Fiéis espalham cartazes a procura da santa desaparecida

por **Marcia** 2nd abril 2012, 12:28 pm

A Polícia Civil de São Roque (SP) continua investigando o desaparecimento da imagem de Nossa Senhora do Carmo do altar de uma capela na zona rural do município, desaparecida desde o último dia 13.

Santa é roubada em SP.
Ansiosos pela volta da santa, a quem a população atribui milagres, os devotos começaram a espalhar cartazes na tentativa de conseguir informações que levem à estátua. Os cartazes exibem uma foto da santa e telefones para contato.

A imagem ficava no altar da Capela do Quilombo do Carmo, no Bairro do Carmo. No local há indícios de que a imagem foi furtada, mas a polícia ainda não tem pistas de quem teria cometido o crime.

A imagem da santa é reconhecida como patrimônio cultural brasileiro pelo Ministério da Cultura e, por esta razão, possui grande valor entre colecionadores. Por se tratar de um patrimônio nacional, a Polícia Federal também está envolvida nas investigações.

A santa também possui valor histórico. Ela foi encontrada por escravos que moravam naquela região durante o século XVII.

O delegado Roberto BoreliZuzi, chefe da Polícia Federal em Sorocaba (SP), informou em entrevista à TV Tem, afiliada à Rede Globo, que a perícia está focada em localizar vestígios do criminoso.

“Não é qualquer pessoa que tem dinheiro para comprar este tipo de peça, isso torna o comércio restrito, por isso estamos rastreando a compra e a venda deste tipo de imagem”, destacou o delegado.

Alguns dias após o crime, os fiéis encontraram o manto da santa na rua, o que reforça as suspeitas de que a imagem teria sido levada por ladrões de arte sacra. O manto, de confecção recente, não teria valor, por isso foi deixado para trás.

Motivação política

Existe também a suspeita de que o furto da imagem tenha motivação política. Segundo nota divulgada pela Fundação Cultural Palmares, o furto pode ter sido um aviso aos quilombolas para que parem com a luta pelo reconhecimento de seus direitos e desistam da posse das terras que habitam.

O Ministério Público Federal acompanha, desde 1999, a luta da comunidade Quilombo do Carmo para provar que após a assinatura da Lei Áurea, em 1888, receberam da Igreja Católica a doação de uma área de 470 alqueires.

De acordo com os quilombolas, hoje a comunidade ocupa menos de 1% desse território e não existe reconhecimento legal das terras remanescentes.

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