O que Deus fez com Naamã foi um Escândalo!

por **Lourival soldado cristão** 26th março 2014, 11:39 am

[size=10]O que Deus fez com Naamã foi um Escândalo!

A graça de Deus se revelou plenamente em Cristo, mas, mesmo antes da encarnação, ela se fez presente através de toda a Bíblia. A graça é a expressão singular e plena do amor de Deus em todas as eras. Para exemplificar esta graça atual e eterna, elaborei este estudo no qual a graça de Deus é revelada de maneira radical, profunda e total na vida de um homem que estava longe de merecê-la, seu nome: Naamã. Sua história está no livro de II Reis – Capítulo 5.
À primeira vista, Naamã seria a pessoa menos apta a receber algum favor de Deus. Orgulhoso e arrogante o comandante do exército sírio era um homem que não estava disposto a abrir mão de sua autoridade. Era um algoz do povo de Israel, um implacável general que a serviço da Síria havia subjugado muitas outras nações. Naamã era um homem digno de ser severamente castigado. E, aparentemente, ele sofria este castigo. Vemos que o homem que tinha vergado exércitos inimigos padecia de um grande mal: a lepra.
Nada mais natural para a nossa perspectiva religiosa: o comandante do exército que humilhou o povo de Deus tinha que ser duramente castigado pela afronta. A expectativa era que ele padecesse, e muito. Para os padrões religiosos, sem dúvida, a lepra era um castigo apropriado para alguém como Naamã. Naquela época a lepra sofria um estigma incomparavelmente pior que qualquer outra doença na história. Pela ótica religiosa, Podia-se afirmar que Naamã havia recebido o castigo merecido. O juízo de Deus se fazia mais uma vez presente sobre os inimigos de Israel.
No entanto, a vida de Naamã não coaduna com o que se poderia esperar de alguém debaixo de tamanha maldição. A Bíblia nos informa, logo no primeiro versículo da nossa história, que, mesmo sofrendo de um mal tão terrível, Naamã gozava de grande prestígio perante seu rei, posto que, ele era instrumento usado por Deus para dar vitórias militares à Síria. Sim, para surpresa de muitos, vemos que não era apenas por Israel que o Senhor lutava, não era apenas os filhos de Israel que o Senhor abençoava. Deus também estendia sua mão para dar vitória a outros povos e para abençoar outros homens. Naamã era vitorioso porque Deus lhe dava estas vitórias e, o mais espantoso, algumas das vitórias que Deus deu a Naamã foram sobre o Seu povo de escolhido. A graça não é prerrogativa exclusiva de um povo, ela é derramada sobre todos, até de forma surpreendente.
Mesmo sendo portador de uma doença incurável e temida, Naamã era homem dotado de grande conceito perante o seu rei e era um herói reconhecido. Tudo isto graças ao Senhor que batalhava por ele lhe dando vitórias mesmo sem que ele conhecer o Deus que o abençoava e conduzia. É provável até que Naamã pensasse que suas conquistas fossem dádivas dadas por Rimom, o deus da Síria, e até lhe oferecesse sacrifícios de gratidão.
Graça é favor imerecido, e é este favor imerecido que aprove a Deus conceder ao orgulhoso, prepotente e idólatra Naamã. Ele recebeu a graça de Deus. Nada havia feito por ela, nada havia oferecido ou prometido, muito pelo contrário, havia se comprometido com um deus feito por mãos de homens, e a este deus prestava tributo e adoração. Era em Rimom que depositava suas esperanças e anseios. Mas inexplicavelmente Deus era com ele e derramava graça sobre sua vida. É esta inexplicável graça de Deus que nós até hoje não entendemos quando vemos milagres acontecendo em nome de santos católicos, budistas vivendo lares harmoniosos, espíritas gozando de prosperidade. A graça que Deus derrama sobre aqueles que, a nosso ver, deveriam ser sistematicamente menos prósperos, menos saudáveis, menos felizes e menos abençoados do que nós, nos escandaliza. A Graça de Deus é derramada sobre bons e maus, justos e injustos, assim como Jesus nos ensina em Mateus 5:43-48, comparando a graça de Deus como a chuva que cai sobre todos. Cristo nos convoca a sermos graciosos como o Pai para que sejamos filhos Dele. A graça de Deus, o amor que não espera nada em troca, é a Sua essência, e é esta mensagem que vemos na surpreendente história de Naamã.
NÃO HÁ PREÇO A PAGAR
Talvez alguns digam, apesar de ser um herói reconhecido, de gozar de grande prestígio e poder, Naamã era leproso, isto não seria uma prova de que o castigo de Deus estava sobre ele? Mesmo a cura que ele recebeu não exigiu dele o sacrifício de abrir mão do seu orgulho? Alguns podem objetar, com certa razão, que Naamã teve que pagar um preço e receber um castigo antes de alcançar a maior das bênçãos.
Esta interpretação embora lógica à primeira vista, encerra alguns equívocos. Em primeiro lugar, Naamã foi a Israel unicamente pela providência divina, através de uma série de acontecimentos aparentemente improváveis que o conduziram à benção. Assim como nós muitas vezes somos levados docemente pela providência de Deus, até Cristo e dizemos que “aceitamos a Jesus”, do mesmo modo, Naamã foi suavemente conduzido para a sua cura. Foi agraciado por ter em sua casa uma serva de origem israelita e que se compadeceu da doença do seu senhor; foi agraciado por uma esposa preocupada que lhe transmitiu o que ouviu da serva; pelo rei que lhe providenciou o necessário para a sua viagem e foi agraciado quando Eliseu, sabendo do extremo temor do rei de Israel, se apresentou para curá-lo, não pelo desejo de abençoar Naamã, mas para mostrar que “há profeta em Israel”. Isto de forma alguma foi um processo doloroso. Foi, isto sim, mais uma prova da imensurável graça de Deus sobre Naamã.
Em segundo lugar, Naamã levou muitos presentes para retribuir pela sua cura, mas nada lhe foi pedido. A cura de Naamã foi totalmente gratuita, como se Deus quisesse mostrar que Sua benção é gratuita, mesmo para um arrogante general pagão. Notavelmente, a cura de Naamã é um episódio isolado dentro da narrativa bíblica, não há nenhuma referência de qualquer ganho que alguém tenha obtido por causa desta cura. Nem sequer o povo de Israel passou a ter alguma prerrogativa especial depois disto nem se arrefeceu a disposição da Síria contra Israel. Nada foi requerido, nem dado em troca, isto é graça.
Terceiro. A recusa inicial em mergulhar no rio Jordão, foi devido à frustração das expectativas religiosas fetichistas e pagã a que ele estava acostumado, que só entendia o poder de Deus dentro de um ambiente infestado de pirotecnia. Não foi o mergulho no rio Jordão que o incomodou, foi a simplicidade do ato, que de tão prosaico poderia ser feito na Síria mesmo. Lembremo-nos que Naamã saiu de sua terra para Israel porque não havia encontrado esperança de cura junto a seu povo e seu deus, portanto, estava disposto a fazer o que o profeta ordenasse. A trivialidade de ter apenas que dar sete mergulhos no rio é que o tinha deixado desnorteado. Certamente que, se Eliseu fosse pessoalmente com ele até o Jordão, imprecasse fórmulas mágicas em um idioma desconhecido, colocasse-o de joelhos e jogasse sobre ele uma poção supostamente com poderes milagrosos e depois o mandasse dar sete mergulhos no rio, ele o faria sem pestanejar. Esta frustração fica evidente na palavra de seu auxiliar, outra providencial graça de Deus, que questionou: “Se o profeta mandasse o senhor fazer alguma coisa difícil, por acaso, o senhor não faria?”.
Portanto, a recusa inicial de Naamã de mergulhar no rio é reflexo de sua perplexidade ante a simplicidade estonteante da graça de Deus. É como dissesse para si mesmo: “Só isso? Não pode ser verdade!”. E assim é conosco também, muitas vezes a graça nos parece tão escandalosamente simples, que não dá para aceitá-la simplesmente como ela é, precisamos de ordenanças humanas, não queremos um profeta como Eliseu, simples, que não se dá ao trabalho de sequer fazer uma “média”, antes ansiamos alguém que, a exemplo de Geazi, servo infiel de Eliseu, nos dê novas ordenanças e leis, que nos coloque em sujeição, que nos dê o preço a pagar pela benção alcançada.
O MAIOR DOS ESCÂNDALOS
Finalmente, após ser curado Naamã volta ao profeta, agora como um servo voluntário do Deus vivo. Mas, ainda não se tinha esgotado o imensurável estoque de graça que Deus lhe havia reservado. Naamã faz um voto de servir ao Senhor e não adorar mais nenhum outro. Só que havia um problema: Por causa do grande prestígio e confiança que o Rei da Síria depositava nele, Naamã era o encarregado de acompanhar o rei toda vez que ele ia ao templo adorar a Rimom. Como parte de suas atribuições, Naamã era obrigado a se curvar perante a divindade para servir de apoio ao rei. Antes isto era um processo simples, mas agora com nova vida, como conciliar o seu ofício com as exigências da nova fé que havia abraçado?
Devemos salientar que na ótica religiosa dominante ainda hoje, o simples ato de curvar-se perante deuses estranho já é visto como ato terrível perante Deus. Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que preferiram ser condenados à fornalha a curvarem-se perante o ídolo babilônico são considerados exemplos de fidelidade. Jamais se conceberia que um servo do Senhor se dobrasse ante um deus estranho, mas para Naamã até isto foi concedido. Sim, ele poderia curvar-se perante o deus Rimom e isto não lhe seria imputado como pecado. O que importava era que o seu coração. O seu desejo, e a sua fidelidade estavam definitivamente entregues ao Senhor. Nada mais lhe seria exigido. Isto é absoluta graça.
Graça, desconcertante graça. A cura só veio por que Deus providenciou a serva sábia e a esposa dedicada, não fosse assim, Naamã sequer saberia da possibilidade de cura. Só ocorreu porque Eliseu se sentiu atingido em seus brios pelo medo de um rei pusilânime, não fosse assim, Naamã jamais chegaria ao profeta. Nada lhe foi pedido. Nenhum preço foi pago. Não se pode dizer que houve um propósito histórico maior porque, como já foi dito, não há desdobramentos históricos relevantes para esta história. A graça de Deus não tem explicação. Trata-se de um fato isolado, um parêntese, que nos mostra que o agir de Deus sempre foi pela graça; antes de o Verbo se fazer carne, o cordeiro já havia sido morto desde a fundação do mundo. Sempre foi e eternamente será só pela graça.
Graça é este amor incondicional, imerecido, este sacrifício expiatório que é feito sem nada exigir em troca, que é suficiente para todos os que pela fé recebem esta dádiva gratuita. Graça é estar na presença do Pai, entrar com ousadia no Santo dos Santos pelo novo e vivo caminho, não pelo sacrifício de animais, ou por sacrifício pessoal, nem por auto justificação, mas pela justiça do próprio Deus que nos amou e a si mesmo se entregou. Graça é estar liberto dos mandamentos, leis e regras, é viver a simplicidade da fé, é entender que nada fizemos para merecer a dádiva de Deus e que, portanto, nada podemos fazer para perdê-la. Graça é a revelação maior do Deus que se encarna no Cristo que se fez carne, se esvaziou, tomou a forma de servo, e como servo-homem sofreu morte de cruz por amor, amor incondicional.
Esta é a graça que levou a mim e a você, em um processo idêntico, a encontrar a cura da lepra e da morte espiritual que fazia separação entre nós e Deus. Foi esta maravilhosa graça que atingiu Naamã como exemplo do que se realizaria plenamente na plenitude dos tempos através de Cristo Jesus, o Senhor de toda Graça.
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Denilson Torres

Não sou um “super-crente”, sou uma pessoa comum, com conflitos, lutas, dúvidas, anseios e sonhos, que foi transformado por Cristo e a partir daí recebeu de Deus o chamado que não é meu, mas do Espírito que passou a habitar em mim. O que escrevo e publico é fruto deste agir de Deus. Tenho 48 anos, sou casado há vinte e seis anos com a mesma mulher, graças a Deus, e pai de três filhos. Sou pastor da Igreja Batista Missionária Vale de Matatu em Salvador, fui editor do site "Fruto do Espírito" e hoje desenvolvo uma nova proposta no blog "Não Desista" (www.blognaodesista.blogspot.com.br). E-mail para contato pr.denilsontorres@gmail.com
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