Os ATEUS definem a CCB: "Manual para entender os crentes"

"comentei a somatória das dispersões teológicas, doutrinárias, de usos e costumes e outras que conflitam entre si as miríades de denominações crentes. Esta dispersão é contida por forças de coesão que estabelecem um equilíbrio dinâmico neste sistema de crenças, fixando-o dentro de fronteiras móveis identificáveis.

Sem estas forças de coesão, as potencialmente infinitas vertentes derivadas das potencialmente infinitas interpretações bíblicas via sola scriptura se dispersariam ao infinito, até tornar-se cada qual astro solitário em constelação religiosa de uma estrela só.

Ateus, agnósticos ou céticos que lerem a analogia acima podem imaginar que o crente individual é uma partícula perdida em uma tempestade de forças doutrinárias antagônicas.

Já o crente individual que faça a mesma leitura muito possivelmente não enxergará no texto qualquer nexo com seu cotidiano religioso, sobre o qual dirá que se assenta solidamente na Palavra e no Espírito, atribuindo minhas observações à falta de discernimento espiritual.

Esta condição aparentemente contraditória pode ser mais bem entendida pela observação de que muitos crentes têm uma idéia um tanto exclusivista do cristianismo, atendo-se às restrições de Mateus de que muitos serão os chamados e poucos os escolhidos para cruzar a porta estreita da salvação.

Como os crentes, claro, se consideram entre estes poucos (ou estes poucos), tendem a se ver como um grupo necessariamente minoritário, mesmo que os cristãos do mundo se contem aos bilhões e os protestantes às centenas de milhões.

No extremo desta visão exclusivista estão denominações ultraconservadoras, como a Congregação Cristã do Brasil, que pregam que seus membros serão os únicos salvos e todos os demais, inclusive o restante dos crentes, terão que se conformar com a porta larga.

Este restante dos crentes, por sua vez, considera absurda a doutrina de que os únicos salvos serão crentes de denominações específicas e todos os demais irão para o inferno, por contrariar a doutrina aceita de que os únicos salvos serão crentes das denominações em geral e todos os demais irão para o inferno.

Se os crentes se vêem naturalmente como membros da exclusiva minoria dos salvos, também é natural que quanto mais a miríade de denominações se fragmenta em unidades doutrinárias ainda menores, os membros destas passem a se ver como parte de um grupo ainda mais minoritário e exclusivo, o que na interpretação de alguns pode ser uma garantia a mais de que se incluem entre os poucos prometidos para a salvação.

Assim, a dispersão dos crentes pode parecer ao observador externo um fator de desagregação da comunidade, o que é verdade, mas atua também com efeito contrário, tanto por fortalecer o pertencimento a uma sociedade exclusiva, quanto por oferecer ao crente a miríade de opções denominacionais que lhe permite escolher a que melhor satisfaz suas expectativas, sem deixar de se considerar um crente.

Este fenômeno do trânsito interdenominacional está no centro da dinâmica de captação e retenção de fiéis que promoveu a explosão pentecostal no Brasil desde a década de oitenta do século passado.

A explosão pentecostal se constituiu de uma migração de católicos romanos para denominações crentes, em contínuo fluxo no qual as perdas católicas não eram repostas por evadidos arrependidos ou crentes desiludidos.

Este sentido de mão única na migração religiosa no Brasil se deve, dentre outros fatores, ao fato de que católicos insatisfeitos procuravam outra religião, quase sempre a igreja evangélica mais próxima, mas o crente insatisfeito com sua denominação migra para outra denominação crente e sempre haverá uma dentre a miríade que atenda suas expectativas até que alguma outra as atenda melhor.

Nota: Esta característica de fluxo de fiéis católicos para denominações evangélicas sofreu alterações na última década, com o crescimento do movimento Renovação Carismática Católica, vertente com ritos e práticas similares aos pentecostais, que ofereceu aos recalcitrantes a possibilidade de se tornarem crentes no formato, mantendo-se católicos romanos no conteúdo e/ou vice-versa.

Nestes périplos denominacionais o crente pode transitar nos sentidos de ida e volta entre arminianismo e calvinismo, fundamentalismo e liberalismo, pentecostalismo ou neo, protestantismo histórico e protestantismo independente, conservadorismo e modernismo, etc, em um ciclo sem fim cujo provável único ponto comum em todas as paradas é um cristianismo de rejeição, em maior ou menor grau, ao catolicismo romano.

Nestas migrações, o crente individual dilui e sincretiza convicções doutrinárias no amálgama das experiências religiosas pessoais acumuladas.

Assim, é no crente individual que reside a unidade descoberta na diversidade, a convergência para identidade comum que permite entender os crentes."

Realmente Cristo não está dividido.

Outrossim, ele é real.

Pecam portanto o ateu...e também o religioso.

O primeiro —peca— porque não tem fé:

" Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo; Ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso; Alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas. " 1 Pedro 1- 7 a 8


O segundo —peca— porque despreza a unidade divina:

" Eu lhes tenho dado a glória que tu me tens dado, para que sejam um como nós somos um; eu neles e tu em mim, para que sejam aperfeiçoados em um; e para que o mundo conheça que tu me enviaste e que tu os amaste, como também amaste a mim. " João 17- 22 e 23