NAS PEGADAS DO MESTRE JESUS


Participe do fórum, é rápido e fácil

NAS PEGADAS DO MESTRE JESUS
NAS PEGADAS DO MESTRE JESUS
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.
Procurar
 
 

Resultados por:
 


Rechercher Pesquisa avançada

Últimos assuntos
» Comunidade cristã. No Brasil Lucas 16
    A PRESENÇA EVANGÉLICA EM NITERÓI cercada de conflitos e luta em favor do evangelho  primeira igreja evangélica e Congregacional de Niterói Empty1st julho 2023, 3:31 pm por Admin

» Comunidade cristã. No Brasil Lucas 16
    A PRESENÇA EVANGÉLICA EM NITERÓI cercada de conflitos e luta em favor do evangelho  primeira igreja evangélica e Congregacional de Niterói Empty1st julho 2023, 3:30 pm por Admin

» O Destino de todos
    A PRESENÇA EVANGÉLICA EM NITERÓI cercada de conflitos e luta em favor do evangelho  primeira igreja evangélica e Congregacional de Niterói Empty28th agosto 2022, 10:30 pm por Gideões da CCB-Livre

» # está o meu coração Salmos 108:#RCCB#COMUNIDADE CRISTÃ NO BRASIL NOVA CCB
    A PRESENÇA EVANGÉLICA EM NITERÓI cercada de conflitos e luta em favor do evangelho  primeira igreja evangélica e Congregacional de Niterói Empty13th junho 2022, 6:35 pm por Lourival soldado cristão

» #rccb #rccb 1 Pedro 5 1 Aos presbíteros#Radio Comunidade cristã no Brasil
    A PRESENÇA EVANGÉLICA EM NITERÓI cercada de conflitos e luta em favor do evangelho  primeira igreja evangélica e Congregacional de Niterói Empty12th junho 2022, 6:51 pm por Lourival soldado cristão

» Poque Deus não tem prazer na morte
    A PRESENÇA EVANGÉLICA EM NITERÓI cercada de conflitos e luta em favor do evangelho  primeira igreja evangélica e Congregacional de Niterói Empty11th junho 2022, 9:34 pm por Lourival soldado cristão

» Chame Deus para os seus planos
    A PRESENÇA EVANGÉLICA EM NITERÓI cercada de conflitos e luta em favor do evangelho  primeira igreja evangélica e Congregacional de Niterói Empty11th junho 2022, 1:09 am por Lourival soldado cristão

» A fé vem de ouvir e crer na palavra
    A PRESENÇA EVANGÉLICA EM NITERÓI cercada de conflitos e luta em favor do evangelho  primeira igreja evangélica e Congregacional de Niterói Empty11th junho 2022, 12:38 am por Lourival soldado cristão

» Louvores a Deus
    A PRESENÇA EVANGÉLICA EM NITERÓI cercada de conflitos e luta em favor do evangelho  primeira igreja evangélica e Congregacional de Niterói Empty9th junho 2022, 9:46 pm por Lourival soldado cristão

maio 2024
SegTerQuaQuiSexSábDom
  12345
6789101112
13141516171819
20212223242526
2728293031  

Calendário Calendário

Quem está conectado?
80 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 80 visitantes :: 2 motores de busca

Nenhum

O recorde de usuários online foi de 473 em 30th agosto 2014, 11:05 pm
Social bookmarking

Social bookmarking reddit      

Conservar e compartilhar o endereço de <a href="http://oulorivallan.forumeiros.com/">nas pegadas do mestre JESUS</a> em seu site de social bookmarking

Conservar e compartilhar o endereço de NAS PEGADAS DO MESTRE JESUS em seu site de social bookmarking

Entrar

Esqueci-me da senha

Flux RSS


Yahoo! 
MSN 
AOL 
Netvibes 
Bloglines 


Votação
Estatísticas
Temos 4337 usuários registrados
O último membro registrado é Ismael Jordao Segura

Os nossos membros postaram um total de 30609 mensagens em 13528 assuntos

A PRESENÇA EVANGÉLICA EM NITERÓI cercada de conflitos e luta em favor do evangelho primeira igreja evangélica e Congregacional de Niterói

Ir para baixo

    A PRESENÇA EVANGÉLICA EM NITERÓI cercada de conflitos e luta em favor do evangelho  primeira igreja evangélica e Congregacional de Niterói Empty A PRESENÇA EVANGÉLICA EM NITERÓI cercada de conflitos e luta em favor do evangelho primeira igreja evangélica e Congregacional de Niterói

Mensagem por Lourival soldado cristão 24th setembro 2010, 3:49 pm

    A PRESENÇA EVANGÉLICA EM NITERÓI cercada de conflitos e luta em favor do evangelho  primeira igreja evangélica e Congregacional de Niterói Topo1




A PRESENÇA EVANGÉLICA EM NITERÓI
    A PRESENÇA EVANGÉLICA EM NITERÓI cercada de conflitos e luta em favor do evangelho  primeira igreja evangélica e Congregacional de Niterói Igreja5boa    A PRESENÇA EVANGÉLICA EM NITERÓI cercada de conflitos e luta em favor do evangelho  primeira igreja evangélica e Congregacional de Niterói Barbudo2
A instalação e organização

Os que passam hoje pela rua Visconde do Rio Branco, defronte ao nº 309 e ouvem os sons suaves que escapam do interior da igreja, em geral não sabem que, nos seus primeiros tempos, por ocasião de sua instalação em Niterói, aconteceram cenas dignas de figurar como exemplo de intolerância religiosa.

Só não houve mortes, felizmente.

É o que narramos aqui, mostrando mais uma vez que todo começo é difícil, sobretudo no campo espiritual, e que só a fé, a coragem e a obstinação aliadas à renúncia, conseguem vencer. Foi a lição que o casal Kalley legou aos pósteros, seguidores ou não de sua fé.

Os Kalley chegaram ao Rio de Janeiro em 1855, vindos dos Estados Unidos da América, com o objetivo de tornar conhecida de nossa gente a salvação eterna pelos ensinamentos bíblicos. Encontrando uma população em grande parte devotada ao feiticismo e a idolatria, Roberto Reid Kalley (1809-1888), escocês, médico pela Universidade de Glasgow, e ministro do Evangelho, aprovado em Londres, compositor e professor, e, sua mulher, Sara Poulton Kalley (1825-1907), evangelizadora e pintora, decidiram, sem desfalecimento, dar inicio a gigantesca obra a que se propuseram.

Tinham a vantagem sobre outros missionários aqui aportados, de já falarem nossa língua. Haviam-na aprendido na ilha da Madeira, em missão semelhante. De-pois, tiveram de deixar a ilha, juntamente com as centenas de crentes que de lá saíram entre 1846 e 1848, dada a forte perseguição sofrida, para instalarem-se no Estado de Ilinóis, onde a Constituição americana lhes garantia liberdade de culto e de consciência.

Em solo americano continuaram a trabalhar em meio a seu rebanho madeirense quando, em 1853, foram convidados por carta a vir para o Brasil, a fim de difundirem o Evangelho na Corte e nos arrabaldes.

Muito antes estivera aqui o sacerdote metodista Daniel Parish Kidder (1815-1891), que teve sua obra continuada pelo reverendo presbiteriano James Cooley Fletcher (1823-1901). Este último, havia solicitado á Sociedade Bíblica Americana em Nova Iorque, o envio de dois ou três madeirenses, para ampliação de suas ati-vidades. Houve troca de correspondência durante todo o ano de 1854, até que, em novembro, Kalley aceitou vir, sem, contudo subordinar-se aos métodos adotados por Fletcher e pela Sociedade Bíblica.

Antes de empreenderem a viagem para o Brasil, voltaram à Inglaterra, mas em abril de 1855 deixaram Southamp¬ton, rumo á Guanabara. Do Hotel Pharox pas-saram logo ao dos Estrangeiros, no Catete. Mas, reinando uma epidemia de cólera na cidade (que em julho daquele ano aqui ceifou mais de 4.000 vidas) e já enfren-tando as primeiras dificul¬dades e também para se ambientarem ao meio, hospeda¬ram-se no Hotel Oriental, em Petrópolis, em fins de junho, dificilmente poderiam, como hóspedes de hotel, iniciar suas atividades de médico e missionários e al-guns meses decorridos alugaram, no Quarteirão Suíço, o "Gernheim" (Lar amado), na atual rua Benjamim Constant.

Ali começaram a praticar o culto diário, mas já em agosto haviam inaugurado em outro local, a primeira Escola Dominical, para a instrução bíblica de crianças.

Entrementes, a cólera dizimava o interior da província, Paraíba do Sul e Pe-trópolis pagavam elevado tributo. Nesta última, foi instalada uma enfermaria para coléricos, autorizada pelo Dr. Melo Franco, vice-presidente da Província e sob a orientação médica do Dr. José Tomás da Porciúncula. Kalley, sentindo a calamidade, ofereceu e logo foram acei¬tos os seus serviços médicos à Comissão Sanitária do Município de Estrela, em favor da pobreza.

Na Escola Dominical aumentavam os alunos, notadamente filhos de colonos alemães.

Amainada a epidemia em toda a região, Kalley pôde, em companhia de al-guns recém-chegados refugiados madeiren¬ses, começar sua obra no Rio de Janeiro, alugando "casa para morar e dar culto a Deus", na antiga rua da Boa Vista, hoje Conselheiro Zacarias, n.º 45, no morro da Saúde, e onde foi celebrado o primeiro ofício, em agosto de 1856, estavam presentes dez pessoas.

O local fora mal escolhido, pois incomodava a vizinhança, que se queixava. As aulas de catecismo só recomeçaram na rua do Propósito, n0 52, bem próximo, nu-ma sala de frente de um colégio inglês, de William Pitt e William R. Esher, que aí funcionava.

Os Kalley, em Petrópolis, progrediam em sua missão, e até mesmo adultos eram batizados. As classes dominicais eram dirigidas pela Sra. Kalley, à tarde.

Para auxiliar na tarefa, os Kalley importavam Bíblias, de Londres, traduzidas para o vernáculo, a partir da Vulgata pelo Pe. Antônio Pereira de Figueiredo, vendidas no Rio de Janeiro e em Petrópolis a baixo preço. Logo a imprensa carioca tomou conhecimento, alertando o bispo diocesano, D. Manuel do Monte Rodrigues de Araújo, Conde de Irajá.

O Correio Mercantil de 16/12/1857 divulgou carta anônima apontando o fato e em março de 1858, ano de grave epidemia de febre amarela, a mencionada folha e a Tribuna Catholica, órgão do Instituto Episcopal Religioso, publicaram veemente artigo contra as tais "Bíblias inglesas". Era apenas o início de uma perseguição sem tréguas.

Chegou o ano de 1859, que encontrou Dr. Kalley muito ocupado com seus enfermos em Petrópolis. Entretanto, seus adversários, procurando prejudicar as a-tividades religiosas do casal, decidiram atacá-lo por outro flanco, proibindo-lhe o exercício da Medicina. Em maio desse ano o subdelegado de polícia em Petrópolis, Ricardo Narciso da Fonseca, entre¬gou-Ihe a intimação, apesar de já ter exibido o seu diploma europeu na Delegacia Policial, na véspera. Deixou então de atender a seus doentes, mas continuou a pregação religiosa.

De fato, o Núncio Apostólico, Monsenhor Mariano Palcinelli Antoniacci, através do Governo Imperial, conseguiu que o Presidente da Província, Dr. Inácio Francisco Silveira da Mota, cerceasse as atividades de Kalley. Este, como qui¬sesse continuar a exercer a clínica, teve de submeter-se ao imprescindível exame de habilitação na Escola de Medicina, no Rio de Janeiro: em meados de agosto do mesmo ano apre-sentou-se para as provas na Santa Casa de Misericórdia e a 29 do mês defendeu tese, ficando habilitado a exercer legalmente a profissão de médico no Império do Brasil, daí em diante.

Em fevereiro de 1860, residindo ainda em Petrópolis, adoeceu gravemente. Chegando a notícia aos ouvidos do imperador, este foi visitá-lo; seu estado era tal, porém, que não pode receber o monarca, que repetiu a visita em 6 de março, quando permaneceu quase duas horas ao lado do leito de Kalley. Com isso cessariam as perseguições na cidade serrana.

Mais ou menos na mesma época, obteve no Rio de Janeiro, de três jurisconsultos de nomeada reputação - Drs. José Tomás Nabuco de Araújo, Urbano Sabino Pessoa de Melo e Caetano Alberto Soares - pareceres favoráveis quanto às liberdades de culto e de consciência no país, previstas em nossa Carta Magna. Munido desses documentos o casal Kalley recomeçou com mais fervor suas atividades evangelizadoras.

De fato, dizia a Constituição do Império, em seu Art. 15: "A religião católica e apostólica romana continuará a ser a religião do Império. Todas as outras religiões serão per¬mitidas com seu culto doméstico ou particular, em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior de templo". E, no Art. 179, § 5º, estabelece: 'Ninguém pode ser perseguido por motivo de religião, uma vez que respeite a do Estado e não ofenda a moral pública." Também o Código Penal, em seus artigos n.º 276 e 278, trata do assunto. No Rio de Janeiro seus auxiliares prosseguiam na obra, abrindo um local de pregação na rua da América; foi, porém, atacado por desconhecidos em 19 de ou-tubro de 1860, resultando em detenção de numerosos crentes, logo libertados por ordem do Chefe de Polícia, Dr. Espiridião Elói de Barros Pimentel, com exceção de quatro, que permaneceram presos. Pregando, orando e cantando, acabaram tam-bém sendo soltos.

Enquanto isso o casal Kalley, em Petrópolis, transferiu-se de "Gernheim" para o "Eyrie", casa na antiga rua de Joinville (depois avenida Ipiranga), n.º 1.

Em 1861, mandaram imprimir o primeiro hinário evangélico brasileiro “PSALMOS E HYMNOS PARA O USO DAQUELES QUE AMAO A NOSSO SENHOR JESUS CHRISTO” , na Tipografia Universal na rua dos inválidos. 61-B. Rio de Janeiro.

Em 1862 começaram a estender os trabalhos de evangelização em Niterói, isso por que já residiam parentes de crentes da Corte, tendo sido até celebrados casamentos em suas casas. Mas, já em agosto de 1859, o holandês João Mackeestrom aderira á Igreja Evangélica Fluminense, e Isabel Tans fora recebida no ano seguinte, e depois, houve vários batismos de adultos, todos de Niterói. Havia tam-bém um francês, André Cayret, casado com a brasileira D. Rita da Gama, proprietários de uma casa de negócios em Niterói. Aproximando-se da Igreja, Cayret não somente concordou em guardar os domingos, não mais abrindo sua loja nesses di-as, como, também, ofereceu sua residência, na rua da Conceição, nº 93, para nela receber os crentes, até que se conseguisse local mais apropriado.

Em 8 de outubro de 1863, Kalley foi a Niterói, em visita a um dos membros da sua Igreja, e dirigiram uma reunião espiritual. Formou-se logo um ajuntamento defronte ao prédio e aos brados de '”Bíblia! Bíblia!" interrompendo-se o culto. Prevendo novos problemas o Dr. Kalley obteve do Governo Imperial o reconhecimento de sua condição de ministro do Evangelho, em fins de 1863, ficando, desse modo, autorizado a celebrar casamentos entre cristãos de várias nações, que o elegessem para seu pastor e se reunissem para render culto a Deus, cantando seus louvores, em língua portuguesa.

Talvez fosse esse o principal motivo da perseguição de que foi vítima: o idio-ma. Afinal, a Igreja Episcopal Britânica, fundada em 1820, sediada na rua dos Barbonos (atual Evaristo da Veiga) e a Igreja Evangélica Alemã na rua dos Inválidos, n.º 61, antiga também, ambas no Rio de Janeiro, não enfrentavam problemas tão graves; mas suas atividades eram processadas nos idiomas respectivos e restringiam-se a pessoas dessas nacionalidades.

No Rio de Janeiro a sede da Igreja Evangélica Fluminen¬se passou a ser na travessa das Partilhas, atual rua Costa Ferreira, no Centro e, pouco depois, na la-deira do Barroso. Em julho de 1864 os Kalley saíram de Petrópolis e mudaram-se para lá. A esse tempo crescia cada vez mais o número de crentes em Niterói e cogitava-se de um prédio maior para o culto. Residindo no Rio de Janeiro, tornava-se fácil para os Kalley visitar Niterói com regularidade. Nesta cidade, em 11 de agosto diri-giram nova reunião, a qual compareceram umas cinqüenta pessoas, muitas do lu-gar, entre as quais o Tenente Coronel, Augusto Francisco Caldas, presidente da Câmara Municipal.

As sessões foram-se repetindo, sempre com boa freqüência e às quintas-feiras.

Em 20 de outubro, muitos crentes seguiram para Niterói, onde foram recebidos pelos da cidade em casa do casal Cayret. Kalley dirigiu o culto e estiveram presentes cerca de quarenta pessoas, inclusive um subdelegado de polícia. Uma semana depois, novo culto no sobrado dos Cayret, na rua da Conceição, quando em meio à prédica penetraram no salão vários rapazes, fazendo algazarra e zombaria.

Procurando evitar a repetição do fato, Kalley procurou dias depois o Chefe de Polícia, Dr. João Ladislau JapiAssu de Figueiredo e Melo, em seu gabinete de trabalho, na rua da Praia (atual Visconde do Rio Branco, n.º 309), expondolhe o acontecido e pedindo providências. Mas em 3 de novembro, nova assuada, com assobios, gritarias e pedras ati-radas para dentro da casa, interrom¬pendo o culto. Ao sair, Kalley foi atacado, rece-bendo pancada na cabeça, sem que um policial que se achava perto se preocupasse em protegê-lo.

Novo pedido de providências ao Chefe de Polícia, uma vez que o missionário fora informado que tudo se repetiria na semana seguinte.

Quando no dia 7 de novembro um vendedor de livros religiosos de sua igreja foi insultado em Niterói, Kalley pediu audiência ao Presidente da Província, Dr. Bernardo de Sousa Franco, no sentido de se dar cobro a esse tipo mesquinho de oposição que vinha sofrendo e ao mesmo tempo do descaso da autoridade policial. Recebido pelo Dr. Sousa Franco, empossado no cargo há apenas quatro dias, este pareceu compreender as alegações do sacerdote, que saiu convencido de estar livre de novos aborrecimentos. Por via das dúvidas tornou a Niterói dois dias depois e foi ter com o Chefe de Polícia, que declarou ter conferenciado com Sousa Franco, e o tranqüilizou, afirmando que não haveria o menor incômodo no futuro.

Mas assim não aconteceu. A reunião do dia 10 foi, como as anteriores, na re-sidência dos Cayret. Foi logo notada, entre os fiéis, a presença de dois moços, bem trajados, que nada mais eram do que os cabeças dos motins. Encontrava-se Kalley em meio à cerimônia, quando começaram a espocar foguetes na rua e uma voz dentro da sala gritou que faria “cessar aquele negócio à força de pau". Kalley fez soar seu apito de socorro, e seguiu-se grande confusão, mas o ofício prosseguiu. Terminado o culto, à porta de entrada um ins¬petor de polícia determinou a alguns subordinados que acompanhassem os crentes até a estação das barcas. Seguiram escoltados, tendo atrás de si umas trezentas pessoas sol¬tando foguetes, gritando insultos e ameaças de morte. A custo, conseguiram chegar a bordo.

Nova entrevista com o presidente Sousa Franco, que pareceu surpreso ao tomar conhecimento dos detalhes, mas solicitou a Kalley apresentar-se em seu ga-binete na véspera da próxima reunião.

Em 16 de novembro, o Jornal do Commercio comentou o fato e o Provinciano (jornal niteroiense, de Francisco Rodrigues de Miranda, impresso na rua S. João, 3-A) concluiu seu artigo a respeito com essa frase: "É covardia desacatar-se um estrangeiro inofensivo."

Note-se que nessa época ainda rolava a Questão Christie, e nosso país estava de relações cortadas com a Grã-Bretanha, de modo que os Kalley não podiam esperar auxilio diplomático inglês.

Sabe-se que Kalley procurou Sousa Franco também a 16 de novembro, como combinado, dessa vez em companhia da esposa. Foram muito bem recebidos e logo Sousa Franco pediu-lhe que não admitisse elemento estranho a sala do culto, e que doravante teria à porta uma patrulha policial a protegê-los. Foi uma entrevista demorada e cordial.

Logo a seguir, Kalley enviou a Sousa Franco uma carta, redigida em inglês, através de um portador, que recebeu a incumbência de esperar a resposta com o seguinte teor:



“A Suas Ex.as. os Srs.. Deputados da Assembléia Legislativa Provin-cial - Rio de Janeiro, Rua de S. Lourenço, 25 de Novembro de 1864.

Excelentíssimos Senhores,

É desagradável a todo o particular ser objeto de indagações públicas, quanto à sua nacionalidade, profissão e religião. Vendo, porém, pelos jornais públicos, que isto tem acontecido, a meu respeito, em vossa honrada assembléia, julgo a propósito oferecer-vos uma breve resposta. "Sou súdito de Sua Majestade Britânica: sou médico formado na Universidade de Glas-gow; fiz exame na Escola-Médica da Corte (Rio de janeiro) e fui plenamente aprovado, e sou membro honorário de vários institutos médicos de Londres e de Edinburgh. "Consta-me que se tem afirmado que sou um dos agentes da Sociedade Bíblica de Londres, que tem por objeto a distribuição das Escrituras Sagradas, em todas as línguas do mundo, a um preço tão baixo, que as põe ao alcance de todos os que sabem ler.

Crendo, como eu creio, que o temor de Deus e o conhecimento da sua vontade são o alicerce da honra e da estabilidade de toda a nação tenho em muito apreço os trabalhos daquela sociedade, porém não tenho relação alguma com ela; não sou nem nunca fui missionário de qualquer indivíduo ou associação de indivíduos de qualquer nação. A minha fortuna particular é tão suficiente para os meus misteres, que eu jamais consentiria em servir qualquer pessoa ou sociedade, sob remuneração alguma que me pudessem oferecer. “Tem-se feito questão também da minha religião. Por muitos a-nos, tinha toda a religião por fábula e mentira e, portanto, a desprezava. Desde o tempo, porém, que, pela bondade de Deus, fui levado a examinar e a ficar satisfeito com as provas da autenticidade da Revelação de Deus e a ser convencido do seu grande amor por mim, pecador. O meu desejo agora é que outros o amem também”.

Há mais de vinte anos fui aprovado em Londres, como ministro com-petente do Evangelho de Cristo; e, durante a minha residência no Rio de janeiro, tenho sido eleito ministro de cristãos de varias nações, que se ajun-tam para dar culto a Deus e cantar seus louvores, no idioma português. Doze artigos da crença que professamos acham-se transcritos na folha se-guinte.

No dia 23 de Outubro de 1863, fui reconhecido pelo Governo Imperial como ministro desses cristãos e, portanto, autorizado a celebrar casamen-tos entre eles, como foi anunciado pelos jornais poucos dias depois.

Tenho a honra de ser,
Vosso criado,
Robert R. Kalley"


Entregue a carta, o Presidente recusou-se a dar o recibo pedido, por não es-tar escrita em papel estampilhado. À tarde, em Niterói, presente o casal Kalley, a sala de reuniões estava repleta, e todos muito quietos. Na rua formou-se grande aglomeração (as estimativas divergem entre 400 e 1.000 pessoas). A Sra. Kal¬ley registrou em seu diário: "Hesitamos se seria melhor ficar ou não, aquela noite. An-tes que houvéssemos decidido sobre a alternativa, um homem subiu para persuadir Kalley a con¬fiar na sua proteção... - era o editor (redator) de um pe¬queno Jornal, Fluminense , que à porta arrazoava com o povo". Findo o culto, prossegue o diá-rio: ... "foi terrível a descida da escada, às escuras, para sair à rua, apinhada de exaltados e amotinados. Na rua jogavam areia sobre nossas cabeças e berravam 'vivas' e 'morras'. Perto da ponte de embarque o ombro de Roberto (seu marido) sofreu uma pedrada, e o Sr. Trout teve outra, também. A nossa roda vinham trinta de nossos amigos." Já o Correio Mercantil, do Rio de Janeiro, na edição do dia 19, descreveu a cena assim:


"Foi preciso uma escolta extraordinária para que esse padre pudesse chegar incólume ao embarque, visto que era perse¬guido por um grupo considerável de tur-bulentos, ao som de 'morras' e 'vivas'. Em um país, onde a liberdade de cultos é garantida pela Constituição, é triste que se dêem tais fatos." Também o Diário do Rio de Janeiro abriu espaço para noti¬ciar essas lamentáveis ocorrências.

Pelo Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro, que transcrevia verbo ad verbum as sessões da Assembléia Provincial, pode-se acompanhar os acontecimentos e as opiniões dos deputados fluminenses, liberais e conservadores, a respeito do rumoroso caso. Sob a presidência do Deputado Alves Machado, discutiram e esmiuçaram todos os aspectos da questão Lino da Costa, José Herédia, Marinho da Cunha, Pinheiro Guimarães e sobretudo os Drs. Augusto José de Castro e Silva e José Tito Nabuco de Araújo. Os representantes do povo não só se insurgiam contra o que pregavam os Kalley, mas aborrecia-os, sobretudo ter-lhes sida dada proteção pelos soldados da Força Policial da Província. Kalley, sempre atento, mandou imediatamente imprimir uma carta aberta, distribuída generosamente entre os deputa-dos e pessoas gradas em geral, explicando quem era e quais os seus propósitos. Conhecendo o português, mas não dominando o idioma, socorria-se dos conhecimentos do amigo José Luís de Malafaia, que corrigia o vernáculo de seus textos, sem modificar-lhes a doutrina.

O assunto começou a ocupar o plenário a partir da sessão do dia 21 de no-vembro (publicada no J. do Commercio. em 26-11) e se estendeu por semanas. Talvez em conseqüência dos debates na Assembléia, chegou aos ouvidos do missio¬nário o boato de que não seria guardada a porta da casa dos Cayret na noite de 24 de novembro, ao contrário do que prometera Sousa Franco. Em vista disso, o casal de missionários não compareceu e foi dirigido o culto por João Severo de Carvalho. Escaparam, assim, os Kalley de uma noite turbulenta, agitadíssima, quando as autoridades agiram com vigor, empregando cavalaria e tropas para conter e espalhar o povo, prendendo vários desordeiros na ocasião.

Na Assembléia Provincial o Deputado Castro e Silva retirou o seu requerimento em que dias antes pedira informações sobre residência, nacionalidade e religião do Dr. Kalley e quais as providências que tem sido tomadas pelas autoridades da Capital (Niterói) no intuito de acabar com essas reuniões, em que se pregam doutrinas contrárias à religião do Estado, que nos termos da nossa legislação são verdadei¬ros ajuntamentos ilícitos, etc. etc.", por outro, de autoria do Dr. Nabuco de Araújo, e que em seu conteúdo nos revela, oficialmente, a que medidas extremas o Executivo recorreu. Eis o trecho inicial: "Requeiro que esta Assembléia exija do Go-verno as seguintes informações: 1º - Quais as razões de alto interesse público que deram lugar a que a população de Niterói, com expressiva violação do art. 179 da Constituição do Império e art.. 180 do código Penal e sem se darem às hipóteses dos art.. 285 do mesmo Código e 129 do Regulamento de 31-1-1842 ,fosse, no dia 24 do corrente, atacada e dispersada por toda a Força Policial da Capital, tendo à sua frente o Chefe de Polícia, carregando a mesma Força sobre o povo, de espadas desembainhadas, e efetuando-se prisões, sem observância dos art. 131 do Código do Processo e 114 do Regulamento de 31-1-1841. 2º - Cópia da ordem que deter-minou tão injustificável procedimento e por quem foi ela expedida" etc. etc. Outro deputado, Lino da Costa, confirmava, relatando que a rua da Conceição fora arvo-rada em praça d'armas, onde se ouviam as expressões "Mata! Faz fogo! Corta cabeças!"


Kalley, tendo sabido das providências tomadas por Sou¬sa Franco, agradeceu-lhe por carta no dia 26, e a 28 procurou-o pessoalmente.

No dia 2 de dezembro foi tomada no Rio de Janeiro uma decisão sábia, que em grande parte contribuiu para que cessassem as hostilidades em Niterói. Resolveu-se realizar os cultos nas tardes de domingo, das 4 ás 6 horas, em vez de às quintas-feiras à noite, e o primeiro foi celebrado no dia 4 daquele mês.

Na Assembléia Provincial pouco a pouco as opiniões foram arrefecendo e se dividindo, tendo sido o Deputado Dr. Pinheiro Guimarães o primeiro a tomar a defe-sa de Kalley, apoiando-se nos artigos de nossa Constituição; além do mais, iam chegando as festas natalinas e o recesso parlamentar, e o assunto foi esquecido.

Para a Igreja Católica, porém, a presença de uma nova seita a disputar-lhe o rebanho, a Igreja Evangélica Fluminense era um permanente argueiro nos olhos. Por isso, continuamente, nas tribunas, nos jornais, nos púlpitos e onde mais possível fosse, atacava-se essa instituição evangélica. Ainda em 1869, sete anos antes dos Kalley deixarem o Brasil, quando um casamento realizado em Niterói pelo Pastor Ricardo Holden foi noticiado no Diário do Rio de Janeiro, imediatamente resultou em artigo altamente ofensivo nas pági¬nas do periódico carioca O Apóstolo.

Deixando a rua da Conceição, foi o salão de reuniões sucessivamente transfe-rido para a rua do Imperador (hoje Marechal Deodoro), rua Visconde de Itaboraí, n.º 65, rua das Chagas (atual Marquês de Caxias), e, finalmente, rua Visconde do Rio Branco, a partir de 28 de outubro de 1890, na casa nº 141, de propriedade de José Luís Fernandes Braga, que a cedeu gratuitamente à Igreja Evangélica Fluminense, como Casa de Oração, até que a igreja pudesse levantar a própria. Reunindo meios pôde, afinal, ser construído o templo no terreno ao lado, n.º 143 (ho-je n.º 309).

Tendo a Igreja Evangélica Fluminense concedido, em 17 de março de 1899 autonomia às Congregações de Niterói e Passa Três, houve em Niterói, em 6 de abril de 1899 uma assembléia solene, para organização da Congregação em igreja local. Ficaram atuando, como pastor o Rev. Leônidas da Silva, como presbítero, Antônio Vieira de Andrade, e, José Joaquim Vieira Rodrigues, como diácono. Na mes-ma ocasião compunha-se de 36 membros, então transferidos da igreja-mãe (Igreja Evangélica Fluminense). Os primeiros estatutos da novel Igreja Evangélica de Niterói foram publicados no Jornal do Commércio, do Rio de Janeiro, em 1/12/1900.


Sara Poulton Kalley

Voltar








Seminário Teológico http://primeiraiecn.com.br/historia3.html?canal=canal2&opcao=historico&id=4    A PRESENÇA EVANGÉLICA EM NITERÓI cercada de conflitos e luta em favor do evangelho  primeira igreja evangélica e Congregacional de Niterói Sara
Lourival soldado cristão
Lourival soldado cristão

Mensagens : 11341
Pontos : 25169
Data de inscrição : 23/12/2009
Idade : 66
Localização : Sao paulo

http://ccbsemcensurasnaspeg.forumeiros.com/

Ir para o topo Ir para baixo

Ir para o topo

- Tópicos semelhantes

 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos