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Usos e Costumes - Uma visão geral
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Usos e Costumes - Uma visão geral
“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, pois dele procedem as saídas da vida” (Provérbios 4:23).
A questão dos usos e costumes é, em muitas denominações evangélicas, tema de intensa discussão e discórdia. É (ou pelo menos era até alguns anos atrás) uma das questões extra-bíblicas mais polêmicas nesse meio. O objetivo deste texto será mostrar, com todo respeito às “igrejas” que seguem tais práticas, que essas normas não apresentam respaldo bíblico e que a adoção ou não das mesmas é uma escolha exclusivamente humana.
Costume
cos.tu.me
sm (lat vulg *consuetumine) 1 Prática antiga e geral; uso. 2 Jurisprudência não escrita, baseada no uso. 3 Hábito. sm pl 1 Comportamento, procedimento. 2 Regras ou práticas que se observam nos diferentes países. (Dicionário Michaelis).
cos.tu.me
sm (lat vulg *consuetumine) 1 Prática antiga e geral; uso. 2 Jurisprudência não escrita, baseada no uso. 3 Hábito. sm pl 1 Comportamento, procedimento. 2 Regras ou práticas que se observam nos diferentes países. (Dicionário Michaelis).
A definição acima mostra algumas características dos costumes. Primeiramente, são tradições não escritase baseadas no uso, ou seja, na adoção de certas práticas pelas pessoas. A partir daí já podemos concluir que a bíblia (que é um registro escrito) jamais poderia defendê-las. Há ainda outras definições, como: “Regras ou práticas nos diferentes países”. Dessa forma, observamos que os costumes variam nas diferentes regiões e, como estão associados à cultura de um povo, são diferentes também em diferentes épocas. Ao contrário, a doutrina bíblica é imutável e universal.
Cultura
cul.tu.ra
sf (lat cultura) 13 Sociol Sistema de idéias, conhecimentos, técnicas e artefatos, de padrões de comportamento e atitudes que caracteriza uma determinada sociedade. 14 Antrop Estado ou estágio do desenvolvimento cultural de um povo ou período, caracterizado pelo conjunto das obras, instalações e objetos criados pelo homem desse povo ou período; conteúdo social.
Doutrina
dou.tri.na
sf (lat doctrina) 1 Ensino que se dá sobre qualquer matéria. 2 Conjunto de princípios em que se baseia um sistema religioso, político ou filosófico. 3 Instrução.
cul.tu.ra
sf (lat cultura) 13 Sociol Sistema de idéias, conhecimentos, técnicas e artefatos, de padrões de comportamento e atitudes que caracteriza uma determinada sociedade. 14 Antrop Estado ou estágio do desenvolvimento cultural de um povo ou período, caracterizado pelo conjunto das obras, instalações e objetos criados pelo homem desse povo ou período; conteúdo social.
Doutrina
dou.tri.na
sf (lat doctrina) 1 Ensino que se dá sobre qualquer matéria. 2 Conjunto de princípios em que se baseia um sistema religioso, político ou filosófico. 3 Instrução.
Uma doutrina pode ser classificada em um dos 3 grupos: satânica, divina e humana. Como Satanás não tem nada a ver com esse assunto, nem discutirei essa classe; também não é uma questão divina, pois jamais alguém encontrou na bíblia esse tipo de instrução (a única recomendação do Evangelho, a esse respeito foi: "as mulheres devem usar roupas decentes e se enfeitar com modéstia, sem achar que a boa aparência é o adorno da serva de Deus" - I Timóteo 2:9,10). Para os homens, nenhuma ordem específica. Portanto, os “usos e costumes” são doutrinas puramente humanas. Para quem ainda não se convenceu, vamos refletir um pouco mais.
Se houvesse uma troca de roupas entre habitantes das regiões polares e tropicais da Terra, por exemplo, ambos teriam sérios problemas de saúde. Haveria um distúrbio metabólico, provocado pela alteração da temperatura corporal, que levaria muitos à morte. Então surge a questão: o Senhor impõe normas (costumes) diferentes para os vários povos? Haveria uma vontade de Deus para os asiáticos, outra para os africanos e uma terceira para os americanos? Claro que não! A Palavra de Deus é a mesma para todo o mundo. Se usar determinado tipo de roupa for pecado em determinado local, será pecado em qualquer lugar. O conceito de pecado não é diferente no Brasil, na Sibéria e no deserto do Saara. A partir do momento em que
percebemos que é impossível uma mulher usar uma saia no norte da Europa no inverno, notamos que não poderia ser uma norma divina. Se assim fosse, caberia a ela a escolha: ou desobedeceria a Deus ou teria suas pernas amputadas, devido ao congelamento.
percebemos que é impossível uma mulher usar uma saia no norte da Europa no inverno, notamos que não poderia ser uma norma divina. Se assim fosse, caberia a ela a escolha: ou desobedeceria a Deus ou teria suas pernas amputadas, devido ao congelamento.
Lendo a bíblia, chegamos à conclusão que Deus não aprova a poligamia, por exemplo, mesmo que alguns povos tenham essa tradição. A vontade de Deus é a mesma para todos os povos e é independente dos costumes locais. Deus não condena tradições, desde que não sejam incompatíveis com Sua vontade. Jesus censurava os fariseus, pois eles davam mais importância aos seus costumes do que à Palavra de Deus. O mesmo acontece hoje em alguns locais. Algumas igrejas dão mais importância à aparência do que ao ensino da sã doutrina. As pessoas são consideradas santas quando seguem determinado padrão de roupas e acessórios. Mas a Bíblia sempre afirmou que Deus não se importa com a aparência (Mateus 22:16; Lucas 20:21; II Coríntios 10:7; I Samuel 16:7) e sim, com o coração do homem.
Mas por que existem essas restrições em muitas igrejas brasileiras? São vários os motivos, dentre os quais se destaca o seguinte: Analisando as origens das primeiras igrejas pentecostais no Brasil, percebemos que surgiram nas regiões Norte/Nordeste."E quem viveu no interior do Nordeste, nos anos de 40-60, percebe que a beata católica tinha como características não se pintar, usar cabelos longos presos e roupas longas. Tal costume, então, ... é, na verdade, uma absorção da cultura católica popular, que depois se tornou doutrina."(CAVALCANTI, p. 145, 2000). Soma-se a isto o fato de que os missionários suecos que aqui chegaram eram extremamente rígidos (enquanto os norte-americanos eram mais "liberais") em relação a essas coisas.
Vou citar agora alguns exemplos fictícios: Deus ficaria satisfeito que um servo Seu fosse motivo de piadas e gozações sem necessidade? Ele gostaria de ver Sua serva com baixa autoestima quando olhasse no espelho e soubesse que não poderia fazer nada para melhorar a aparência? É obvio que não. Será que cuidar um pouco de si é afrontar a Deus?
Convido o leitor a analisar o capítulo 2 da Epístola aos Colossenses. Tendo em mente o que é doutrina humana e verdadeira doutrina (doutrina de Cristo), ficará tudo esclarecido após a leitura atenciosa desse texto. Vou destacar alguns versículos:
Col 2:8 – Pessoas escravizadas por tradições humanas, independentemente de quais sejam.
Col 2:11 – A verdadeira marca de Deus não é algo em nosso corpo e sim, algo que muda nossa vida, nossos atos. É produzir os frutos do Espírito relatados em Gálatas 5:22-24.
Col 2:16 e 17 – Não julgar ninguém com base na lei mosaica, como fazem alguns que usam o famoso "não haverá traje de homem na mulher..." (Deuteronômio 22:5).
Col 2: 20 a 23 – Paulo chega a criticar a sujeição aos preceitos e aos ensinamentos de homens (entenda como “usos e costumes”), pois não tem nenhum valor espiritual. Apenas atuam na carne!
Assim, fica claro que os “usos e costumes” não são explicitamente condenados no Evangelho (embora tenhamos visto que não possuem nenhum valor – apenas criam confusões), mas são no mínimo extra-bíblicos. A adoção dessas práticas não são recomendadas, mas não são proibidas e se forem feitas com sinceridade (e não como forma de se achar mais santo que os demais), não influenciarão na salvação de ninguém, já que a mesma se dá pela nossa fé (Efésios 2:. Se um padrão de aparência nos levasse ao céu, todos saberiam quem seria salvo. Além disso, Cristo não precisaria morrer por nós, pois a lei era cheia de tradições e seria capaz de nos salvar. Entendo também que as tradições não terão nenhuma relação com galardão, por dois motivos: o galardão é dado a cada um segundo as suas obras (Mateus 16:27), e será que cuidar (ou deixar de cuidar) da própria aparência é uma obra? Obra é um reflexo da fé no Evangelho e o que tem a ver a mensagem de Cristo com usos e costumes? Em segundo lugar, se houvesse recompensa no céu para tradições humanas, Paulo e o próprio Jesus não criticariam tanto esses costumes (como aconteceu no caso dos fariseus).
A meu ver, com todo o respeito aos "pais" de muitas denominações, a Palavra de Deus foi distorcida devido a um zelo injustificado. Na busca incessante de fazer a vontade do Pai, cometeram exageros que, se beneficiaram a obra no início, trouxeram um grande prejuízo décadas depois. Alguns alegavam que existia respaldo bíblico e, por ignorância ou pelo não questionamento por parte dos fiéis, esses costumes foram passados como mandamentos de Deus. Quantas pessoas foram excluídas da “igreja” por desobediência a tais exigências? Poderíamos ter evitado muitos conflitos entre “igrejas”, menos divisões e, consequentemente, menos escândalos entre os chamados cristãos.
Vale dizer que mais pessoas no mundo criticam e zombam desse “uniforme” adotado por algumas denominações, do que o admiram. Infelizmente, deixamos de ganhar muitas almas e acabamos dizendo para o mundo que o Evangelho de Jesus é aparência, é não questionar o líder, é promessa de bênçãos e é barulho.
Vale dizer que mais pessoas no mundo criticam e zombam desse “uniforme” adotado por algumas denominações, do que o admiram. Infelizmente, deixamos de ganhar muitas almas e acabamos dizendo para o mundo que o Evangelho de Jesus é aparência, é não questionar o líder, é promessa de bênçãos e é barulho.
Não podemos "endeusar" as pessoas, como muitos fazem com os líderes religiosos... Todos somos humanos e erramos. Não é porque “homens de Deus” adotaram essas medidas no passado, que são boas. Talvez não prejudicaram tanto na época, pois era um costume do próprio país, independentemente da religião. Mas como vimos, o tempo passa e as coisas mudam. Perceba que até essas exigências, que eram muito maiores antigamente, tornaram-se mais leves. Mas se era pecado, por que deixou de ser? Devemos rever alguns conceitos e fazer o melhor para anunciar o puro Evangelho. Então, será que seria melhor, hoje em dia, de uma hora para outra todas as “igrejas” abandonarem os "usos e costumes"? A resposta é: Não! Como há décadas essas medidas foram ensinadas em várias denominações, geralmente como se fossem verdades bíblicas, percebemos que até hoje muitos irmãos defendem a existência desses costumes para os cristãos. Portanto, retirá-los abruptamente causaria o descontentamento desses fiéis e muitos deles poderiam se desviar dos caminhos do Senhor por causa de uma questão que nem deveria ter surgido algum dia. Devemos usar a sabedoria e respeitar esses irmãos. Paulo disse que se meu irmão se escandaliza pelo fato de eu comer carne, deixarei de comer (I Coríntios 8: 13). Ou seja, essas pessoas deveriam ser primeiramente expostas ao Evangelho puro e simples, para entenderem o que é ensino de Cristo e o que é religiosidade. Depois disso é que poderíamos pensar em cessar essa tradição, pois se queimarmos etapas, feriremos a consciência desses irmãos que estão presos na algema de um espírito religioso "farisaico".
Para as pessoas que concordam com a adoção dos usos e costumes, digo o seguinte: Não seja um cristão cego biblicamente. Se vai seguir ou não essas tradições, sua consciência que deve lhe dizer, porém, saiba defender sua escolha de usar ou não alguma roupa ou adereço. "Porque o pastor manda", "porque aprendi assim" ou "porque ‘minha igreja’ começou dessa maneira" não são argumentos. Saiba justificar com inteligência. Não pegue versículos isolados da bíblia para defender um ponto de vista. Analise o contexto, entenda o que Deus quer para cada um de nós. Saiba a diferença entre religião e Evangelho. Não queira condenar as pessoas que não pensam como você e jamais se julgue mais santo que alguém porque se priva de algumas coisas. Como disse o pastor Marco Feliciano (aqui criticamos heresias ditas por qualquer pessoa, mas também elogiamos ou citamos sem problemas quando essas mesmas pessoas falam algo coerente com o Evangelho) em uma de suas mensagens: "se quiser adotar essas tradições, faça por amor a Deus e não por causa da ordem do seu pastor. Assim você terá convicção do que faz". O que não pode existir é rebeldia, pois o verdadeiro cristão não age assim. Como não é uma questão que invalida o Evangelho (desde que fique claro que esses costumes são apenas uma forma de organização de certo grupo e não, um ensinamento bíblico), não precisa contrariar o seu líder. Tente falar com ele e justificar o seu ponto de vista. Se não for possível ou se não der resultado, procure estar em comunhão com outros irmãos que pensam como você. Lembre-se que a nossa salvação é pela Graça, por meio da fé. Não há nada que possamos fazer para alcançar a salvação. Somente o Evangelho nos leva ao céu. O resto, como o próprio nome diz, “é resto”!
Para as pessoas que concordam com a adoção dos usos e costumes, digo o seguinte: Não seja um cristão cego biblicamente. Se vai seguir ou não essas tradições, sua consciência que deve lhe dizer, porém, saiba defender sua escolha de usar ou não alguma roupa ou adereço. "Porque o pastor manda", "porque aprendi assim" ou "porque ‘minha igreja’ começou dessa maneira" não são argumentos. Saiba justificar com inteligência. Não pegue versículos isolados da bíblia para defender um ponto de vista. Analise o contexto, entenda o que Deus quer para cada um de nós. Saiba a diferença entre religião e Evangelho. Não queira condenar as pessoas que não pensam como você e jamais se julgue mais santo que alguém porque se priva de algumas coisas. Como disse o pastor Marco Feliciano (aqui criticamos heresias ditas por qualquer pessoa, mas também elogiamos ou citamos sem problemas quando essas mesmas pessoas falam algo coerente com o Evangelho) em uma de suas mensagens: "se quiser adotar essas tradições, faça por amor a Deus e não por causa da ordem do seu pastor. Assim você terá convicção do que faz". O que não pode existir é rebeldia, pois o verdadeiro cristão não age assim. Como não é uma questão que invalida o Evangelho (desde que fique claro que esses costumes são apenas uma forma de organização de certo grupo e não, um ensinamento bíblico), não precisa contrariar o seu líder. Tente falar com ele e justificar o seu ponto de vista. Se não for possível ou se não der resultado, procure estar em comunhão com outros irmãos que pensam como você. Lembre-se que a nossa salvação é pela Graça, por meio da fé. Não há nada que possamos fazer para alcançar a salvação. Somente o Evangelho nos leva ao céu. O resto, como o próprio nome diz, “é resto”!
"Todo aquele que avança (ultrapassa os limites do ensino apostólico) e não persevera na doutrina de Cristo não tem a Deus; quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto o Pai como o Filho."
(II João 1:9).
Autor: Wésley de Sousa CâmaraDoutrina, usos e costumes
[size=30]Doutrina, usos e costumes[/size]
Por Gutierres Siqueira
O tema “usos e costumes” é uma velha questão nos círculos pentecostais. A tradição faz parte de todas as instituições e sociedades. Assim, é correto afirmar que todas as igrejas têm os seus costumes, impostos ou espontâneos, mas igualmente estabelecidos. Por muito tempo se confundiu costumes com doutrina, mas há diferenças significativas entre esses dois conceitos.
O que é costume? O lexicógrafo Aurélio Buarque de Holanda definiu costume como “uso, hábito ou prática geralmente observada” [1]. O dicionarista Adriano da Gama Cury definiu, de maneira mais completa, a palavra costume como “uso, prática habitual; modo de proceder; característica, particularidade; prática jurídica ou religiosa não escrita, baseada no uso; moda; traje característico ou adequado...” [2]. Essas definições mostram que o costume é um hábito repetidamente adotado por um determinado grupo social. Os costumes fazem parte da identidade de uma instituição.
O que é doutrina? No Novo Testamento a palavra mais usada para doutrina é didache e significa ensino, instrução, tratado ou doutrina. Segundo o teólogo Claudionor Corrêa de Andrade, doutrina é a “exposição sistemática e lógica das verdades extraídas da Bíblia, visando o aperfeiçoamento espiritual do crente” [3]. Doutrina, portanto, é o resultado do um ensino teológico, adotado por uma denominação ou religião.
O pastor Antonio Gilberto apresentou em seu livro Manual da Escola Dominical [4], algumas diferenças entre usos e costumes, e neste artigo será apresentada outras diferenças, além da lista exposta pelo teólogo pentecostal.
a) A doutrina é de origem divina, o costume é de origem humana. A doutrina é divina pois está baseada na inspirada Palavra de Deus. Para uma ideia ser doutrina bíblica é preciso que ela esteja exposta por todo o texto sagrado. Nunca uma verdadeira doutrina é baseada em textos isolados.
O costume é imposto por convenções humanas de maneira espontânea ou obrigatória, sendo assim, o costume é humano. Há muitos que tentam achar textos bíblicos para justificar a perpetuação de sua tradição, mas normalmente praticam a eisegese [5], ou seja, dizem o que bem querem e tentam justificar na Bíblia. O teólogo Esdras Costa Bentho, escrevendo sobre a eisegese, disse:
O intérprete está cônscio de que a interpretação por ele asseverada não está condizente com o texto, ou então está inconsciente quanto aos objetivos do autor ou do propósito da obra. Entretanto, voluntária ou involuntariamente, manipula o texto a fim de que sua loquacidade possa ser aceita como princípio escriturístico. [6]
Tentar justificar na Bíblia as tradições é uma tarefa que tem levado a muitas distorções bíblicas. O melhor é reconhecer a humanidade do costume.
b) A doutrina é imutável, o costume muda. A doutrina é permanente, ela nunca muda. A doutrina da “justificação pela fé”, exposta principalmente nos primeiros capítulos de Romanos, nunca mudou e nem deve ser mudada. Doutrina (bíblica) mudada é heresia. Quando Lutero resgatou a doutrina da justificação pela fé, ele orientou a igreja a voltar na perspectiva bíblica sobre o assunto. São passados mais de dois mil anos e essa doutrina nunca mudou no verdadeiro cristianismo.
O costume não é imutável. No Brasil era comum os cidadãos andarem pelas ruas de chapéus, tanto homens como mulheres, passados os anos não há mais esse costume no país. Antigamente, os pais escolhiam com quem a sua filha casaria, mas também esse costume mudou. É necessário que o costume mude, pois ele está ligado à cultura local, e toda cultura é dinâmica. Mudar alguns costumes não significa passar do são para o diabólico, como muitos pregam. A mudança é inevitável e deve ser bem orientada, mas como enfatizado, é sempre necessária. É bem relevante o que o teólogo britânico John Stott escreveu no seu livro Cristianismo Equilibrado [7]:
Quando resistimos a mudanças- sejam elas na igreja ou na sociedade devemos perguntar-nos se são na realidade, as Escrituras que estamos defendendo (como é nosso costume insistir ardorosamente) ou, se ao contrário, é alguma tradição apreciada pelos anciãos eclesiásticos ou de nossa heranças cultural. Isto não quer dizer que todas as tradições, simplesmente por serem tradicionais, devam a qualquer custo ser lançadas fora. Iconoclasmo sem crítica é tão estúpido quanto conservantismo sem crítica, e é algumas vezes mais perigoso. O que estou enfatizando é que nenhuma tradição pode ser investida com uma espécie de imunidade diplomática à examinação. Nenhum privilégio especial pode ser-lhe reivindicado.
Algumas igrejas estão impondo mudança de costumes, isso é um erro, que sempre levará a exageros. Os costumes mudam naturalmente, mas devem seguir orientação para não levar a práticas antibíblicas. As igrejas sem orientação pastoral tem aderido a costumes extravagantes, como bailes funks em meio ao culto. Tudo deve ser feito com equilíbrio, nada de permissividade em excesso e nem de legalismo. A igreja, também, não pode impor "tabus comunais". [leia mais aqui].
c) A doutrina é universal, o costume é local.
A doutrina é universal no sentido que é para todos os povos em todas as culturas. Proclamar Jesus como Salvador faz sentido no Brasil em 2007, como para os indianos que foram evangelizados pelo apóstolo Tomé, o primeiro missionário daquela nação, ainda no primeiro século da Era Cristã.
O costume é local. Os homens na Escócia usam um tipo masculino de saia. No Siri Lanka é, também, costume para homens a vestimenta com saias. Enquanto a saia, na maior parte do Ocidente, é uma roupa exclusivamente feminina. No Brasil é comum comer peixe cozido ou frito, mas no Japão se come peixe-cru.
d) A doutrina santifica, o costume não santifica.
A doutrina bíblica santifica o crente mediante a Palavra de Deus. Jesus disse: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). O ensino da Palavra de Deus, ou seja, das doutrinas bíblicas, é um dos meios que Deus usa para levar o crente a uma vida reta, assim como escreveu o salmista: “Como purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra”(Sl 119.9). John Henry Jowett disse: “Você não pode abandonar os grandes temas doutrinários e ainda assim produzir grandes santos”. O pastor A. W. Tozer escreveu: “O propósito que está por trás de toda doutrina é garantir a ação moral”. Por isso, é bom lembrar que a doutrina bíblica produz, naturalmente, bons costumes.
O costume não pode santificar. Quem acredita na santificação por meio dos costumes, normalmente, é um escravo do legalismo. O pastor Antonio Gilberto escreveu a respeito dos erros em relação a santificação e citou o engano de associar exterioridade com santidade: “Usos, práticas e costumes. Esses últimos, quando bons, devem ser o efeito da santificação, e não a causa dela”[8]. E bem relevante o que escreveu o pastor Ciro Zibordi no prefácio do livro Verdades Pentecostais:
Conservar não significa possuir uma falsa santidade, fazendo dos usos e costumes uma causa, e não um efeito. Como pode ser ao longo dessa obra , a observância da sã doutrina leva-nos a ter santidade interna e externa, o que implica vida santa a partir do espírito (1Ts 5.23) e manutenção dos bons costumes. Estes, pois, não devem gerar doutrinas, como vem acontecendo em algumas igrejas não legitimamente avivadas, para prejuízo de seus membros. [9]
O farisaísmo se caracterizava por associar sua obras com salvação. Há muitos que fazem dos costumes “doutrinas” e, assim, pensam que para serem salvos precisam fazer isso ou aquilo. Como dizia Lutero: “As boas obras não fazem o homem bom; mas o homem bom pratica as boas obras”. A inversão dessa ordem cria escravos do farisaísmo e não servos do Altíssimo.
e) A doutrina é um princípio, o costume é um preceito.
Há diferença entre princípio e preceito? Sim. O pastor José Gonçalves escreveu: “Os preceitos apontam para princípios e não o contrário. Um princípio é aquilo que está por trás do preceito ou norma”[10]. Por exemplo, usar uma roupa social em um tribunal é uma norma, um preceito. O princípio ou doutrina por trás dessa norma é que o tribunal é um lugar sério e não ambiente de entretenimento, onde se possa ir de jeans ou short.
f) A doutrina é verdade absoluta, o costume é uma verdade relativa.
A doutrina é sempre verdade absoluta, ou seja, é para todos, em todas as épocas e em todos os lugares. O costume é relativo, como lembra Geremias do Couto:
Ao insistirmos nos absolutos, não queremos afirmar que não haja também conceitos relativos. Essa diversidade se manifesta, por exemplo, nas comidas típicas de cada país, nos estilos da arquitetura, no estilo da vestimenta e até mesmo em relação à hora de dormir, que depende do fuso horário. Mas tais circunstâncias relativas acabam apontando para princípios biológicos absolutos; todos precisam alimentar-se, todos precisam dormir. [11]
O costume, por ser relativo, não deveria ser imposto como obrigação. Era comum missionários europeus tentarem impor os costumes do norte em países da Ásia e da América. Hoje, o conceito de “transculturação” está ajudando muito em relação a esse problema.
Há muitas outras diferenças entre doutrina e costumes, mas fica apontado que ambas não são a mesma coisa, porém estão ligadas. O bons costumes são aqueles que não escravizam o crente, colocando um jugo que Jesus tirou na cruz, mas sim, é resultado da boa doutrina. http://www.teologiapentecostal.com/2007/08/doutrina-usos-e-costumes.html
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