consideravam bastante elitista
devido ao seu posicionamento quanto às artes e gastos suntuosos nesse
setor. Os objetivos da companhia era retirar ao máximo tudo que pudessem
em recursos minerais da colônia, para isso fazendo investimentos
visando somente esse intuito.



Juntamente com ele foi-se uma gama variada de informações e documentos
àcerca do Brasil. Isso estimularia ainda mais a curiosidade européia
sobre a fauna e flora do novo mundo bem como de sua gente.



Em todos os ambientes sociais a febre pelo conhecimento faz suscitar
nesses homens inquietações filosóficas , as quais eram reprimidas na
idade média. Agora se fazia de forma mais atenuante . Os séculos XVI e
XVII tiveram essas características.



A Europa do século XVI está profundamente marcada por um grande
fortalecimento da burguesia mercantil. Velhos hábitos e costumes são
modificados , isso porque a rigorosa ordem imposta pelas elites ainda
resistia às mudanças de um mundo em rápida modificação após o colapso da
sociedade feudal.



Antes o conhecimento do ocidente cristão sobre o resto do mundo tinha
por bases fontes árabes, alguns escritos de Marco Pólo, entre outros.
Isso os direcionava a um oriente quase mítico. Haveria seres
mitológicos. Fauna e flora completamente estranha às realidades
européias. Lugares povoados por monstros. Talvez o paraíso descrito na
Bíblia estivesse em algum lugar perdido. Isso estimulou a muitos na
busca de reinos míticos, como o de Prestes João.



No capítulo anterior se questionou quais os objetivos dos protestantes
quando aqui se estabeleceram em 1557, data da vinda dos Ministros da
Igreja reformada. Os objetivos dos Ministros da França Antártica eram
religiosos. Contudo, os interesses econômicos e religiosos por parte dos
franceses já entranhados há séculos falaram mais auto



Vilegaignon soubera tirar proveito da situação. A criação de uma pátria
para a prática da religião protestante parece ter sido uma farsa . Na
verdade os interesses pareciam mais ser de ordem econômica do que
propriamente de religiosa.



Diferentemente da França, a Holanda mesmo em tempo anteriores à reforma
protestante no século XVI , já havia recebido grupos perseguidos por
suas práticas religiosas . Na época da instalação da inquisição na
Espanha de Fernando e Isabela considerados reis católicos houve
perseguição e expulsão de muitos judeus.



Muitos se converteram e se tornaram ‘’cristãos novos’’; outros buscaram
refúgio na Holanda. Interessante observar que os judeus sempre foram
hábeis comerciantes. Isso contribuiu e muito para que a Holanda se
tornasse uma nação mais aberta frente às novas idéias tão em voga nesse
período.



Instalados em Pernambuco os holandeses tomaram diversas atitudes para
que sua empreitada obtivesse sucesso. Ofereceram empréstimos a
fazendeiros locais para que se pudesse investir no setor de exploração
da cana-de-açucar, plantações e aquisição de escravos. Tais empréstimos
iriam redundar em conflitos com os senhores de engenho que não
conseguiam sanar suas dívidas junto aos holandeses.



Diversos melhoramentos urbanos foram introduzidos no Recife nesse
período tais como: Um grande observatório astronômico talves tenha sido o
primeiro das Américas; construção de pontes, entre outras obras
urbanas.



Foi concedida liberdade de culto para os judeus cuja maioria era
composta por holandeses; construção de sinagogas; igrejas católicas e
protestantes. Além de holandeses também havia alemães , italianos,entre
outros.



brasil - Os primeiros protestantes no Brasil colonial: Séculos XVI a XVII Pp3
Ilustração 3
Essa teria sido a primeira sinagoga oficial de todas
as Américas. O templo fica localizado na antiga rua dos judeus em
Recife. Essa rua agora se chama rua do bom Jesus. Disponível em <
http://peregrinacultural.wordpress.com/2008/08/10/> Acessado em
25/11/2008.



Porém, tal liberdade era restrita somente aos brancos, principalmente
os judeus que constituíam a grande massa pensante e intelectual da
cidade. Além de produzirem conhecimento em diversos setores também
estavam envolvidos no tráfico de escravos.



Os nativos eram melhor tratados do que os africanos. ‘’Muitos desses
escravos vinham da costa da Guiné . Eram submetidos a trabalhos árduos e
fatigantes, péssimas condições, opressão de feitores, não muito
diferente do que ocorria com o portugueses’’[42] é o que vai relatar
Pedro Puntoni.



Portanto, na visão de Puntoni esses interesses econômicos sobrepunham às questões religiosas.



Também em Pierre Moreau[43] podemos encontrar tais atitudes. O cronista
que aqui esteve nesse período vai descrever os maus tratos dados a essa
gente. Vai acusar Nassau de ser corrupto. Esse cronista teria se
oferecido para vir ao Brasil. Ele era um dos que compuseram o governo
holandês. Tratava-se de um francês, portanto. E, além de acusar Nassau
ainda vai acusar ou luso-brasileiros de fingidos e os diplomatas
portugueses de falsos e mentirosos.



Os objetivos além dos interesses econômicos nessa região também seria
catequizar os nativos, os quais teriam sido postos sob a proteção do
governo neerlandês. Haveria um amplo projeto de educação para esses
povos. Iriam aprender o holandês e possivelmente teriam a capacidade de
pregar a palavra no meio daqueles da sua língua.



Apesar de todas as ditas liberdades ainda assim pairava uma certa
moralidade. Os habitantes estavam sob constante vigília, fossem livres
ou escravos. Tais normas partiam dos Ministros protestantes do ramo de
Calvino.



Portanto, um projeto de governo com bases nos idéias reformistas.
Quanto a questão da educação era seria restrita aos europeus e nativos.
Estariam de fora os africanos.



Os escravos teriam que trabalhar aos domingos e não poderiam ir à
Igreja. Muitos escravos preferiam aos judeus como patrões . Talves
porque os pertencentes a esse grupo religioso lhes davam folga aos
sábados, pois há uma norma no judaísmo relativo ao sétimo dia da semana
como sendo sagrado.



Havia diversas outras normas impostas aos negros africanos pela
‘’Igreja de Recife’’[44], tais como : Punição a qualquer negro que fosse
pego em adultério ou em prostituição; os escravos comprados se fossem
casados não poderia serem separados; daí pode se supor que havia
casamentos sob os auspícios da Igreja reformada.



Com relação ao casamento de negro com pessoas brancas isso não era de
forma alguma permitida. O batismo de escravos só seria feito se seus
país fossem holandeses. Dessa última premissa subtende-se algo
contraditório, pois se não era permitido a união de brancos e negros,
então como existiria escravos filhos de holandeses?



Analisando as normas citadas se percebe que aos negros lhes restava
obedecer a preceitos morais, os quais em África como a poligamia era
algo comum dependendo de onde tivesse vindo o escravo. Tal prática
estava em sua cultura há milênios.



O modo de viver da Igreja reformada dizia ser a monogamia a forma mais
correta de se viver. Ao homem possuir uma só mulher e vice-versa. Tais
normas haviam sido apontadas tanto por Vilegaignom como pelos Ministros
protestantes na França Antártica, ou seja, normas religiosas do
cristianismo em suas duas vertentes sendo inculcadas sem a vontade ou
consentimento do ouvinte.



À escravidão se seguia a desculpa de que seria necessário trazê-los a
verdadeira fé. Seus novos donos deveriam instruí-los nos ditames da
igreja reformada. Era um racismo institucionalizado. Seguia leis e
normas ditadas pelo governo.



Muitos desses africanos foram utilizados na luta contra os portugueses. Alguns chegaram até mesmo a destacamentos de comando.



Contudo, essas guerras com os portugueses só permitiram a afirmação de
umas das grandes formas de resistência à escravidão: Os quilombos. Foram
bastante perseguidos pelos capitães –do- mato , os quais nem eram
holandeses pois esses não teriam habilidade e destreza nas matas dos
sertões nordestinos.



Após 1654 , os portugueses iriam ter bastantes dificuldade na captura e cerceamento dessas comunidades quilombolas.



As preocupações lusitanas não só por partes de comerciantes como também
por àqueles que defendiam os posicionamentos da Igreja católica.



No livro de Marcos Galindo intitulado ‘’viver e morre no Brasil holandês’’,
há um artigo do pastor , teólogo e historiador Leonardo Schalkwijk
onde ele vai relatar a catequização feita pela Igreja reformada nos
sertões do nordeste.



Em seu artigo Schalkwijk as vezes não parece ser nada imparcial pois
ele parece não enxergar algum tipo de escravidão cometido pelos
europeus . Pois ele diz ‘’ procuravam viver a Bíblia como norma de fé e
prática como verdadeira ‘’prática da piedade’’ não no sentido de
afastamento do presente mundo, mas, partindo da submissão ao SENHOR
saiam para o seu trabalho no seio da sociedade esforçando-se para
aplicar todos os princípios bíblicos em todas as áreas da vida
diária’’[45].



A partir desse relato parece ficar claro que essas pessoas não
praticavam mal algum. Tudo seria feito para a obra e bem de cristo e da
Igreja reformada. A crueldade cometida por esses homens não aparece em
momento algum no artigo de Leonardo Schalkwij.



Isso contraria as pesquisas de Pedro Puntoni as quais não demonstram abrandamento, ‘’bondade’’ , por parte desses religiosos.



Isso não desmerece as pesquisas de Schalkwij. Ele vai de encontro a
tese de que é válido um estudo aprofundado desse momento tão importantes
da História do Brasil. Em suas pesquisas ele vai relatar a existência
de cerca de vinte e duas Igrejas evangélicas , ou templos da religião
reformada em todo o nordeste.



brasil - Os primeiros protestantes no Brasil colonial: Séculos XVI a XVII Pp4
Ilustração 4. Único templo protestante do Brasil colonial ainda de pé
no Recife. Disponível em sti.br.inter.net/cvricas/Pesquisa
/BrasilProt.htm Acessado em 25/11/2008.



O maior deles se encontrava em Recife e Maurício de Nassau seria um
freqüentador assíduo. Portanto , assim como a Igreja católica a nova
instituição também era atrelada ao Estado. Viera junto com ele. Assim
também saiu.



O Estado deu todo o apoio ao empreendimento missionário. Seriam
intuitos políticos pois se esses ‘’brasilianos’’ ( assim eram chamados
os indígenas) ficassem ao lado dos batavos seria bem mais fácil derrotar
os portugueses.



Da mesma forma que os jesuítas os missionários protestantes também
fizeram aldeamentos para poderem propagar sua fé. Durante a permanência
dos Ministros protestantes nessas aldeias eles teriam gozado de paz.



Mas , ao saírem os holandeses quando da sua expulsão do Brasil eles
começaram a ser dizimados pelos portugueses. Mesmo antes isso já estaria
acontecendo pois as doenças trazidas por várias nações européias já
havia deixado seu rasto.



Apesar de contemporâneo Leonardo diz em outra passagem ‘’ Quanto ao
mais , viviam em suas crenças animistas, pintando seus corpos com figura
do diabo, cruzes e evocações latinas’’[46]. As cruzes nos corpos se
fazia devido a permanência de padres antes da vinda desses outros
religiosos.



Esse depoimento difere completamente de lery, apesar dele ter vivido
cerca de cinco séculos antes de Leonardo. O pensamento de Jean de lery
estava muito além da sua época sendo utilizado até hoje para se
entender melhor os primeiro habitantes do Brasil. Lery nos descreve como
ninguém os rituais antropofágicos praticados por esses povos.



As entradas nos sertões eram feitas por diversas pessoas interessadas
nesses objetivos religiosos. Muitos eram professores que deveriam
aprender o idioma dos nativos.



Alguns pastores se destacaram tais como: Soler e David a Doreslaer.
Isso teria ocorrida principalmente a partir de 1637. Foram feitos
diversos contatos com povos de vários lugares do interior do nordeste.



Assim como na França Antártica questões teológicas não tão quentes
também ocorreram. Tinha-se dúvida acerca dos sacramentos. Entre eles a
santa ceia e o batismo.



Esses Ministros muitas vezes traziam seus filhos ainda crianças para se
instalarem dentro das aldeias a fim de que com o tempo pudessem
aprender a língua dos nativos. Ficaria mais fácil se compreenderem.



Não demorou muito tempo e alguns nativos aprenderam a ler e a escrever.
Posteriormente se tornariam professores. Teriam sido os primeiros
professores nativos da Igreja reformada na América do Sul.



Posteriormente muitos teriam sido enviados à Europa . Muitos
retornariam até mesmo bem adaptado aos hábitos do velho mundo; outros
morreram por condições adversas como o clima e doenças.



Assim, os holandeses dominaram o nordeste brasileiro por cerca de vinte
e quatro anos. E esses religiosos deixaram suas marcas. Não só os
protestantes como também judeus. Ainda há uma sinagoga no Recife que
data ainda desse período.


5.
Conclusão




Com o grande crescimento dos chamados evangélicos em todo o Brasil e a
América Latina se faz necessário um estudo aprofundado de suas
verdadeiras raízes.



Contudo, não é possível compreender tal crescimento se não conhecermos
suas bases históricas com as quais tentam se legitimar. A reforma
protestante ainda é um assunto pouco estudado até mesmo nos países onde
ela teve maior intensidade.



A historiografia brasileira precisa se ater mais as questões novas que
são postas com relação a esses grupos religiosos. Não sendo possível
entendê-los somente a partir dos séculos XVIII e XIX.



São diversos os motivos que nos fazem entender as razões pela quais
esses grupos são merecedores de estudos. Aqui no Brasil teria se
realizado o primeiro culto protestante, sendo talvés o primeiro culto
desses religiosos nas Américas.



Além da prédica realizada, aqui também no século XVI ocorreu o primeiro
casamento protestante do Brasil, celebrado pelo Ministro/missionário
Richier. Fora isso foram construídos diversos templos desses religiosos
em Pernambuco. Muitos até poderiam ser patrimônios históricos se não
tivesse sido derrubados quando Portugal conseguiu expulsar os batavos do
nordeste brasileiro. Desses templos apenas um está intacto até hoje. A
iconografia segue em anexo nesse trabalho.



Questões novas como o estudo do continente africano e povos nativos do
Brasil são postas como fundamentais para se compreender a nação
brasileira . Esse estudo também procurou demonstrar como foi a reação
desses religiosos diante do ‘’outro’’, o estranho.



Assim , não é possível que um período tão vasto em documentos seja
desmerecedor de estudos. Se a França Antártica durou apenas cinco anos
isso não que dizer que não possa haver interesse em estudar os
religiosos dessa época. Afinal de contas onde os seres humanos puseram
os pés é possível, sim contar sua História. Ali deixaram vestígios.



Cabe aos historiadores fazerem uso de outras ciências auxiliares como a
antropologia, arqueologia, entre outras ciências que possam dar
subsídios para se estudar a presença humana em qualquer lugar do globo.



Assim , a religião é o último assunto que o intelecto humano principia
a saber. Nosso conhecimento é uma miragem que diminui em um deserto de
ignorância crescente.



Não conseguimos explicar a sobrevivência dos ‘’absurdos do sagrado’’
mesmo diante do surgimento de ciências que resultam num grande aparato
tecnológico.



Ao sábio lhe resta viver centenas de vidas ( existe vida após a morte?
Essa questão é posta em cheque pela ciência e também por algumas
religiões, isso não ocorre pelo cristianismo de uma maneira geral) para
compreender ‘’tais absurdos’’


6.
Referências Bibliográficas




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[1] Ver KLUG, João. Lutero e a reforma Religiosa.
FTD, São Paulo, 1998. Nessa obra é abordada algumas características de
Lutero, como de que família veio e como foram seus primeiros anos de
vida , estudos, entre outras.






[2] Klug,1998, p.14






[3]O oceano atlântico era visto como um lugar onde a certa altura
habitaria seres mitológicos. Muitos acreditavam que poderiam cair em
algum abismo. Por isso criam que alguns habitantes teriam aparências
demoníacas ; outros se assemelhando a mitos e lendas européias baseadas
no panteon grego como sereias, ciclopes, gigantes , entre outros seres.






[4]Ver FEBVRE, Luciem. O homem do século XVI. Em : Revista de História n 1. São Paulo , USP, 1950 p 11-16






[5]Para o historiador Hilário Franco Junior esse período fora
considerado por esses homens dos séculos XVI e também do XVII como sendo
uma interrupção no progresso da humanidade, o qual teria se iniciado
com os gregos e romanos. Em fim esse período é visto tanto por
protestantes, burgueses, reis , intelectuais como tempo de ‘’barbárie’’.
Contudo o autor vai procurar desconstruir a imagem negativa criada a
respeito desse período onde se produziu uma gama variada de
conhecimentos mesmo que muitas vezes cerceadas pela Igreja católica. Mas
isso que dizer que esse período seja tão desprestigiado. ( JUNIOR,
2006, pp12-13)






[6]Antes o latim era a língua predominante. Porém com a invasão de
outros povos europeus ao Império Romano a partir do século IV isso viria
a mudar muita coisa nos padrões e cultura desses povos. A religião
teria que ser transmitida, contudo o latim e a escrita ainda eram
enigmas para os chamados bárbaros. Com o término da idade Média esses
movimentos de contestação vão bater de frente com aqueles que rejeitavam
a pregação nessas línguas. O mais veementes foi Martinho Lutero.






[7] Esse conceito é abordado por muitos como significando algo
macabro, oculto. No século XVI poderia se fazer oculto pois a religião
predominante não aceitava de forma alguma essas novas idéias. No sentido
contemporâneo essas religiões advindas da reforma não se fazem mais
ocultas , sendo possível a todos ter acesso a seus cultos. Isso é claro
em países de culturas ocidentais. Já no século XVII , quando os
primeiros protestante chegam ao que seria o futuro EUA , fugindo das
guerras de religião,lá eles não podem ser considerados seitas, pois eram
a grande maioria. A Igreja católica era considerada como tal . O
dicionário Aurélio trata como seita aquela religião cujos membros são
minorias em determinados lugar, como é o caso da igreja católica no
atual EUA, alguns países escandinavos e países do Oriente médio






[8]KLUG, 1998, p.8






[9]Vê Atos dos apóstolos . Uma carta que segundo estudiosos do
cristianismo foi escrita por São Lucas , o qual além de apóstolo de
cristo, também seria médico. Outros a atribuem a São Paulo , pois se
assemelha ao modo de escrever das cartas paulinas. Nesse documento ele
vai demonstrar como viviam essas primeiras comunidades dessa época, seus
ritos , modo de vida, etc. Sendo os capítulos 1 e 2 os que deixam isso
mais claro.






[10]KLUG, 1998, p.10






[11] Carta escrita por São Paulo aos Romanos onde ele exorta esses
recém convertidos acerca da permanência na fé cristã. Esses cristos de
Roma ainda estariam presos a antigas práticas religiosas praticadas há
séculos pelos romanos. Isso era bem claro pois o seu panteon de deuses
era basicamente o grego. Isso não seria tolerável pelo cristianismo onde
seus Deus teria que ser adorado de forma espiritual. Até mesmo no velho
testamento , conhecido como torah pelos Judeus isso não era admitido.
Dessa forma Lutero vai enxergar isso como sendo idolatria, permanências
nas práticas antigas politeístas.






[12] MOURA ,2000, p.119






[13]Todo àquele que não mais proferisse a ortodoxia da Igreja
romana; seria um apóstata da fé. Muitos desses foram perseguidos e
presos , torturados e mortos na fogueira, como João Huss. No Brasil
colônia muitos , mesmo não sendo protestantes seriam perseguidos pelo
tribunal do santo ofício , órgão institucional católico que averiguava
práticas que não se adequassem às normas de Igreja.






[14]Ver estudo introdutório às 95 teses de Lutero na revista espaço acadêmico no site http://www.espacoacademico.com.br/034/
34tc_lutero.htm acessado em 04/11/2008






[15] BONI, 2000 P. 7






[16] A partir do capítulo 23 da Carta de São Mateus , ele descreve
as falas de Jesus Cristo acerca do futuro, como seria a vida das
pessoas, seus governantes. Dessa forma algum religioso em alguma época
poderá se tornar um governante. Justamente nesse período ou melhor
dizendo desde a idade média a igreja e o Estado não se separavam. Por
isso o papa é visto por muitos como o anti-cristo, alguém que se
levantaria e se diria representante de Deus na terra, como é caso dos
papas à época e até mesmo nos dias de hoje. Alguns não líderes
religiosos como Adolf Hitler fora considerado por alguns protestantes
como sendo essa tal anti-cristo. Até mesmo o papa João Paulo II , tido
por muitas religiões como um dos papas mais pacifistas da História
também fora acusado de ser tal figura. Isso continua até mesmo nos dias
de hoje nas figuras de Ozama Bim ladem,. Líder de organização terrorista
no oriente médio e ligado ao islamismo, além de outros grande lideres e
polítcos- religiosos sempre presente na mídia.






[17] Ver ( LUIZETTO, 1991, P. 52-53)






[18]Ver ( SEFFNER , 1993, P. 7)






[19] Descobrimento é um conceito bastante criticado pois a região já
era habitada por povos há séculos. Portanto, a terra já possuía donos.



[19] Assim foram denominados os habitantes autóctones dessa terra. O
foco principal era ir á Índia, daí o nome. Portanto , uma expressão
considerada eurocêntrica nos dias de hoje. A mais utilizada agora é a
expressão povos da floresta para se referir a qualquer nativo que habite
nas florestas do globo.






[20] Assim foram denominados os habitantes autóctones dessa terra. O
foco principal era ir á Índia, daí o nome. Portanto , uma expressão
considerada eurocêntrica nos dias de hoje. A mais utilizada agora é a
expressão povos da floresta para se referir a qualquer nativo que habite
nas florestas do globo.






[21]Ver (WEHLING, 1999, P. 55)






[22] Essa gente ainda não havia experimentado o conhecimento acerca
de cristo. Por isso eram considerados pagãos. Diferentemente dos
chamados mouros , ou mulçumanos da península ibérica principalmente
.Esses tinham conhecimento do cristianismo contudo o rejeitava.






[23] Pensamento que critica o absolutismo na Europa. Tem como
principais expoentes Rousseau, Montesquieu, Voltaire, Locke, Diderot e
D'Alember, entre outros. Defendiam ainda o domínio da razão, pois essa
iria derrubar a visão teocêntrica européia que vigorava desde a idade
média.Esse pensamento influenciou a revolução francesa, a independência
das treze colônias no que iria ser denominado Estados Unidos e até mesmo
na inconfidência mineiras no Brasil, entre outros movimentos de cunho
libertador






[24] Acordo que dividia as terras do novo mundo entre Portugal e Espanha.






[25] LOVEJOY, 2002, p. 59-105






[26]MELO, Laura De Souza E. O diabo e a terra de santa cruz: Feitiçaria e religiosidade no Brasil colonial. Companhia das letras, São Paulo , 1986.






[27] A partir dos anos 60 quando das descolonizações afro-asiáticas o
mundo passou por uma reviravolta. E a Áfricas agora não é mais tratada
simplesmente como sendo apenas um ‘’pais’’ , mas sim, um continente com
diferentes ecossistemas , línguas e culturas. Portanto , tratá-la no
plural , assim como a Europa, Ou ‘’Europas’’ , possui diferentes etnias
vivendo num mesmo continente.






[28]LIMA, Eunice Ladeia. Protestantes no Brasil – colônia: Contribuição para a cultura e a educação .Editora Regis universitária ,Dracena, 2004.






[29] BARBOSA, 2002,p.26






[30] BARBOSA, 2002, p. 20






[31]Organização militar católica






[32]SILVA, 1980, p.1






[33]LERY, 1980,p. 147-156






[34]ABíblia de Gerusalém. Edições paulinas, São Paulo, 1981.






[35]LERY, 1980, p.53






[36] Sobre esse culto o deputado Jeferson Campos formulou uma
proposta considerando-o como o dia do primeiro culto do Brasil. São leis
no Brasil que tratam dessas datas importantes acerca da nossa História
que contudo são esquecidas por muitos. Tal relatório está disponível em acessado em 23/06/2008






[37]LERY, 1980, p. 53






[38]LERY, 1980, p.61






[39]ALVES, 1982, p.82






[40]Países baixos. O natural também pode ser chamado de batavo ,flamengo. Holanda era apenas uma província.






[41]Para um estudo mais aprofundado sobre a Holanda desse período Ver
‘’ Arte e ciência no Brasil Holandês’ Disponível
em http://www.artenaescola.org.br/imagens/eckhout/12ArteeCiencia.pdf>
Acessado em 28/11/2008






[42]PUNTONI, 1999, p. 163






[43]MOREAU,1979,p. 34-35






[44] Se a historiografia brasileira delega ao século XIX a
verdadeira fixação das igrejas reformadas, eis ai como a chama Pedro
Puntoni. PUNTONI, 1999, p.167






[45] SCHALKWIJK, Francisco Leonardo. Disponível em http://www.mackenzie.br/fileadmin/
Mantenedora/CPAJ/ revista/VOLUME_II__1997__1/indios_evan....pdf Acessado em 28/11/2008.






[46]SCHALKWIJK, Francisco Leonardo. Disponível em http://www.mackenzie.br/fileadmin/
Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_II__1997__1/indios_evan....pdf Acessado em 28/11/2008.






Por antonio narcélio machado portela
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